Sparr 16/02/2021
Viva Arturus Rex!!
Trilogia incrível demais. As lendas Arturianas nunca me foram tão palpáveis quanto nesta abordagem do senhor Bernard Cornwell.
Definitivamente Artur era um homem que sabia como juntar os homens em lealdade, um líder. Isso é indiscutível. Mas daí a ser um bom estrategista, isso ele não era mesmo!! E não acho que seja a vontade de ser justo, que o tenha conduzido às más decisões. Artur simplesmente pensava à sua maneira e esperava que todo mundo pensasse exatamente igual. Artur esperava justiça em um mundo de homens injustos e ambiciosos.
A Guinevere segue sendo uma personagem que não me cativa. Ela pode se pintar de ouro, das lendas, Arturianas é a personagem a quem não me afeiçoo,se tu gostas dela, siga gostando, está tudo muito bem.
Eu amei o desfecho que o senhor Bernard fez para o Lancelot. Não esperava menos.
Gostei muito da construção dos acontecimentos nesse terceiro volume. De mostrar que para além de um conflito de reinos e expansões territoriais, o conflito era religioso, um embate onde o governo precisava da contribuição da religião e seu poder de influência sobre o povo. E não são exatamente assim, a maioria dos conflitos ainda hoje?
Eu senti me surpreendi demais com tudo o que segue para Nimue e Morgana.
Meu único ponto de incômodo, no geral, é o desfecho do livro. Muita coisa fica não dita, muita coisa corre, muita coisa some e tudo se atropela. Ainda assim, não retiro uma estrela dessa obra-prima. Porque o caminho para sua finalização foi de uma construção narrativa forte, fluida, empolgante, palpável.
Li as melhores batalhas que poderia ler, era como se eu estivesse presente, sentindo a pressão de uma parede de escudos, sentido o torpor da guerra, os cheiros, os medos, as mortes. A construção das lutas e do que leva a cada uma delas, é impecável.
De tudo o que eu poderia escrever sobre o encerramento dessa primorosa obra, preciso destacar Derfel. O verdadeiro herói. O verdadeiro arco de lealdade, que realmente amava o seu senhor, e amava sua Ceinwyn. Aprendeu com Merlin que o destino é inexorável, mas que mesmo assim, sem fé todos os caminhos se perdem. E que servir o tempo todo torna-se hábito, e se não se luta contra isso quando há tempo, no depois a vida só segue te carregando.
Derfel é um personagem cativante demais. Um exímio narrador. E construir um narrador em primeira pessoa de quem não se passe o tempo inteiro em desconfiança, é dom de poucos autores.
Senhor Bernard Cornwell entrega com maestria sua versão da vida de um homem, um rei, um justo, um bobo, um ingênuo, um apaixonado, um amigo, uma lenda.
No todo, tudo se resume em saber que: O Destino é Inexorável. Mas nem por isso os homens deixarão de lutar.