Izabella.BaldoAno 29/02/2024
Clarice escreveu em Água Viva a famosa frase "não vou ser autobiográfica. quero ser 'bio'": recusava-se escrever uma autobiografia. no entanto, ela escrevia constantemente sobre suas experiências pessoais, fosse em seus textos ficcionais ou, mais explicitamente, em suas crônicas, publicadas no Jornal do Brasil entre os anos de 1967 e 1973. Aprendendo a Viver é uma reunião de algumas dessas crônicas, sobretudo aquelas que narram acontecimentos da vida da autora e de seus pensamentos sobre ela.
é uma delícia passear pela sua infância em Recife, pela construção das suas amizades, pelo seu crescimento, pelos seus pensamentos e pela sua relação com outros escritores. não tão delícia é ler sobre suas dores e questões existenciais, mas tão relevante quanto. a complexidade da vida de Clarice, expressa em textos ora construídos tradicionalmente, ora fragmentados, conversa muito com sua obra como um todo, e conversou muito comigo, enquanto fã. pra mim, o mais gostoso de tudo - além da fofoca - foi ver, nas crônicas, fragmentos do que viriam a ser trechos importantes de livros seus que são meus favoritos, como Um Sopro de Vida e o próprio Água Viva.
eu amo Clarice, amo me deitar sobre sua palavra, beber dela, confundi-la comigo.