ANDER CELES 20/08/2023
A primeira parte é muito boa, a segunda perde sua identidade
Não gosto muito de livros que se vendem como: "uma mistura de Stephen King com tal autor...". Porque eu acabo indo com expectativa de ver uma narrativa parecida com a do autor comparado, e às vezes não tem nada a ver. No caso deste livro, essa comparação é verdadeira. A vibe, a forma de contar a história, os pensamentos dos personagens misturados na narrativa, a forma podre como a maioria das pessoas pensa...isso é muito Stephen King. E até acho que até o meio da história a condução também é bem parecisa. Maaaas...vamos lá.
O começo da história é chato. Simples assim, uma confusão que vc não entende o que tá acontecendo, a escolha na forma de contar o que tá acontexendo, é tudo bem confuso. Aí, lá pra página 70, por aí, vc entende o que tá acontecendo e a história se torna muito interessante. Vc fica preso nas páginas, vc fica querendo saber o que vai acontecer. É muito legal mesmo. Porque vc tem algumas perspectivas do que está acontecendo pela visão de vários personagens.
Mas do meio pro final da história eu acho que ela perdeu a identidade que tava construindo na primeira parte. Pq na primeira parte vc fica dividido em: "quem tá certo?", "os policiais são os vilões?", "os monstros são as vítimas?". Tudo gera uma reflexão sobre troca de papéis pré-determinados, sobre quebra de expectativas. Me lembrou muito a abordagem de Tokyo Ghoul, que vc fica entre quem é o humano e quem é o monstro? Mas na segunda parte fica tão previsível, tão genérico. Muda o ritmo da história.
Até acho que a segunda parte não é horrível, mas é muito inferior que a primeira? Sem dúvidas, mas ainda é bem escrita. O problema é que a primeira parte tem aquele toque de mistério, de thriller, aquela coisa suja, mas que ainda fica calcado no real, mesmo com os toques de ficção. E a segunda parte parece muito mais de fantasia. E as escolhas narrativas deixaram de lado o que se construiu na primeira parte.
Fora que algumas questões foram colocadas na primeira parte, mas não tiveram tanta importância ou nenhuma importância no restante da história. Por exemplo, o líder da gangue que praticava bullying contra o Rex...depois de um tempo, a importância dele é zero. Para tudo o que ele fez na primeira parte, ele não tem a importância que merecia. Acho que precisava ter mais dele. Bom, o próprio Rex e o povo dele...na segunda parte, achei tão superficial. Já foi direto pra parte final. Precisava de mais desenvolvimento disso.
Acho que o meio da história, ali no começo da parte 2, ganhou uma barriga que não precisava, pq quebrou o clima e tirou páginas que poderiam ser utilizadas pra um final mais desenvolvido.
Enfim, gostei muito da primeira parte, mas acho que tem uns buracos que não foram esclarecidos e acho que o Pookie Chang é um personagem muito chato kkkk. Nossa, tudo que sai da boca dele é uma piada. Em momentos sérios, solta piada. Meu Deus, quando ele tava no capítulo, já sabia que não ia gostar muito kkkk