Becos da memória

Becos da memória Conceição Evaristo




Resenhas - Becos da memória


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Rayssa71 14/10/2023

Um tapa na cara.
Esse livro mostra uma realidade que muitas vezes preferimos não ver, pode se dizer que é um livro pesado, aborda vários assunto, msm que esse livro foi escrito a muitos anos atrás a realidade continua a mesma. acho que só não gostei mais desse livro pq eu fui "obrigada" a ler ele, então não se tornou tão prazeroso como teria sido...
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rumohra 13/10/2023

Uma intensa expressão da multiplicidade do racismo e pobreza
"Becos da Memória" é uma história que faz jus ao seu nome quando, ao longo da narrativa, não se tem uma sequência de fatos que acontecem de forma linear. Nas idas e vindas dos personagens, nos é mostrado aos poucos e em fragmentos de contos que se encontram como em becos, como um rio que leva tudo de roldão, como uma árvore que se desenrola em galhos que se desenrolam em folhas. É bem diferente do que estou acostumada a ler e fiquei confusa de início, mas quando peguei o gancho foi impossível não se emocionar a cada história contada pela autora (que se confunde em Conceição e Maria-Nova).

Intensa na sua forma de contar, nessa escrita deliciosa que expressa com o mais profundo sentimento, com sua escrevivência, as diversas vidas e formas de viver e de morrer dos personagens que sofrem das mesmas mazelas: o preconceito, a fome, a sede. A exclusão social e estrutural, a expulsão dos moradores da favela.

Enfim, nota 5/5? para este livro, e estarei com certeza lendo mais obras da Evaristo!!
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hiraimango 25/09/2023

Conceição Evaristo segue me destruindo.
Deveria se tornar um clássico de tão atual que é esse livro. Apesar de escrito a tanto tempo, suas discussões permanecem extremamente atuais.
Conceição Evaristo trabalha com temas sensíveis, com as questões mais profundas da sociedade brasileira, sem nunca perder a delicadeza e poeticidade.
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Bernal 08/09/2023

Minha primeira leitura de Conceição Evaristo
?Todos sabiam que a favela não era o paraíso, mas ninguém queria sair? foi uma das frases mais impactantes para mim. Era como se o sofrimento por ser despejado, sair daquele lugar de pertencimento fosse sinônimo de morte. Mas vai além disso. Ir embora da favela era como perder a sobrevivência, já que a maioria das mulheres tinha vínculo de trabalho e renda com aquele entorno, as relações topofílicas eram muito fortes, era como se as memórias daquele lugar fossem uma fonte de nutrição coletiva.

Resenha completa no IG @be.thereader
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nsantos06 31/08/2023

Memórias de soldados sem bandeira
Assertiva e direta, destruidora e ao mesmo tempo poética, assim é construído Becos da memória, de Conceição Evaristo. Trazendo como história, as memórias das pessoas mais velhas da favela e toda sua vivência passada, permitindo correlacionar o passado colonial brasileiro com o presente, cercado de seus impactos na população negra.

Ao recontar as memórias dos moradores mais velhos, podemos vislumbrar a favela como uma extensão atual de condições insalubres já vividas por pessoas negras no passado escravocrata. Denominado por Conceição como: “senzala-favela”, relacionamos o passado com o presente. O poder da memória e da narrativa nos possibilita revisitar vidas e passados que foram silenciados. Sendo assim, criando-se uma visão da história que necessariamente não é dita pelos colonizadores.

Além disso, cada personagem em Becos é único e complexo, auxiliando o leitor desamparado que ressignifique em seu imaginário aquilo que ele compreende como “favelado”. Ademais, a sua descrição dos personagens foge de uma visão estereotipada do que é o negro e o favelado, contribuindo para essa ressignificação e consequentemente a humanização.

É através das memórias e das letras que a personagem, Maria-Nova, identifica uma maneira de contar essas histórias, não sendo ditas unicamente pela oralidade. Nas linhas que lemos, percebemos o quão adoecedor e tocante pode ser a falta. Seja uma falta material ou mental. A fome, a desesperança, a miséria, todas essas necessidades que hão de ser supridas, são rejeitadas. Essa rejeição advém de raízes coloniais, sendo criado ao longo da história brasileira projetos políticos de combate à população negra. A Lei da vadiagem (1890), por exemplo, entendia necessário o combate aqueles que estavam ociosos, sem algum trabalho a fazer. No entanto, coincidentemente ou não, esta lei foi instaurada no período após a assinatura da Lei Áurea. Tendo como impacto em muitas pessoas negras alforriadas sem ocupação alguma.

Infelizmente, como nos conta a própria autora antes do começo do livro:

"Entre o acontecimento e a narração do fato, há um espaço em profundidade, e ali que explode a invenção. Nada que está narrado em Becos da Memória é verdade, nada que está narrado em Becos da memória é mentira. Ali busquei escrever a ficção como se estivesse escrevendo a realidade vivida, a verdade. Na base, no fundamento da narrativa de Becos está uma vivência, que foi minha e dos meus. (p.12)"

Essa lacuna entre o acontecimento e a narração do fato permite que as histórias aqui contadas sejam, ao mesmo tempo, reais e ficcionais. Conseguimos identificar na realidade brasileira, em múltiplas faces, o que a autora narra em seu livro.

Uma condição que naturaliza a escassez como ponto central da vida. Tal condição trouxe aos personagens um desespero em que fundamentaram sua vida. Viam na morte uma possibilidade de existir sem miséria, somente nas memórias dos que sobraram. O fim de uma existência trágica onde a morte curaria todas as faltas.

Ademais, Becos da memória permite, através da literatura, fazer-se política. A construção da representação dos moradores da favela por meio de suas próprias memórias são demonstrações de atos políticos. Assim como Maria-Nova, Conceição faz das letras um meio contar o que querem esconder.
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Lorraine72 29/08/2023

Escrevivências ?
Histórias que te tocam, com mistura de revoltas e indignações, faz-se imergir em detalhes. Te faz repensar e refletir no mais profundo, sobre a consciência de classe e de cor.
Um ótimo livro ?
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Stefanny 27/08/2023

"Sonho que é uma vontade grande de o melhor acontecer. Sonho que é a gente não acreditar no que vê e inventar para os olhos o que a gente não vê."

"Sonho só alimenta até à hora do almoço, na janta, a gente precisa de ver o sonho acontecer."
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Charleees 21/08/2023

Escrevivências...
Em Becos da Memória, Conceição traz para sua literatura e para sua ficção lembranças de sua infância - para nós leitores, não há como separar onde é ficção e onde é realidade, nem ela, espera que isso aconteça.

Conceição costura essas memórias envolta numa linguagem poética, mas sem perder a crueza daquela realidade em que as personagens estão inseridas.

A miséria, o alcoolismo (que é a única forma de não encarar de frente tanta agressão por parte de um estado omissor, de uma sociedade que os coloca sempre à margem, da fome), a violência (tanto por parte, novamente, do estado, quanto deles próprios, que não sabendo de quem é a culpa, acaba descontando nos próprios companheiros), o desfavelamento, que querem empurrar para mais longe aqueles que Carolina Maria de Jesus chama de "trastes velhos", são os temas que Conceição traz à tona.

"Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos."
- Carolina Maria de Jesus | Quarto de Despejo

Mas há também ali, pessoas como Bondade que não recebeu essa aucunha atoa, que faz o bem e ajuda a todos que podem, Vó Rita que amparou uma mulher doente e que sorri e fala com todos, sempre sendo um contraponto para Maria Nova que é acostumada sempre com os rostos tristes, a feição judiada de tantos problemas...

Conceição tem uma escrita potente, forte, acho que só o romance Torto Arado do Itamar Vieira Junior me deixou com um nó na garganta igual. São temas de um Brasil pouco falado, pouco discutido, mas que é o Brasil de milhões e milhões de brasileiros.

Viva Conceição Evaristo! Viva Carolina Maria de Jesus e Viva Itamar Vieira Junior!
Mano Beto 28/03/2024minha estante
Li olhos d'água e achei muito tenso e maravilhoso ao mesmo tempo. Este está na minha lista também!




Jean297 16/08/2023

Um passado recente em Becos da Memória
Conceição Evaristo tem a habilidade rara em contar histórias que mesclam a ficção com o real. Em Becos da Memória, a autora utiliza das memórias para retratar a vida na favela. Através da escrita, ou melhor, "escrevivência", como termo criado pela autora, ela nos provoca a refletir sobre o racismo tão entranhado em nossa sociedade. A estrutura se amontoa e varre esses corpos para às margens.
Uma das histórias que mais me comoveu foi a de Ditinha. A personagem trabalhava como empregada doméstica na casa de uma mulher muito rica. Ditinha em certa passagem reflete sobre a disparidade de vida, sentindo-se enojada só em pensar em almoçar na casa da patroa enquanto seus filhos não tem o que comer no barraco onde vivem. A autora inclusive faz o comparativo chamando a favela de senzala e a cidade grande, os centros e a casa dos patrões de Casa Grande. Os barracos como retorno à realidade, a bebida como fuga e a favela, com suas imperfeições, rachaduras, vielas e pobreza, mesmo assim, funcionando como berço, refúgio dessas pessoas que se agarram umas nas outras para sobreviver e resistir.
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Rosa.France 16/08/2023

Pura poesia
Um livro poético. Um tema difícil, doloroso. Uma habilidade fenomenal para juntar os dois. Conceição Evaristo fala de dor, sofrimento, violência, abandono, miséria sem criar uma atmosfera lúgubre, mas muito muito real. É a linguagem da vivência, de quem relata o conhecido sem subterfúgios, de forma direta e sabe reconhecer as várias de lições de vida encontradas na história de cada personagem: humanismo, esperança, solidariedade, resiliência, resistência, luta. Já sabia que seria um livro válido, não sabia que iria me apaixonar pela escritura de Evaristo. Leitura mais que válida!
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Luana 14/08/2023

Leitura necessária
Memórias de um desfavelamento.
como a vida de pessoas podem ser apagadas rapidamente. Um livro que te faz sentir, chorar e viver a vida de cada pessoa da favela por meio das memórias contadas a Maria-Nova.
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Natalia.Tamaio 14/08/2023

Nada narrado é mentira, nada narrado é verdade...
?Nada que está narrado em Becos da Memória é verdade, nada que está narrado em Becos da Memória é mentira.?
Becos da Memória é meu segundo contato com a autora negra brasileira Conceição Evaristo. Este enredo traz a história de moradores de uma favela que passam pelo processo de desfavelamento, com uma construtora buscando erguer uma nova obra no local e seus habitantes sendo convidados a se retirar. Logo no início do livro, antes da história começar a tomar corpo, há um texto de Conceição, de onde tirei a frase do início do post, em que ela explica que inventa, sim, muitas coisas, mas que não dá para saber em Becos o que é ficção e o que é verdade. Ou seja, a própria autora morou em favela e vivenciou este processo de desapropriação, o que permitiu que a escritora trouxesse a narrativa que a caracteriza para as páginas de Becos da Memória: a da escrevivência ? quando cria coisas em cima de vivências reais experimentadas por ela ou pelos negros que conheceu.
Conceição dá um toque muito humano e emotivo para as histórias dos inúmeros personagens com os quais vamos nos acostumando: Maria-Velha, Maria-Nova, Mãe Joana, Negro Alírio, Tio Totó e tantos outros. Eu diria que a minha primeira leitura da autora ainda é minha preferida ? Olhos D?Água ? mas Becos da Memória é com certeza um livro 4 estrelas, por trazer de maneira tão próxima e tão profunda os problemas vividos por aqueles que moram em favelas. A leitura me lembrou bastante Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, com a diferença que, por ser uma ficção, Becos da Memória ganhou uma escrita mais poética e um olhar mais bonito para a vida dos personagens, mesmo diante de tanto sofrimento ? o livro de Carolina, sendo seu diário, acaba sendo uma história mais crua, cruel e realista sobre seu dia a dia.

Frases:
?Ela quase sempre estava mais para a amargura. Achava os barracos, as pessoas, a vida de todos, tudo sem motivo algum para muita alegria. Ela pediu a história triste, a mais verdadeira.?
?Os sonhos dão para o almoço, para o jantar, nunca.?
?Sonho que é uma vontade grande do melhor acontecer. Sonho que é a gente não acreditar no que vê e inventar para os olhos o que a gente não vê.?
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André Vedder 26/07/2023

Mais do que literatura.
Conceição Evaristo possui uma escrita que aprecio muito, direta e sem muito floreios, mas ao mesmo tempo poética e lírica, formando uma narrativa impecável.
Em "Becos da Memória" a autora nos traz um emaranhado de personagens viventes e sobreviventes de uma favela da década de 80, a qual está passando por um processo de desfavelamento. Personagens esses em que rapidamente o leitor cria um laço afetivo e assim somos tragados para dentro da trama e quando saímos ao final, nos vemos transfigurados pelo baque da realidade a qual Conceição Evaristo brilhantemente nos confronta.
Mais do que uma obra literária magnífica, acredito que temos aqui um livro que deveria ser didático em todas as escolas do país.

"Menina, o mundo, a vida, tudo está aí! Nossa gente não tem conseguido quase nada. Todos aqueles que morreram sem se realizar, todos os negros escravizados de ontem, os supostamente livres de hoje, se libertam na vida de cada um de nós, que consegue viver, que consegue se realizar. A sua vida, menina, não pode ser só sua. Muitos vão se libertar, vão se realizar por meio de você. Os gemidos estão sempre presentes. É preciso ter os ouvidos, os olhos e o coração abertos."

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Clarissa 04/07/2023

Um amontoado de histórias no meu coração.
Os personagens, as histórias, a escrita.
Becos da memória é um livro único e que precisa ser lido, não mostra a realidade através de fatos expositivos, mas sim de memórias afetivas. É como se o leitor realmente tivesse um contato com cada personagem, sentisse sua presença ao longo do livro e sua partida no fim.
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Myrian 30/06/2023

Surreal
Esse livro é ótimo.
Causa tantos sentimentos. Causa uma sensação de impotência por não poder ajudar os personagens.
Como a autora afirma: "nada que está narrado em Becos da memória é verdade, nada que está narrado em Becos da memória é mentira."

Não tem como separar a ficção da realidade, pois ao mesmo tempo que é só uma história, também é a realidade.
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