Verão no Aquário

Verão no Aquário Lygia Fagundes Telles




Resenhas - Verão no Aquário


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@thereader2408 04/04/2022

Um complexo relacionamento entre mãe e filha
Verão no aquário foi publicado em 1964, é o segundo romance de Lygia Fagundes Telles, que nesta obra, empresta a sua voz à narradora Raiza. O enredo desenhado por Lygia permeia um embate entre gerações, mãe e filha, Patrícia e Raiza, escritora e aspirante a pianista. Duas artistas com personalidades distintas dividindo o mesmo espaço e que disputam o mesmo homem, pelo menos é o que Raiza pensa.

Raíza é uma jovem problemática em plena crise existencial, ela guarda memórias dolorosas do pai falecido que se perdeu no alcoolismo. A moça cultiva uma rivalidade velada com a mãe, uma bela escritora famosa, mas ao mesmo tempo sente ciúmes e uma grande admiração. Conhecer o mundo de Raíza é como mergulhar em ambiente abafado, tenso, sufocante, como um aquário.

Os 15 capítulos não apresentam uma linearidade temporal, passamos pelo presente e passado, às vezes intercalados, e também temos acessos a pensamentos e sonhos. No decorrer das páginas vemos a jovem imatura e vida louca crescer, aos poucos ela vai descobrindo que a vida em um aquário, apesar de segura, não é uma vida completa. As mudanças mais profundas chegam com André, um jovem noviço de infância difícil que está dividido entre sua vocação religiosa e seus surtos depressivos.

Dois fatos são marcantes na prosa de Lygia: o destaque dado à vida urbana e o papel feminino. O livro foi publicado em um período de intensa efervescência política, de mudanças sociais e grandes alterações na estrutura familiar que afetou a função sociocultural da mulher da década de 1960. Lygia explora muito bem a psicologia feminina em suas obras, fica clara em sua narrativa a reivindicação de direitos e a discussão de pautas importantes para mulheres.

O clima de insegurança e instabilidade interferiu na autoconfiança de jovens mulheres da época, como no caso da protagonista. Solidão, desejo, rejeição, dor, vontades e frustrações são mostrados como fragmentos da vida de Raíza, e assim como suas memórias que parecem deslizar e derreter com o calor. Um evento importante acontece no final do livro, como uma tempestade de verão, os ventos mudam e passam as estações para Raíza.

@thereader2408
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Lala 13/02/2022

?Você acha que eu represento?[?]
?O tempo todo,compreende??

Eu não ia escrever sobre esse livro, mas não escrever está me deixando mais inquieta do que o fato de não saber escrever sobre ele.
~
Gosto de imaginar que a Lygia é uma costureira.
Ao abrir o livro, não estou só fazendo essa ação, como também, estou abrindo a minha alma. Estou dando acesso livre as minhas cicatrizes e as feridas em aberto.
Junto ao virar das páginas, certas feridas, vão sendo costuradas pelas palavras. Não é dado o nó final porque, se tem algo que os livros dela me ensinaram, é que só eu posso ter essa função. Só eu posso finalizar a costura.

?Somos nós as palavras[?]E eu? Que palavra serei eu?"
~
Com uma prosa de tirar lágrimas e fôlegos, Lygia mais uma vez me tocou de uma forma profunda e inexplicável.
Assim como ?ciranda de pedra?, eu sinto uma urgência para falar sobre esse livro, mas me encontro em um estado que meu ar me foi tomado.
Eu estou dentro do aquário e?
eu preciso de ar. Desesperadamente.
Porque eu preciso que a vida continue, eu preciso viver. Eu preciso ser.
(Nós precisamos)
~
A uma vastidão em seus livros. De sensibilidade e de força. De imaginário e real.
Há estrondos.
E eu digo isso, principalmente, com relação as palavras que foram escolhidas. Muitas das quais são fortes, mesmo para falar de algo considerado-ingenuamente- supérfluo. Até porque, Lygia é daquelas autoras que não colocam nada ao acaso. Tudo tem significado.
Objetos como eternidade. Sons como atormento. Luz e escuridão como símbolos.
Tudo clama. Tudo se debate. Tudo se submerge ou?.afoga.
~
?Mas pelo menos eles lutariam. E nesse aquário não há luta, filha. Nesse aquário não há vida.?
O presente se torna dependente do passado.
Incapaz de ser igual ao passado, mas com uma incompatibilidade com o presente.
O imutável, é necessitado pela protagonista.
Raíza vive dentro do seu aquário, ao qual
não quer sair.
Porque é confortável. Porque é seguro. Porque é conhecido.
Sem se deixar conhecer águas novas. Lutar. Se encontrar. Viver. Se permitir.
Por mais que diga aos outros que ela está buscando uma nova versão de si mesma.
Ela não consegue deixar para trás quem ela é.
(Porque talvez, ela não devesse.)

?Estou só, logo, existo.?
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Giovana.rAdua 27/01/2022

Invejo Lygia por sua genialidade tremenda, invejo quem ainda não leu esse livro pois terá a oportunidade de lê-lo pela primeira vez com aquela fome que só as primeiras vezes trazem, e invejo ainda meu eu do futuro que retomará a ele feito Bíblia, ritualisticamente.

? ? André, não será tarde demais para qualquer coisa?... Talvez seja melhor continuarmos exatamente como somos, nos aceitarmos com coragem.
? Mas isso não é coragem, Raíza, é covardia.
? Somos assim tão ruins? ?
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Janis 02/01/2022

Perfeito
Que livro perfeito!!!! Senti um misto de irritabilidade, pena e amor pela Raíza, uma personagem tão ambígua e envolvente. Na verdade, eu amei tudo no livro. É incrível pensar que eu vivo no mesmo país em que a escritora deste livro vive e respira.
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Kênia 28/12/2021

Agora sim o ano pode acabar. Que leitura demorada e arrastada foi essa, meu deus! No fim, gostei do livro, gostei do final, mas bem difícil chegar ao fim.
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Lucas1429 30/11/2021

Revolução de verão (fora do aquário)
Me adianto a justificar as três estrelas: antes elogiosas que pejorativas, anotadas pois de um afeto comedido, pessoal. Lygia é minha autora brasileira cativa, e este livro com sua pontaria certeira, como só a menina de São Paulo sabe lançar fogo, vem tímido após grandiosos monumentos, tais quais "As Meninas" e "Ciranda de Pedra" - em minha ordem de leitura, não cronológica de edição. Citando os romances; nos contos, similar à prosa Lispectoriana, a soberba é ainda maior, e acompanhada de razão.

Mas aos louros: Lygia mais uma vez trespassou o status de escritora da burguesia, ela simplesmente tem o prazer de detoná-la, incitá-la e desnudar sua mea culpa. São esses seres complexos, quiçá economicamente distantes, que datam da vivência da autora que as expressa em redução de danos. E como não apreciá-las em seus tempos datados, em que a obra romanceada vem completa do pretérito secular, período de desassossego social e político. Na frente da urbanização crescente e desagregação familiar, suas jovens protagonistas, sempre mulheres, cumplices de sua criadora, sempre avistam os espectros contemporâneos e vindouros. Raíza aqui, portanto, é uma jovem adulta preparada para o mergulho além mar, fora da caixinha vitral título - aliás, as metáforas são presenças pertinentes em cada traçado do texto.

Com ela, acompanhamos sua trajetória narrada nos meandros dos anos 60 (data de publicação, também) como a própria peça-chave de seus acontecimentos. Cercada de regaços juvenis típicos, namorados, festas, bebidas, Lygia lhe permite transcender contra o tradicionalismo (ela que sempre liberta suas criações do moralismo, fazendo isso mesmo, concedendo liberdade); mas muito em vão, Raíza é perdida em sua confluência característica. Mais ainda no enamoramento platônico por André, um seminarista amigo íntimo de sua mãe que ela julga serem amantes. Trava sua guerra pessoal materna ali. Isto, soa como um capricho imaturo; contata-se maduro aos olhos do espectador ao longo das páginas até seu fim.

A obra aflui, talento de sua criadora, costura-se bem espécimes corriqueiros de um bem comum qualquer, pessoas de tipos, tamanhos e comportamentos, tias pacatas, primas esparramadas, amantes singulares, condutores do entorno de Raíza, em que até mesmo Patrícia, sua mãe disciplinada a martelar a máquina de escrever diariamente na concepção do novo romance, não escapa da postura que a filha atribuí como detratora de sua relação com a progenitora. A jovem é apenas conciliadora de sua internalizada jornada inconclusa, perdida (em andamento). Na busca por respostas, na estirada disposta para nós por Lygia, é clara a defesa à protagonista: ela espelha-se em milhões de rostos a fora. Nosso verão permeia-se de atitudes de enclausuramento inato, acalorados, superados quando possível na mudança de estação. Há aí a joia que pode se exprimir em corações leitores a avaliá-lo melhor, juro que não ficarei malogrado.
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est.0 08/10/2021

uma escrita tão singular. confusa, mas envolvente. distância e atemporal. sentimentos e acontecimentos embaçados que de repente se tornam as coisas mais claras aos olhos da vida de quem lê.
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Xianxian 06/09/2021

Um
Conta a história de Raíza, uma mulher que se afundou nos vícios, após a morte do pai ela começa a se questionar sobre a vida que levava, revirando seu passado enquanto tenta compreender a sua misteriosa mãe.
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Monyse.Almeida 25/08/2021

Fascinante
A escrita de lygia é tão singular, nesse segundo romance que estou lendo da autora me sinto mais adaptada e apaixonada por sua escrita.
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Nado 23/07/2021

Romance nacional escrito por uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos, a qual temos a alegria de celebrar a sua presença entre nós.
Verão no Aquário é centrado na vida de Raíza, jovem que vive em constante conflito com sua mãe e que relembra o passado com seu pai alcoólatra. Esse embate com Patrícia, sua mãe escritora, se intensifica ainda mais quando a jovem começa a perceber que sua mãe tem uma ligação além da amizade com André, um ex-seminarista, e com o qual Raíza começou a nutrir uma paixão que aos poucos vai tomando conta de si.
Esse tema central é um estopim perfeito para que um romance tenha um triângulo amoroso e que nas mãos de Lygia Fagundes Telles consegue atingir outro patamar. Rico de diálogos primorosos, com pegada cult e referências culturais em vários momentos, o leitor ficará preso nessa narrativa de Raíza, mas uma dúvida começa a pairar. Será que ela realmente está se apaixonando por André ou ela acredita que esse amor é maior do que parece devido a essa rivalidade enraizada com sua mãe? Isso não sou eu quem vai lhe dizer rs
O que me marcou na leitura foi a intensificação do sentimento de solidão, de desejo e de rejeição que aparentam ser opostos, mas que podem estar tão próximos um do outro. Juntos eles têm o poder de tecer atitudes e, assim, marcar uma fase com emoções mais dolorosas do que deveriam ser. Nesse tipo de cenário, que pode ser mais claustrofóbico do que um uma caixa de vidro abafada e quente, o indivíduo procura buscar alguns momentos de respiro para encontrar alguma distração e assim os dias possam se tornar mais suportáveis.
?Verão no Aquário? é uma das leituras do projeto ?Lendo Mulheres Nacionais? conduzido pelo @eu_rafaprado do qual participam queridos amigos que fazem os mais calorosos debates. Todo mês lemos a obra de uma autora nacional e já estou ansioso para o próximo.
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Rodrigo 22/07/2021

Relações familiares
Uma história que nos envolve a cada página e permite que percebamos como as relações familiares são importantes para nos conhecermos e tomarmos decisões mais assertivas.
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Becca 14/07/2021

Meu segundo livro da autora e já arrisco dizer que Lygia não decepciona. Sua escrita é tão linda, tão delicada e ao mesmo tempo tão profunda com todas as analogias, metáforas e lirismo que me deixam encantada por cada frase construída por essa mulher. Os personagens como sempre muito bem construídos, e algumas vezes até detestáveis como a própria Rayza, mas extremamente humanos e reais, nos trazem tantas reflexões e fazem com que em muitos momentos o leitor se reconheça neles. Com toda certeza já sou fã de Lygia Fagundes Telles e espero ansiosamente minhas próximas leituras dessa escritora fenomenal.
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ordinary.beraldo 09/07/2021

uma das coisas mais marcantes que li na vida.
lygia conseguiu entregar um verdadeiro romance "lusco-fusco" ou "chiaroscuro"... um romance que traz à tona memória, traumas (e seus impactos naquilo que vem depois de passado), decadência e amor em sua forma mais estranha (e real) possivel.
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
Eu sou o Rafa e tenho um clube do livro que se chama ?Lendo Mulheres Nacionais?, este mês estamos lendo Verão no Aquário da Lyginha! Da uma olhada no meu IG : Eu_Rafaprado , quem sabe você não se anima em participar




Marcelo217 28/06/2021

Uma tragédia contemporânea
Mesmo que tenha sido publicado nos anos 60, essa história tem uma atmosfera muito atual. É o meu segundo da Lygia e não estou decepcionado!

A escrita característica é envolvente desde a página 1. Acho incrível como ela consegue desenrolar uma história dessa forma. Os fluxos de consciência misturados a narração faz ao mesmo tempo uma leitura dinâmica e vacilante. É exatamente o que acontece também em As Horas Nuas dela. É possível ver muitas semelhanças entre os dois livros; o nome das empregadas ser Dionísia, a tensão familiar, a forma meio decadente dos personagens, os romances entre personagens com um espaço de idade grande, a pegada espiritual. Mesmo com todos esses itens em comum a história continua original.

Acho muito fascinante essa atmosfera cult e sofisticada que ela dá aos personagens sem necessariamente trazer opulência ou luxo aos ambientes onde acontecem as histórias. Os diálogos ao mesmo tempo que são corriqueiros, trazem perspectivas tão maduras e sábias aos assuntos da trama, mesmo nas personagens Raíza e Marfa que são mais jovens.

Genial os diálogos sobre espiritualidade, morte e amor que a personagem Raíza tem com Fernando. Me deu muito o que pensar e refletir. Também como em As Horas Nuas, os personagens lidam com traição de uma forma muito prática e fria, o que me deixa sempre a questionar se isso acontece mesmo na vida real.

História muito boa, misteriosa, personagens originais e com atitude, além de uma tensão entre eles que é quase incômoda. Mesmo sabendo que a proposta é essa narrativa que gira em torno da personagem Raíza, fiquei com vontade de ler mais sobre o cenário em geral. Ficou muita coisa subentendida que poderia ter sido mais explorada, como o triângulo amoroso entre Raíza, Patrícia e André. Com certeza lerei mais coisa dela e já to fascinado pela forma como ela escreve.
sah 28/06/2021minha estante
amei a resenha, fiquei com vontade de ler :)


Daniel 28/06/2021minha estante
Próxima leitura!




Diessica 27/06/2021

Poético e profundo
Pode parecer estranho, mas sinto que li esse livro no momento certo. A escrita é muito poética, não tenho muito o que dizer, ótima leitura.

????
@eu_rafaprado 13/07/2021minha estante
Eu sou o Rafa e tenho um clube do livro que se chama ?Lendo Mulheres Nacionais?, este mês estamos lendo Verão no Aquário da Lyginha! Da uma olhada no meu IG : Eu_Rafaprado , quem sabe você não se anima em participar




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