Vitória 13/08/2017
"Quanto tudo começou, eu só me importava em conseguir beijar Jesse Ford"
O que você faria se descobrisse que sua cidade vai afundar? Que tudo, literalmente, irá por água abaixo? Para Keeley, a única coisa que importa é beijar Jesse Ford.
Os cientistas já haviam avisado há um tempo, e a previsão só se confirmara: Aberdeen está indo por água abaixo. Toda a cidade deixará de existir em questão de alguns meses, e seus habitantes devem sair o mais rápido possível. A tempestade que caiu causou vários estragos, árvores quebradas e casas destruídas são apenas alguns exemplos. Enquanto alguns dos moradores se preparam para sair o mais rápido possível, para Keeley é a oportunidade de confessar para Jesse o amor que sente e aproveitar o tempo que ainda resta com seus amigos.
Mas aos poucos, assim como Aberdeen, a vida de Keeley começa a afundar, gradualmente. Pequenos erros e mal entendidos vão preenchendo os últimos momentos de sua vida na cidade onde sua família morou e viveu há mais de um século, forçando-a a repensar algumas atitudes, e se arrepender gravemente de outras.
Eu e você no fim do mundo era um livro que já estava há bastante tempo na minha TBR de 2017, e que não havia saído da lista ainda por fazer parte da enorme lista de livros que só existe em e-book ou físico, nunca em pdf grátis na internet, e graças a uma amiga, que me deu de presente junto com outros dois livros que faziam parte dessa lista que só cresce mais a cada dia (Os quatro cavaleiros, de Veronica Rossi e The Underground Railroad, de Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer 2017) trago a vocês, 6 meses depois do lançamento, a resenha de Eu e você no fim do mundo.
A sinopse é simples: Aberdeen está afundando, ou vai afundar, daqui a uns meses. E tem essa garota, a Keeley, e a sua melhor amiga Morgan, as duas se conhecem desde o berço porque suas mães também são muito amigas. O pai da Keeley é descendente de uma família que mora em Aberdeen há mais de 150 anos, e esse é um dos motivos que o levam a não concordar de imediato com as palavras dos cientistas, nem do governador, prefeito ou muito menos o xerife.
Em nenhum momento a narrativa se tornou tediosa ou enjoativa, e pode ter parecido clichê para alguns leitores, mas na minha opinião, ela correu de forma tranquila e sem nenhuma variação, permanecendo com 4 estrelas do início ao fim. Uma coisa que achei interessante é que as aberturas dos capítulos vêm com a data em que aquele momento está acontecendo e uma rápida previsão do tempo, começando com um tempo nublado de 9ºC e finalizando com 15º à tarde, esquentando e esfriando nos momentos mais críticos da história, fazendo alusão á previsão de como seria aquele capítulo que está sendo iniciado.
“Ah, mas e sobre os personagens? A escrita? Diagramação?” Não há o que dizer sobre esses, nenhum personagem se destacou tanto, apesar de Levi merecer um comentário sobre sua excelente capacidade de esconder o sentimentos, mesmo que eu estivesse desconfiada de suas verdadeiras intenções desde o pós-momento crítico do Baile de Primavera, acredito que Levi não seguia todas as regras porque queria (mesmo que algumas ele fizesse questão de cumprir) mas por ser filho do xerife do condado, ele precisava dar o bom exemplo. Em diversos momentos vemos falando-o sobre o que aconteceria se fosse pego pelo pai, ou se algum policial descobrisse o fazendo determinado tipo de atitude que não é correta, o que nos dá a ideia dos tipos de castigo corretivo que deve receber quando está a sós com o pai, e pela forma se dirige e fala dele.
Achei muito bonito por parte da autora fazer o Levi se abrir justamente com a Keeley, quando ele não confiava em mais ninguém da escola. Fez ela se sentir menos pior cada vez que recorria a ele (o que achei meio exagerado, sendo tratado como alguém cuja presença não valesse tanto a pena ou fosse uma segunda opção) e isso ajudou a diminuir a distância entre os dois e construir uma amizade bonita, e provavelmente fazendo-a pensar duas vezes antes de criticar alguém pela forma como se comporta nos ambientes públicos.
A diagramação: achei muito bem feita, tanto interna como a da capa. Sinceramente é uma das capas mais lindas que já vi na Intrínseca. Gosto muito de visuais clean e simples nos livros, sem muito exagero ou informação que possa causar poluição visual. A parte da lombada também é muito bonita, os tons metalizados ficaram perfeitos e os desenhos nas orelhas do livro são uma ótima sacada. O verso do livro, foi preenchido com um pedaço da narrativa da Keeley, deixando o leitor curioso sobre do que ela provavelmente estaria falando, levando-o a ler a primeira orelha do livro.
No fim das contas, o livro cumpre mais do que promete, e acho isso incrível. Detalhar muito a sinopse geralmente estraga muita das surpresas que um livro pode dar a um leitor, o que não é o caso desse. Um livro 4 estrelas, que vale por 5 tranquilamente, só pelo pano de fundo original, mas que na história em si, não passaria de 3,5 para alguns leitores mais rígidos.
site: https://pagesdivoire.wordpress.com/2017/08/13/resenha-eu-e-voce-no-fim-do-mundo/