A gente se acostuma com o fim do mundo

A gente se acostuma com o fim do mundo Martin Page




Resenhas - A Gente se Acostuma com o Fim do Mundo


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Val Alves 20/01/2021

A gente se acostuma com tudo, mas nem sempre isso é bom
Elias é um jovem produtor cinematográfico parisiense que está recebendo um importante prêmio por seu trabalho. Parece um agradável cenário, não? Até seria se ele não estivesse vivendo em sua vida íntima um drama: a mulher alcoólatra o abandonou e foi viver com o amante.

Mas o drama que parece inicialmente relacionado a um homem que foi abandonado pela parceira e que estaria sofrendo de dores de amor, na realidade ganha uma nova aparência conforme vamos conhecendo a vida íntima de Elias.

O término deixa evidente algo que estava parcialmente encoberto: o drama subjetivo anterior ao término. Elias se revela um rapaz melancólico, solitário e em alguns momentos em crise de identidade. Acontece que, enquanto cuidava da mulher doente, ele acabava por tamponar, de alguma forma,  os próprios problemas. E quando Clarissa vai embora, tem início uma crise onde ele não consegue mais negar seus sentimentos e vê-se obrigado a lidar com isso de qualquer jeito. E esse processo começa quando ele assume para si mesmo que nunca amou a mulher de fato.

A escrita de Martin Page é muito agradável de ser lida. O texto mescla humor e reflexões bem relevantes que nos fazem compreender bem quem é o nosso personagem, o que ele pensa e como se sente.  O humor é elegante e despretensioso, culmina em breves momentos de ironia em meio a situações corriqueiras e sérias, quase chegando à obscuridade, como o sujeito que resolve caçoar da vida adulta durante os eventos desprazerosos do cotidiano.

O finalzinho açucarado achei desnecessário - e meio besta, mas não estraga em nada a experiência da leitura de uma forma geral.
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anacreola 22/08/2020

“A gente se acostuma com o fim do mundo. O Armagedom chega com o orvalho que se espalha sobre o travesseiro. O massacre das crianças do Egito lhe salta aos olhos no elevador; um faraó recruta exércitos dentro do seu estômago; uma nuvem de gafanhotos mergulha no seu cérebro. Você se habitua a ver todos os dias o céu despencando e o ar virando fogo, os pulmões explodindo e o crânio se partindo ao meio. Não fazemos tudo isso de verdade, não, mas tudo isso se torna um elemento a ser considerado. Principalmente quando você é o único a perceber que as águas do Sena viraram sangue, e a moça da padaria ou a sua secretária, sem sequer imaginarem o massacre que o esmaga nesse instante, perguntam sorrindo ‘está tudo bem?’. Sim, está tudo bem, a gente se acostuma com o fim do mundo.”

Apesar do tom obscuro e pessimista do trecho acima, o livro “A gente se acostuma com o fim do mundo” de Martin Page não pode ser considerado um livro denso. Com um humor corrosivo (sim, humor), ele questiona o nível de anestesiamento em que vivemos nas grandes cidades do mundo hoje em dia. Ligamos o piloto automático e seguimos em frente sem pensar muito a respeito. Nem antes, nem durante, muito menos depois.

Fala também de como nos relacionamos com amor, trabalho, prioridades, solidão…. A vida anda, o tempo passa, nós envelhecemos. E o que mais? Quem somos? O que queremos? Para que servimos?

Verdades e traições, carreira e amores, desespero e excessos, erros e acertos, tragédias e paixões, expectativas e vícios, amizades e amizades.

Se perguntando onde entra humor nisso tudo? Simples, somos todos humanos, patéticos e nos levamos muito a sério. Reconhecer isso dá um certo alívio e nos permite rir de nós mesmos. Martin Page é mestre nisso.
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Marker 24/04/2020

Que bagunça.
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Joe 04/01/2019

O "fim do mundo" apresentado pelo autor é bastante real. São problemas reais que evocam reflexões deste tipo.
Acredito que pela diagramação da editora, ou algum outro fator, talvez até mesmo o modo como Martin Page escreve, a leitura para mim foi complicada em alguns momentos, mas tirando isso, eu simplesmente adorei! É um livro simples mas carregado de vivências e coisas do mundo real do ser humano. Martin Page nos mostra de forma natural como as pessoas se relacionam com as drogas, os problemas da vida adulta e os relacionamentos em geral. Fantástico!
Pelo título do livro, achei que seria alguma ambientação apocalíptica/distópica. Julguei e me questionei, mas no fim concluí que o título convém ao escrito. É realmente um "fim do mundo".
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BrunoLagoela 20/08/2013

Elias Carnel já é um grande produtor de cinema nos seus míseros vinte e oito anos de idade. Ele trabalha duro realizando o trabalho sujo de manter o funcionamento dos set de filmagem para grandes e prestigiados diretores franceses, mas realiza essa difícil missão sem deixar rastros, fugindo sempre dos holofotes. Então por mais que ele relute em aceitar o prêmio Artemis, é nele e tudo que vem depois que reside a semente da mudança. Um grande fracasso, uma grande perda e uma enorme paixão. A situação toma grandes proporções e não é mais possível para ele continuar imparcial sobre o seu destino.

CONSIDERAÇÕES:

Ao nos aprofundarmos mais na história de Elias e do mundo que está a sua volta, chegamos a uma critica não muito sútil ao conformismo e ao cinismo presente em nossas relações fracas e intrapessoais, algo muito comum para o personagem. Seu melhor amigo Victor, por exemplo, pertence à um tipo de convívio forçoso que o personagem aceita apenas por conveniência, já que entre eles há uma semelhança, o amor pelo Cinema. Victor, também produtor cinematográfico, convive com Elias justamente para competir com este. Da mesma idade e com carreiras ascendentes, nada mais justo do que esperar pelo erro de seu companheiro....

RESENHA COMPLETA NO LINK ABAIXO!

site: http://livrismos.wordpress.com/2013/07/25/martin-page-a-gente-se-acostuma-com-o-fim-do-mundo/
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Aline T.K.M. | @aline_tkm 01/07/2013

Excentricidade saborosa em mais uma excelente narrativa de Page
Em A gente se acostuma com o fim do mundo, Martin Page nos deleita com mais um de seus protagonistas problemáticos.

Elias é um outsider que se vê embrenhado em uma existência errante. Passa a questionar o que sentiu e viveu com Clarisse (enquanto sofre com sua ausência), e não sabe bem o que busca nem o que está acontecendo com sua vida. Até a percepção de seu ambiente de trabalho é alterada tamanho o deslocamento repentino do personagem; o que antes era um local aconchegante e familiar tornou-se repleto de estranhezas e desconfortos.

Elias tampouco sabe explicar o porquê do medo e da vulnerabilidade que o dominam perante a suicida Margot outra outsider dona de bloqueios e problemas cabeludos, e que tem uma forte ligação com Paris.

A superficialidade há muito havia tomado conta de inúmeros aspectos da vida do protagonista. Como se estar no raso lhe trouxesse mais segurança, ou menos problemas. Seus dias haviam se convertido em um imenso hábito; conformava-se com banalidades e, igualmente, com as piores tragédias. O sofrimento e a crença de que Clarisse precisasse de seus cuidados (devido aos problemas com o álcool) faziam com que Elias tivesse um conceito distorcido de amor.

Diante da passividade do protagonista, Page não só lhe dá uns tapas nos setores sentimental e profissional de sua vida, como também se vê obrigado a lhe dar uma verdadeira surra no plano físico é, Elias precisou apanhar feio para começar a tomar novos rumos. O autor também faz questão de mostrar que até nas amizades o já ferrado personagem precisa ultrapassar a superficialidade que pontua o convívio social.

A gente se acostuma com o fim do mundo é um pequeno universo de amargura e pessimismo, ainda assim formidável e acrescido do sarcasmo que acompanha as histórias de Martin Page. É um universo de seres desgastados, esfolados por suas existências medíocres. Perdem o rumo quando confrontados com a felicidade, sentimento que embora ainda lhes seja estranho, sempre acaba por bater à porta. Só lhes resta reconhecê-la e deixá-la entrar.


LEIA PORQUE... A narrativa passeia por um verdadeiro festival de sabores: é deliciosamente ácida, com doses de amargura e temperada com o sal da angústia; ainda assim, tem lá seus momentos de doçura.

DA EXPERIÊNCIA... Ler Martin Page me obriga a colecionar quotes de forma incansável durante toda a leitura. Os personagens, utilizando-se da voz do narrador, compartilham suas reflexões com quem os lê, o que resulta em tiradas geniais e frases de efeito mesmo que muitas estejam ligeiramente na contramão do que a maioria classificaria como genial.

FEZ PENSAR EM... Mais importante que saber o que Clarisse (e qualquer outra pessoa) foi, é fundamental reconhecer tudo aquilo que ela não foi.

site: http://livrolab.blogspot.com
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Silvana (@delivroemlivro) 21/07/2010

Gente como a gente.
Atual e ao mesmo tempo atemporal. Intenso, poético, cruel, belo, realista e humano! Altamente recomendável às almas que como eu, acreditam na máxima: "nada que é humano me é estranho" (Terêncio).
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Jackie Morena 04/10/2009

Mais um pra lista de 2009. Me acompanhou nesse primeiro final de semana de outubro, em uma ode ao silêncio. Melhor que a obra anterior que li do autor. Um enredo um pouco mais palatável, mas, definitivamente, Martin Page em problemas com o traçado do final de suas obras. Mas foi uma leitura feliz.
@varaomichel 29/06/2015minha estante
Leia "A Noite Devorou o Mundo"!




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