Dhiego Morais 22/05/2022Adorei!#liemderryindica | A Alcova da Morte | Guanabara Real #1 | @aveceditora | @azcordenonsi, @nikelenwitter e @eneias_tavares | Steampunk | 240p
E se o multiverso brasileiro abrisse sua linha temporal para uma versão Steampunk do século XIX? É mais ou menos isso que acontece em "A Alcova da Morte", primeiro livro de uma provável duologia pensada e elaborada cuidadosamente pelas mentes curiosas de três grandes escritores: Nikelen Witter, A. Z. Cordenonsi e Enéias Tavares!
A Guanabara Real é uma agência de detetives que se atém a investigar casos alheios, indesejados e mal quistos pela polícia republicana. Formada por três altivas personalidades (sim, uma de cada autor), temos: Maria Teresa Floresta, uma madame que não teme arregaçar as mangas para o que der e vier. Inteligente e perspicaz, Maria Teresa tem grande influência na aristocracia carioca, com boa relação entre os mais desfavorecidos e as crianças marginalizadas. Há, inclusive, certos ares detetivescos de Agatha Christie em sua construção, bem pensada por Witter.
Firmino Boaventura é um jovem preto cientista, um engenheiro positivista que enxerga na ciência a solução para vários casos. O retorno a uma sociedade demasiadamente preconceituosa faz com que Firmino precise se auto afirmar e se provar continuamente. Por portar uma mão mecânica, Firmino traz ainda mais do Steampunk a um Rio em expansão industrial.
Remi Rudá, por outro lado, de ascendência indígena, traz um resgate do nacional brasileiro, do misticismo, da natureza e da cultura essencial à proposta de um cenário e elenco plural. Remi é o oposto de Firmino, e suas relações com o oculto proporcionam momentos incríveis de suspense, ação e reflexão.
Quando um corpo é encontrado nas profundezas do Corcovado, a Alcova da Morte, como é chamada, passa a atrair a atenção da sociedade brasiliana e da agência Guanabara para as ações do Barão do Desterro, proprietário. A inauguração da estátua no Corcovado vira um caos que se estende até o último dos 21 capítulos.
Narrado sob a voz dos 3 protagonistas (um preto, uma mulher e um índio), o leitor acampanhará está nova realidade de um Rio de Janeiro Steampunk em que sangue e fumaça alimentam as engrenagens.
A narrativa em 3 povs agrega muito à narrativa, contribuindo para um desenvolvimento pleno das personagens e do cenário.
Em resumo: já quero ler a continuação!