Will Ernande 04/06/2020O livro, que é a principal obra do suíço Jeremias Gotthelf, e que tem como cenário a região do Emmental, conta a história de um patriarca que, durante um batizado infantil, resolve narrar a desventura dos seus antepassados da baixa Idade Média, que fizeram um pacto com o diabo, e que na tentativa de enganar o Enganador, sofreram as consequências do seu ato nas garras de uma criatura vinda das trevas.
Com uma narrativa deliciosamente fáustica, que mistura folclore medieval, mitologias morais bíblicas, e referências a peste negra, num ambiente tanto bucólico, quanto mágico, A Aranha Negra fará com que o leitor não desgrude os olhos dessas páginas até que esse imbróglio se resolva. Não à toa essa era uma das novelas mais admiradas por grandes nomes da literatura, como Thomas Mann e Walter Benjamin.
Contudo, eu acho importante avisar que o livro tem sim temas que poderão ser problematizados, especialmente porque o autor, como bom protestante que era, construiu a sua obra sob os alicerces óbvios do cristianismo. Bem e mal, recompensa e punição, e, claro, as figuras do pecador, que é, seguindo a tradição patriarcal judaica-cristã, feminina e estrangeira, e dos mártires, personagens piedosas que, diante de um povo que abandonou a Deus, surgem como um messias que sacrifica a própria vida para salvar a todos. No entanto, não custa lembrar que, como trata-se um livro escrito em 1842,, é preciso não fazer uma análise anacrônica do texto. Além disso, a edição da editora 34 também conta com notas e textos de apoio, para uma melhor compreensão das referências e contextos.
Da minha parte, eu posso dizer que adorei essa leitura, e recomendo muito á todos que desfrutem dessa preciosidade do século XIX.
Ps: Caso queira adquirir essa obra, eu peço que acessem o site da editora 34.