spoiler visualizarPhyetra0 03/05/2024
Doloroso
Foi uma experiência tão ?sentimento? que não sei explicar, acho que nem tem como. Experiência única! Definitivamente meu livro favorito da vida. Tenho já alguns em minha lista, mas afirmo que será bem difícil de superar este. O fato de ser tudo real torna a leitura muito pesada.
Senti tantas coisas nessa leitura: nojo, decepção, medo, raiva? Sobretudo quando acontecia uma recaída. Acompanhar todas as tentativas falhas de desintoxicação e em seguida a culpa e promessas de novas tentativas foi extremamente deprimente. A história tem muitas camadas, e deixa nítido as críticas, muitas dizem respeito a sociedade.
Vou deixar aqui alguns trechos. Foi um livro muito muito bom em tudo, mas extremamente triste, naturalmente.
?As dificuldades materiais estão sempre na origem de muitos conflitos e problemas?.
?A droga é, desde sempre, um dos mais terríveis meios utilizados para impedir os homens de tomarem consciência de que são vítimas da evolução da sociedade?.
?Normalmente não sou chata, mas estas meninas me deixavam realmente agressiva. Eu as odiava. Na época não percebi que odiava a mim mesma?.
?Babsi e Stella passariam a ser as minhas melhores amigas. Até o dia em que Babsi seria manchete nos jornais: Morreu de overdose, a mais jovem vítima da heroína conhecida até então em Berlim?.
?Com efeito, não sabia mais quem era eu.
Sem me dar conta, eu me dividi em duas. Duas pessoas absolutamente diferentes. Escrevia cartas a mim mesma. Mais precisamente, Christiane escrevia para Vera. Vera é o meu segundo nome. Christiane era a menina de treze anos que queria ir à casa da avó. A menina comportada; Vera, a drogada?.
?É que cada um via no outro a imagem de sua própria degradação. Era horrível, porque se um estava numa pior, então, encontrava o outro, que também estava na mesma?.
?Passei algumas semanas totalmente pirada. Não pensava em nada, não percebia mais nada. Estava totalmente fechada em mim mesma, mas não sabia quem era eu. Às vezes não sabia nem mesmo se estava viva?.
?O medo que sentia de morrer sozinha me apavorava. No fundo, eu queria morrer, mas antes de me picar sentia medo da morte. Talvez a presença do meu gato fosse a razão da minha angústia. Afinal, que negócio mais chato; morrer sem ter vivido?.
?Achava tudo aquilo maravilhosamente legal e não sentia mais o peso de ser uma drogada. Até o dia em que constatei que havia caído na dependência física?
?Na verdade, nossa sociedade produz cada vez
mais marginais voluntários. Muitos jovens se refugiam na droga porque não encontram na escola, no mundo do trabalho ou nos prazeres a resposta às suas necessidades?.
?Essas crianças e jovens insatisfeitos de hoje não encontram perspectivas encorajadoras no seu futuro e não podem ir buscar forças no passado?.