Tamara 10/09/2020
Existem alguns livros que sonhamos em ler um dia e estes são histórias que nos parecem interessantes, sem que ao menos tenhamos lido qualquer trecho delas antes. Assim era o meu desejo de ler Leve-me com você, um livro muito desejado que era uma história que se parecia muito com meu estilo literário, e que ainda para completar era muito elogiada pelos leitores.
Por isso, no momento em que tive a oportunidade de lê-lo não hesitei, embora preciso admitir que nas primeiras páginas pensei que a leitura pudesse diferir de todas as minhas expectativas e que eu pudesse não gostar, mas logo isso foi superado, e em torno de dez por cento do livro eu já estava completamente absorvida pela história, vibrava, me emocionava e sentia todos os sentimentos dos personagens.
A premissa desse enredo é linda e aqui encontramos a história de August, um professor de ciências que sempre adorou viajar por todo o país em seu trailer durante cada verão de férias. August sempre fazia isso com seu filho, Philip, no entanto, no verão em que tem início a história tudo mudou e ele terá de fazer sozinho a viagem, uma vez que Philip morreu em um acidente de carro. Por outro lado, quando August para em uma oficina para consertar um problema em seu trailer, ele se depara com Wes, um mecânico pai de dois meninos, um de 12 e um de 7, e para a surpresa de August, esse homem que até então não lhe conhecia lhe pede para que leve os filhos dele consigo, uma vez que Wes terá de cumprir uma pena na prisão e não tem com quem deixar seus filhos. Após muita relutância August aceita, mas no decorrer da viagem aquelas pobres crianças, carregadas de traumas e feridas acabam ajudando August a superar suas questões, assim como ele ajuda aqueles menininhos sem rumo a ter um objetivo de vida.
É difícil saber por onde começar, mas acho que a história me cativou mesmo no momento em que me deparei com aqueles menininhos sendo deixados pelo pai para viajar com um estranho. Eu, que amo histórias com crianças nesse momento tive meu coração partido em mil pedacinhos pelo modo como eles não tinham rumo, não tinham para onde ir, e se sentiam na necessidade de fazer tudo para não dar trabalho para aquele homem estranho.
Nesse momento, embora saibamos que August é um bom personagem, confesso que não pude deixar de julgar Wes por sua atitude de deixar os filhos com alguém desconhecido, e a simples situação me deixou muito mexida. Porém, com o passar do tempo, os milhares de caquinhos nos quais nosso coração de leitor se transformou vão sendo colados à medida em que acompanhamos a evolução daqueles meninos, o quanto eles vão se despojando das imensas responsabilidades que tinham em sua vida, vão se desligando dos traumas que os assombravam e vão podendo conhecer um mundo muito além da oficina onde eram acostumados a viver. Ainda nesse viés, vemos também August superando aos poucos a grande dor da perda de seu filho e vemos ele percebendo que pode se apegar a outras pessoas.
Nesse enredo, temos uma série de temáticas relevantes sendo trabalhadas, e a primeira é certamente essa questão das crianças, da relação entre pais e filhos e do que somos capazes de fazer por amor. Porém, além disso, temos também uma abordagem muito bacana a respeito de alcoolismo, onde tudo é ilustrado com muita sabedoria e nos mostra a realidade de pessoas que lidam com essa questão diariamente, além de podermos acompanhar no meio do caminho conversas entre os personagens sobre o tema, as quais nos levam a grandes reflexões. Também, discute-se aqui a mentira, o abandono, bem como o quão prazeroso é fazer coisas simples como esportes, e como isso consegue nos fazer feliz, sem que precisemos de coisas caras ou ambientes luxuosos e como a simples presença de pessoas queridas muda tudo.
Outro ponto que eu amei nesse livro foi a parte final, onde encontramos os queridos personagens já anos depois daquela viagem, acompanhamos como está suas vidas, seus desejos e vemos o modo como a mencionada viagem os marcou, e isso acabou me dando um alento, uma vez que eles eram personagens aos quais me apeguei e eu tinha um forte desejo de conhecer seus destinos.
Realmente, não vejo temas negativos a serem abordados, porém os pontos que considerei positivos, caso não agradem a algum leitor, podem muito bem serem considerados negativos por este.
Por fim, eu poderia ficar falando horas e horas sobre esse livro, mas certamente não conseguiria transmitir o quão incrível ele é, por isso só posso recomendá-lo veementemente, e dizer que é uma leitura agradável, com uma certa dose de drama que não é muito carregada, momentos de humor, de amor e uma escrita que nos leva para dentro dessa viagem junto com nossos queridos personagens.