MiCandeloro 25/07/2017
Decepcionante!
Katie, ou melhor, Cat, como agora quer ser chamada; é uma garota do interior que optou renegar as suas origens ao se mudar para Londres e recomeçar.
Tudo o que ela mais queria era ser glamourosa, morar em uma casa digna de revista e comer em restaurantes caros, mas a realidade é que ela não podia nem pagar por um cafezinho na esquina.
Envergonhada de sua situação, Katie não ousava revelar a verdade a ninguém: de que dividia um apartamento minúsculo com dois colegas de quarto estranhos, de que suas coisas ficavam guardadas em uma rede acima de sua cabeça e de que ela levava sanduíche para o trabalho por não ter dinheiro para comprar o almoço. Nem mesmo seu pai, que sempre a apoiou, podia saber disso. Ele não ia entender.
Desesperada para ostentar uma vida mais do que perfeita, Katie postava inúmeras fotos fakes em seu Instagram, na tentativa de impressionar os demais, enquanto invejava ao extremo a sua chefe, Demeter, que tinha tudo o que ela sempre sonhou.
Apesar de Demeter ser uma vaca e ser odiada por seus funcionários, dispunha de um excelente cargo, com alto salário, roupas caras, uma família incrível e estava sempre indo a eventos e viajando pelo mundo.
Katie tinha Demeter como uma inspiração, um padrão a seguir, até o dia em que a chefe a despediu sem nenhuma cerimônia.
Sem eira nem beira, e sem ter como se sustentar, Katie foi obrigada a voltar para casa e ajudar o pai a administrar a fazenda da família.
Foi lá que Katie percebeu que nem tudo é como parece ser, e que aquilo que mais cobiçamos nem sempre tem um gosto tão doce.
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
***
Desde que soube que Sophie lançaria mais um livro eu fiquei histérica. Principalmente por conta da temática que achei super atual, levando em conta a época na qual vivemos, em que é tão comum nos depararmos com perfis fakes e pessoas que se esforçam para mostrarem uma vida tão perfeita na internet. Entretanto, após concluir a leitura, ainda me pergunto se realmente li uma obra de Kinsella.
Com uma trama fraca e juvenil demais, personagens chatos e cenas extremamente forçadas e surreais, Minha vida Não Tão perfeita me decepcionou em tal medida que tive vontade de chorar.
Meu pai amado, o que foi que aconteceu? Será que eu mudei tanto a ponto de não conseguir mais rir com as sandices da autora, ou ela realmente errou na mão nessa narrativa?
Escrito em primeiro pessoa, conhecemos Katie, a personagem mais infantiloide, insegura, dramática e irritante escrita pela Sophie. Não consegui me conectar com ela uma só vez e a achei obsessiva demais pela vida dos outros. Será que todos são assim de verdade e eu que nunca percebi?
Metade do enredo se resume a ela falar da vida da chefe e reclamar do seu cotidiano e da sua falta de sorte. Daí quando as coisas começam a ir bem para ela, Katie segue desdenhando. Se isso não fosse o suficiente, presenciamos momentos ridículos em que Katie reencontra a ex-chefe e trama vinganças de adolescente contra ela, apenas por ter sido demitida. Para piorar, quando Demeter descobre as tramoias, simplesmente aperta a mão de Katie e pede desculpas por tê-la demitido, e num passe de mágica, as duas se tornam melhores amigas. Oi?
Todos sabem que Kinsella é sempre muito sutil ao inserir romance no contexto, nunca tornando seu foco principal, uma das características de que mais gosto nela, pois bem, não acho que foi isso que aconteceu nesse exemplar.
Em Minha vida Não Tão perfeita, Katie cai de amores instantaneamente por um dos sócios da empresa na qual trabalha e passa a viver esse romance platônico como se não houvesse o amanhã. E ao invés de serem diretos um com o outro e tratarem a fagulha que sentem de modo maduro, Alex e Katie se enrolam e se rendem a um jogo de sedução cheio de mimimi e duplo sentido, algo que me deu nos nervos a ponto de nem torcer para eles ficarem juntos.
E o mais engraçado é que, a Demeter, a quem eu devia odiar, foi a personagem que mais gostei, tirando Biddy e Mick, claro, a madrasta e o pai de Katie, que são super boa gente.
Os pontos positivos vão para o empreendimento de glamping que o pai da Katie tenta montar. Nunca tinha ouvido falar nisso e me vi envolvida em toda a organização para a criação do negócio e fiquei me imaginando lá, passando as férias.
Quanto ao final, a autora tentou passar as mensagens de que nada no mundo é perfeito e de que devemos acreditar no nosso potencial e seguir nossos sonhos, porém, achei tudo superficial demais, como se estivesse lendo um biscoito da sorte.
Minha vida Não Tão perfeita cumpre o seu papel de ser uma leitura leve, para passar o tempo, contudo, nada além disso.
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