antonio aguiar 10/09/2011Conforme a introdução na edição da editora Sextante narra, Douglas Adams era um gênio, mas tinha um pequeno problema: Não sabia (ou pelo menos não conseguia) escrever uma história. Uma pena que isto fica evidenciado em sua trilogia de cinco, na mais louca aventura já contada no tempo-espaço. De qualquer forma, não entre em pânico, pegue sua toalha, e vamos lá.
No primeiro volume, somos apresentados aos personagens principais: Arthur, humano normal, perde sua casa. Seu amigo, Ford, de última hora revelando-se um e.t., o salva da destruição da Terra. Na bagagem, uma toalha, alguns amendoins, roupas (no caso de Arthur, só um roupão. Simplesmente não havia tempo para malas...) e uma cópia do mais sensasional livro de todos os tempos - e dimensões -: O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Pesquise qualquer coisa. Anything at all. O Guia responde. É a Desciclopédia de níveis galáticos. Tudo que um mochileiro precisa está ali.
Curioso pensar que Adams imaginou um formato de e-book para o Guia nos anos 70~80. Visionário? Ou simplesmente pensou que era surreal demais para ser verdade e colocou em sua obra? Quem liga?
Uma pena que, como mencionado anteriormente, a escrita seja deficiente, como uma criança muito empolgada com um brinquedo novo, mas logo o esquece.
Os dois primeiros volumes são irretocáveis. O terceiro, um tanto sem graça, decepciona com Arthur e Ford sempre irritantes devido a alguns acontecimentos do final do segundo livro, apesar do mais genial sistema de propulsão já imaginado para uma nave ser apresentado aqui. Os trechos onde a viagem da nave é explicada com base em cálculos de improbabilidade em uma mesa de restaurante, principalmente nas contas da caderneta do garçom, são hilários. Mas o verdadeiro drama começa no quarto livro.
Para começar, a história se passa praticamente toda na Terra (sim, a que foi destruída.). Arthur está apaixonado, e basicamente só isso durante o livro todo, como se o autor tivesse cansado de desenvolver situações surreais para a história. E, no quinto e último volume, um aparente "desisto de vez".
Praticamente Inofensiva, o polêmico volume final. Muitos fãs o consideram uma história à parte, outros, continuação direta das anteriores. O problema é que são deixadas de lado as características que tornaram a série tão especial e o resultado é uma história lenta, cansativa e que nada acrescenta à saga.
Solução? Tratar a trilogia de cinco como trilogia de três mesmo. O leitor tem só a ganhar lendo uma coletânea de filosofias, talvez não absolutas, mas inteligentes, sem dúvida.
Há ainda um filme baseado no primeiro volume, produzido com a ajuda de Adams, que morreu antes de finalizá-lo. Uma história, digamos, livremente adaptada. Vale a pena? O filme, talvez. A abertura musical com golfinhos? Must see.
Lembre-se: Até mais, e obrigado pelos peixes!
P.S: Aqueles que já leram a obra devem estar se perguntando por que não citei o robô Marvin. Simples: eu não conseguiria condensar seu intelecto maior que um planeta num simples blog. Para os que não leram, digamos apenas que vale a pena conhecer o robô mais querido da história da ficçao científica. Xô, xô, R2, seu ábaco.
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