Amanda 27/09/2020
Conheci esse livro no wattpad, estava bombando na época, mas quando eu comecei a ler tinha um aviso "o livro será removido, porque será lançada uma versão pela editora". Eu, logo eu, a rainha da pechincha, não iria perder a oportunidade de ler o livro de graça. Após anos da primeira leitura e pensei que na segunda eu teria opiniões e interpretações diferentes, mas logo que comecei o primeiro capítulo, lembrei do porquê dessa história não ter me marcado positivamente.
O livro começa com a protagonista usando o primeiro capítulo INTEIRO para falar mal de outra personagem. O primeiro capítulo é para eu me apaixonar pela história, querer saber mais, me cativar, conhecer a protagonista, mas não, foi um capítulo inteiro falando como a outra menina é chata. Detalhe para o fato que a Elisa se faz de amiga da Portia há um ano e não teve maturidade para resolver essa situação. Olá, falsidade! Mas Elisa também é hipócrita, julga a Portia sem reconhecer os próprios defeitos.
Elisa usa a depreciação da (ex) amiga para provar como ela que está certa, como ela é melhor e superior, e em alguns momentos os comentários chegam ser maldosos.
"Qual foi a última vez que alguma coisa interessante aconteceu com ela? No dia em que me conheceu?"
"Ele [Ben] trabalha para mim agora. Por mais que eu adore o fato de tê-lo sempre por perto, ele não está ali por escolha. Essa devia ser a maior razão para ele se afastar de Portia de vez."
"Sei que preciso superar isso e entender que as outras pessoas do mundo ainda são cegas e não conseguem entender o quão desprezível ela é"
Tem um momento que a Elisa se sente pessoalmente insultada porque a Portia escolheu um vestido simples e repetido para o baile no castelo. Nossa, realmente, como a Portia é uma pessoa horrível!!! Ela usou um vestido branco!!! Depois a Elisa fica indignada por terem emprestado um vestido seu para Portia, já que esta sofreu um pequeno acidente, por culpa da própria Elisa. E também tem o momento que ela diz que as suas criadas não devem mais tratar a Portia como amiga dela.
O que eu, leitora, devo concluir com essas situações? É só birra juvenil? Ou a Elisa tem algum sério desvio de caráter?
O ápice da personalidade duvidosa da protagonista é apresentada nos capítulos finais. As atitudes que a Elisa tem são extremamente possessivas, ela quer controlar o melhor amigo, quer ele só para ela e não aceita as escolhas pessoais dele.
"Eu não consigo ser sua amiga, Ben, não se você ficar com ela. E olha que eu tentei!"
Até o Ben fica indignado com as atitudes da Elisa.
"Você não pode criar regras para minha vida pessoal. Não pode fazer isso com ninguém! Você não tem esse controle!"
"Você quer decidir o que eu penso da Portia, quer decidir com quem devo ficar."
A briga final dos dois é tão ridícula, que eu nem sei como chegou onde chegou. Aliás, a única brigando ali era a Elisa. Ela, bêbada, interpretou como quis tudo que o Ben falava. A achou por bem demitir o menino, porque supôs que seria melhor para ele.
Essa atitude me incomodou demais, porque simboliza a situação de pessoas despreparadas com poder nas mãos. Elas podem estar certas, erradas, agindo por vingança ou com segundas intenções, mas fazem o que querem porque podem e não precisam dar satisfação a ninguém. Ela é a fucking princesa e não pode, simplesmente não pode, fazer escolhas desse modo. Responsabilidades e equilíbrio seriam o mínimo esperado (mesmo para uma princesa escondida).
Falando em Ben, achei ele o ponto alto do livro, ele sempre é o sensato do rolê, sempre tem um comentário ótimo para acrescentar, a personalidade dele caiu muito bem para a história, ele é justo, boa pinta, humilde e um fofo. Ele é o único contraponto que traz a Elisa de volta da Elisalândia.
Quanto a Portia, eu ouvi mais do que vi ela sendo essa pessoa desprezível que a Elisa diz que ela é. Do jeito que a Elisa apresentou as coisas, ela demonizou o diferente, o pensar diferente, o ser diferente, o gostar de coisas diferentes. Pode ser que a Portia se mostre uma grande babaca nos próximos livros, mas até lá #IStandWithPortia
Como é narrado em 1a pessoa, a leitura passa por trechos maçantes e lentos, onde Elisa tem devaneios e mesmo após ler vários parágrafos parece que estamos no mesmo lugar. Os últimos capítulos são um bom exemplo, Elisa faz várias suposições, reage a situações irreais, cria ilusões e sentimentos para algo que sequer é verdade e isso se tornou cansativo.
Elisa disse que escreve um diário para se conhecer melhor, mas acho que o que ela precisa é de uma terapia. Essa menina precisa de ajuda. É sério!
No geral a história poderia ser legal, mas eu tive tantos problemas com a protagonista que não tinha jeito de eu aproveitar a leitura. Elisa se mostrou, além de uma péssima amiga, tanto para a Portia quanto para o Ben, um pessoa egoísta, fútil, infantil, falsa, hipócrita, mesquinha, imatura, possessiva... Também percebi pequenas incoerências ao longo do livro, e quando uma coisa não vai bem, os erros parecem ganhar mais importância.