Ana 23/02/2023
Charlotte é um livro biográfico, escrito por David Foenkinos, sobre a pintora alemã Charlotte Salomon, que foi morta em Auschwitz aos vinte e seis anos durante a Segunda Guerra Mundial. O autor se baseou na obra autobiográfica Vida? Ou Teatro?, escrita por Charlotte pouco antes de morrer. Ainda não consigo expressar direito o que eu achei do livro e talvez vocês me entendam um pouquinho ao ler a resenha.
Charlotte foi uma pintora judia que descobriu o seu talento na adolescência. Digamos que nossa personagem tem um histórico de vida conturbado desde antes de nascer, já que, só para começar, ela leva o nome da sua tia suicida. No decorrer da narrativa, percebemos que o suicídio é algo comum na família de Charlotte, o que me assustou para caramba. O livro fala um pouco sobre como a pintora nasceu, como foi criada e, claro, foca bastante nos dramas familiares.
Creio que esse livro foi vendido de uma forma totalmente errada: "um romance que lembra poesia, com uma frase de impacto empilhada sobre a outra". Para começar, a narrativa não tem nada de poética. É realmente um empilhado de frases que, para mim, foram romantizadas erroneamente. A vida de Charlotte foi trágica e dura do início ao fim, não foi nada bonita. Impactante? Sim, mas de uma forma muito triste e nem um pouco romântica.
Eu achei engraçado o fato de o livro de Foenkinos ser baseado em um livro da própria autora. Juro para vocês que a sensação que eu tive foi que ele resumiu o Vida? Ou Teatro? meio que para facilitar as coisas, não de uma forma boa. Não posso dizer que não gostei do livro porque fiquei conhecendo uma mulher incrível, que passou por muita coisa e morreu de uma forma muito trágica e doída. Mas acho que, se eu tivesse oportunidade, teria lido a autobiografia da autora ao invés de Charlotte.
É uma leitura válida? Sim, mas só se vocês tiverem paciência de ler um livro que cada parágrafo é uma frase — e eu não estou exagerando. Achei bacana a iniciativa do autor de querer nos mostrar mais sobre uma mulher tão maravilhosa, mas não se esqueçam de que a vida de uma pessoa que perdeu entes queridos para a depressão e que viveu na Segunda Guerra Mundial nunca é bonita.
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