Carine 10/12/2022O homem que nunca deixou de ser o ?Menino?O Leitor (ou originalmente Der Vorleser) é um romance alemão escrito pelo professor de direito e juiz Bernhard Schlink e que em 2008 teve uma adaptação para os cinemas com direção de Stephen Daldry, totalizando cinco indicações ao Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Atriz), entre outros prêmios e indicações.
O enredo nos apresenta Michael Berg, um jovem de 15 anos que inicia um relacionamento com Hanna, uma mulher misteriosa de 36 anos.
Em seus encontros secretos, sempre na casa dela, eles criam um ritual no qual Michael lê para Hanna e depois fazem amor. Porém, de repente, Hanna desaparece da vida de Michael.
Esse primeiro abandono marca a vida do jovem, suas relações futuras são eternas buscas, sempre infrutíferas, da essência de Hanna.
Anos mais tarde, já na universidade de direito, ao assistir um julgamento com sua turma, encontra Hanna envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazista.
E agora, o que acontece?
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Nunca entendi bem como alguém pode ler esse livro e não vê a perversidade de Hanna, sua falta de responsabilidade e seu total descaso para com o menino.
Aqui vemos o relato de uma predadora sexual, que sim, abusa da ingenuidade e inocência de um jovem inexperiente... Ah, Carine, Michael queria, ele busca Hanna. Sim, ele busca mesmo, mas isso justifica?? Se fosse uma jovem de 15 anos com um homem de 36 anos, vocês achariam a mesma coisa? Pensem nisso. Um homem não é menos vítima apenas por seu sexo!
Michael, que já se sentia negligenciado pela família e nunca mais se recupera do abandono dessa mulher, vive uma meia vida, buscando em todas as mulheres o que nem ele bem sabe o que é.
Ele quer Hanna, com suas violências verbais, com seu domínio sexual e com todas as suas primeiras vezes. Não é assim que muitas vítimas de violência doméstica se sentem? Síndrome de Estocolmo? Alienação? Os sinais estão ali para quem quiser ver.
Hanna para mim não é nem mesmo digna de pena, o livro nos mostra como sua ignorância só justifica suas ações até certo ponto. Uma mulher analfabeta, que por orgulho e vaidade comete crimes atrozes. Uma mulher que busca sempre os fracos, os rejeitados e oprimidos, fez isso nos campos de concentração e fez fora deles. Hanna não é vítima e não merece nenhum pingo de empatia. Ela é sim usada como bode expiatório já que as demais acusadas usam seu próprio orgulho contra ela - o único ponto que posso simpatizar com ela é esse: pelo menos foi verdadeira consigo mesmo, tinha ?sua dignidade?.
O livro vai trazer grandes debates sobre responsabilidade coletiva, uma geração inteira culpada por omissão, afinal quem nunca virou o rosto? Nunca pensou ?ah, não é comigo!?? bem, imaginem o peso que deve ser para uma geração inteira de homens e mulheres vivendo a vergonha disso!
O livro é brilhante, completo, triste e muito tocante.
Um livro que me encantou, me seduziu e me deixou deprimida - e por isso, em minha humilde opinião, é do tipo perfeito!
Leiam e tirem suas conclusões sobre Hanna e a Alemanha pós nazismo!