Vozes da Rua

Vozes da Rua Philip K. Dick




Resenhas - Vozes da Rua


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Wanderley 11/02/2023

Vozes da Rua foi escrito em 195, mas pulicado apenas em 2007. Já adiantava, para incômodo geral, a ameaça da depressão psicológica nas pessoas mais insuspeitas, um mal gigantesco à espreita do mundo. Philip K. Dick é referência mundial em ficção científica, com histórias que deram origem a grandes sucessos do cinema como Blade Runner, Minority Report, Total Recall (que no Brasil é ficou conhecido com o tosco nome de O Vingador do Futuro), O Homem Duplo, Os Agentes do Destino, entre outros.

O que poucos sabem é que os primeiros livros de Dick não eram sobre ficção científica. Estudante de filosofia, Philip aspirava a algo mais, digamos assim, tradicional. Dizem os seus biógrafos que o início de sua carreira foi marcado por um pendor autobiográfico. O fato é que um dia esbarrei numa livraria com Vozes da Rua, e me supreendi ao constatar que Dick tina um livro que não era de ficção científica. Não resisti, arrisquei e tive uma bela surpresa ao conhecer a história de Stuart Hadley, um jovem bonito, bem casado e com um filho recém nascido, com carreira promissora no comércio, morador de um bairro típico de classe média dos EUA nos anos 1950. Mas algo o angustiava e nada preenchia sua busca por um sentido para a vida. Stuart encarna à perfeição o lamento de Vinícius de Morais: "É claro que te amo / E tenho tudo para ser feliz / Mas acontece que eu sou triste...".

Em busca de uma razão maior, aspirando a grandes feitos, o personagem procura dar vazão às suas frustrações na bebida, em outra mulher, na religião e no trabalho. Nada o satisfaz. Fica claro que a famosa doença do século XXI, a depressão, já assomrava Stuart de meados do século XX. A narrativa alterna momentos intensos com outros mais arrastados. Provavelmente a intenção do autor foi contrastar o tédio de uma existência programada com o desejo por novidades. A linguagem é direta e os personagens são poucos.

Não há grandes lições de moral, muito menos a pretensão arrogante de deixar ao leitor um ensinamento edificante, no estilo autoajuda. Nada. A mensagem é seca, dura, e nos faz pensar sobre nossa relação com o cotidiano, com o que somos e o que queremos. Convida o leitor a um exercício de autopercepção, o que não é nada fácil para quem deseja ouvir apenas elogios ou conselhos baratos. A meu ver - e isso é uma impressão particular, depreendida da leitura e adaptada às minhas vicissitudes -, Vozes da Rua fala sobre o desencontro entre vocação e trabalho, entre a realidade e os devaneios que podemos alimentar. Principalmente, um desequilíbrio profundo entre altruísmo e egoísmo. Você faz o que gosta ou apenas busca a segurança de um trabalho sem sentido? Sabe pelo menos o que deseja fazer? Vive com quem lhe faz bem ou procura companhias que podem levá-lo a uma espiral de autodestruição? Se conforma com tudo por vontade própria ou por sugestão/imposição das "vozes da rua"? Pensar nos outros lhe parece um fardo ou um alívio? As respostas para essas indagações podem ser fáceis de dizer em público, quando todos procuram se mostrar felizes e adaptados. Mas no íntimo de cada um, são questões que se colocam diariamente e sobre as quais podemos mudar de opinião, dependendo do período da vida. Foi assim com o Stuart.
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Ivan Luiz 17/01/2013

fodasso, da era comunista nos eua
Ana 12/10/2022minha estante
?




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