Lina DC 09/07/2017O Holocausto foi a perseguição e o extermínio de cerca de seis milhões de judeus pelo Partido Nazista de Hitler durante o Terceiro Reich. Porém, existem pessoas que negam a existência do Holocausto. Essas pessoas afirmam que a quantidade de judeus que morreram é bem inferior à que ficou na História, ou ainda que Hitler e o Partido Nazista nunca tiveram a intenção deliberada de matar judeus. David Irving é uma dessas pessoas.
"Em 1988, quando o governo canadense condenou Ernst Zundel, um imigrante alemão, por promoção do negacionismo do Holocausto, Irving testemunhou a favor de Zundel. Disse no tribunal que não havia uma "política do Reich para o extermínio de judeus", "nenhum documento sequer demonstrando que o Holocausto acontecera" e que as câmaras de gás para extermínio em massa eram uma impossibilidade. Desde então, Irving negou sistematicamente o Holocausto." (p. 16/17)
"Negação" é um livro baseado em fatos reais que trata de uma das maiores vergonhas da história mundial. Por conta do processo contra Deborah E. Lipstadt , a autora precisou realizar uma análise histórica para provar sua inocência, pois na Inglaterra, não existe presunção de inocência. quando Irving acusou Lipstadt de difamação, ela teve que provar que ela era inocente. Ela teve que provar que Irving era, de fato, um negacionista e para isso, teve que provar a existência do Holocausto.
"No fim das contas, eu estava redondamente enganada. Irving levaria tudo muito a sério, assim como também o fariam os tribunais britânicos. O fato de minhas fontes estarem todas documentadas não me protegeu no Reino Unido como me protegeria nos Estados Unidos. Aliás, eu já saía em desvantagem. O sistema jurídico britânico colocava o ônus da prova em minhas mãos, como ré. Era um imagem espelhada da lei americana: nos Estados Unidos, Irving teria de provar que eu menti; no Reino Unido, cabia a mim provar que estava dizendo a verdade." (p. 18)
O livro é dividido em cinco partes: O Prólogo, que mostra o momento em que Deborah recebe uma carta de sua editora explicando sobre o processo que Irving estaria abrindo contra ela por difamação, O Prelúdio, que discute os aspectos anteriores ao julgamento, como a estratégia da defesa, O Julgamento, que vai analisar cada teoria de Irving, incluindo os documentos apresentados por ele, O Resultado e O Posfácio.
No Prelúdio, temos uma visão mais pessoal da vida da autora, onde ela explica o interesse em estudar o Holocausto, como foi sua criação e como foi crescer em uma casa ortodoxo-moderna em Manhattan, em uma época que milhares de "refugiados" chegavam ao país.
Sem dúvida, a parte do Julgamento em si, em que observamos as teorias de Irving e a forma como ele tenta banalizar esse terrível marco da nossa história é a parte que mais impressiona durante a leitura. Nós saímos do presente (o momento do julgamento) e voltamos no tempo, indo parar em um lugar sombrio, doloroso e repleto de perdas.
Durante a leitura, observamos que Irving realmente acredita nas suas teorias, de forma tão fervorosa, que em alguns momentos, as pessoas param para prestar a atenção e até mesmo questionar determinadas situações, como no caso das 500 mil pessoas que haviam morrido envenenadas pelo gás no crema 2.
"Apesar de seu histórico de distorções e mentiras, Irving havia nos seduzido a ponto de levarmos suas teorias - ainda que apenas por um momento - a sério." (p. 199)
"Negação" é um livro extraordinário que não apenas fala da história da humanidade, mas que apresenta uma mulher que lutou com unhas e dentes para manter a integridade e falar por aqueles que não estavam mais presentes.
"Irving está mirando em você, mas está acertando toda a comunidade judaica e a verdade histórica." (p. 66)
A Universo dos livros realizou um ótimo trabalho de revisão, diagramação e layout. O livro ainda conta com respostas a perguntas frequentes que a autora recebeu, uma nota falando sobre a autora e notas de fim, onde consta toda a literatura citada durante todo o livro, como manuscritos, publicações, entre outros.