Xandy Xandy 16/04/2018
Qual o preço de uma paternidade?
Nada como uma resenha para iniciar a semana, não é mesmo?
Desta vez, escolhi uma obra de John Steinbeck, autor nova-iorquino ganhador do Prêmio Nobel de 1962, que deixou-nos obras magníficas como As Vinhas da Ira, A Leste do Paraíso, A Leste do Éden, e tantas outras.
Nossa história tem início num circo qualquer, mais precisamente numa tenda-vestiário, onde Joe Saul exercitava seus músculos; apesar dos seus cinquenta anos, ainda considerava-se um homem forte e altaneiro; ele descendia de uma longa linhagem circense de acrobatas, assim como sua bela e jovem esposa Mordeen – outra acrobata ágil e desenvolta -, e também Amigo Ed, o palhaço camarada.
Tudo corria bem na vida de Joe Saul, ou melhor, quase tudo, pois ele já fora casado antes e não tivera filhos e agora, após três anos de união com Mordeen, o tão sonhado herdeiro ainda não chegara, o que só fazia aumentar sua angústia diária.
Para piorar ainda mais a situação, ele ainda era obrigado a suportar a arrogância e as insinuações maldosas do jovem e atraente Vitor, que abandonara a escola para realizar o sonho de ser um grande acrobata circense, o que não era bem visto pelos outros funcionários, que alegavam que ele não era um “membro legítimo” de uma verdadeira família circense.
Após mais uma discussão acalorada com o petulante rapaz, Joe Saul corre para o bar, para afogar as mágoas, enquanto Vitor tentava, a todo o custo, seduzir sua bela esposa , sem obter sucesso.
Naquela noite, Mordeen recebeu a visita do Amigo Ed, que conversou com ela a respeito dos avanços do jovem acrobata e também da necessidade que Joel Saul sentia de ser pai; ela então abriu o seu coração, confessando-lhe que tinha certeza que o problema não era dela e sim do marido, já que o mesmo havia tido uma terrível febre reumática na infância.
Amigo Ed disse-lhe então que já suspeitava da infertilidade de Joe Saul há muito tempo e, antes de retirar-se para seus aposentos, o palhaço camarada fez-lhe a seguinte observação:
“Quando os corpos de um homem e uma mulher se encontram no amor, há uma promessa, às vezes enterrada tão fundo em suas células que o pensamento não chega a perceber, uma promessa pungente, de que uma criança possa ser o resultado desse terremoto, desse relâmpago. Mas se um ou o outro sabe, além de qualquer dúvida, que a promessa não se pode consumar, então não existe a perfeição. A coisa passa a ser um simples ato, uma farsa, uma mentira. E bem no fundo se transforma em algo inútil, sem sentido!”
Sozinha e desesperada, Mordeen pensa na única maneira de engravidar e fazer seu marido feliz… mesmo que para isto tenha que pagar com a sua própria felicidade!!!
O resto, só lendo muito!
Ao término da leitura, uma reflexão sobre a paternidade fica bem explícita: não interessa nossa linhagem e sim o conhecimento que passamos adiante, seja aos nossos filhos consanguíneos ou adotivos!
Digno de 3 estrelas.
site: https://lendomuito.wordpress.com/2018/04/16/o-filho-desejado-john-steinbeck/