João 03/09/2017
THE HATE U GIVE, ANGIE THOMAS
existem livros que parecem que foram feitos na hora certa. creio que você tenha visto que recentemente, tivemos alguns protestos nos estados unidos, onde uma galera de extrema direita e supremacia branca saíram as ruas, além de grupos neonazistas. quando vi a chamada na tv pela primeira vez, eu poderia jurar que achei que se tratava de algum documentário sobre a segunda guerra mundial, mas não, era notícia real, em pleno mês de agosto de 2017. não apenas quanto a isso, volta e meia vemos notícias também quanto a perseguição aos negros nos estados unidos, principalmente no que diz respeito a conflitos com policiais e a impunidade do poder judiciário americano, vide o movimento black lives matter. essa discussão veio muito à tona ultimamente, sendo até feita música sobre o assunto, por ninguém mais, ninguém menos que beyoncé (óbvio que tem uma porrada de artistas que já fizeram composições sobre o assunto, mas mencionei beyoncé porquê é que eu mais conheço), que após o lançamento de formation, sofreu ameaça de boicote por parte dos fãs, e até mesmo de policiais, que afirmaram não manter a segurança nos shows da cantora. nesta linha de raciocínio, angie thomas escreveu seu primeiro livro, intitulado the hate u give, que tive o prazer de ler recentemente, e vou contar um pouco pra vocês dessa experiência e o que achei ao longo da leitura.
história: o livro nos conta a história de uma menina chamada starr, de 16 anos que mora num bairro chamada garden heights, bairro periférico nos eua. entretanto, starr tem uma bolsa em um colégio particular, sendo uma das únicas alunas negras que estudam lá. posso estar enganado, mas são apenas dois alunos negros na escola. no começo do livro, starr está em uma festa com uns amigos, até que de repente, um tiroteio, dentro da festa, faz com que starr e khalil, seu amigo que a acompanhava, vão embora, mas são abordados por uma viatura policial, e no momento que a policia solicita os documentos do carro para khalil, ela faz com que ele saia do carro e acaba atirando no rapaz de apenas 16 anos também, que acaba falecendo.
a morte de khalil faz com que starr seja a única testemunha que estava no momento do crime, e a única capaz de fazer a diferença no julgamento da morte de seu amigo de infância que poderá condenar o policial que o matou. porém, ela tem muito do medo do que pode acontecer, pois a morte dele não foi esquecida pelos moradores do bairro, onde aconteceram protestos contra a policia, em nome de várias pessoas que, assim como khalil, foram mortas injustamente, e os policiais responsáveis nunca foram devidamente condenados.
além desta parte da história, o livro também retrata claramente a situação de starr em uma escola de maioria branca, e faz com que nós, leitores, e principalmente os brancos (onde eu me encaixo), nos questionemos quanto a certas posturas que muitas vezes tomamos, algumas vezes involuntariamente, que ofendem o próximo.
ao final do livro, a autora traz uma lista de nomes de algumas pessoas que foram vítimas assim como khalil, fazendo a história ser ainda mais real. quando você se depara com notícias nesse sentido, em pleno século XXI, faz com que a gente perceba que no final das contas, a humanidade parece que está andando para trás, esquecendo muitas coisas que já foram garantidas pelas pessoas, mas que, infelizmente, no papel não significam nada.
o racismo, assim como outros preconceitos, ainda existem e muito, e estão presentes aqui na minha cidade, no meu estado, no meu país, e no seu também, independente do local onde você mora e/ou esteja lendo essa resenha, mas isso não quer dizer que você não possa combatê-lo da sua forma.
quando você se depara com uma atitude preconceituosa, e você se omite, você está do lado do opressor. não se esqueça. faça sua voz e sua opinião ser escutada por aqueles ao seu redor, sempre que der.
todo amor.
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