Retipatia 05/11/2018
Uma fantasia de alto nível!
Anelise é uma adolescente de dezesseis anos que vive em um pequeno apartamento com sua mãe. Suas maiores preocupações são as mesmas da maior parte das garotas da sua idade: provas e trabalhos escolares, videogames, o fato de que o garoto que ela gosta não gosta dela e por aí vai.
A vida se resume à esse pequeno mundinho, até o dia em que a mãe sai em uma viagem a trabalho e, inesperadamente, a notícia de sua morte chega. A forma como a notícia chega, em especial, faz parte da trilha de mistérios e desvendar de mundos que Anelise sequer imaginava existir.
Danial, o portador da notícia, é também o demônio que esteve com a mãe de Anelise em seu fim e jurou proteger a concorrente ao trono da Corte do Inverno, junto dos seus servos, outros demônios.
Além de ter que lidar com a dor da perda prematura de sua mãe, Anelise se vê agora rodeada de criaturas desconhecidas, que tanto parecem prezar por ela, tanto quanto a intimidam. Seu pequeno apartamento é transformado em refúgio, desconectado da realidade do plano terreno e ligado à outras dimensões, passa a ser tanto um clausuro quanto fonte de descobertas à candidata a princesa.
Conhecemos na narrativa, os outros demônios, que, mesmo sob a roupagem do corpo humano, são tão iguais quanto distintos dos reles seres humanos. Eles são: Azazel e Belial (que já foram um único ser), Samael, Sindri e Leviatan. Cada qual com suas próprias particularidades e habilidades, estão todos atados a Danial, que os comanda e segue com os planos de proteção de Anelise, mas, deixando-a de fora de tais planejamentos.
Nesse tempo em que passa com os demônios em sua casa, Anelise estabelece diferentes relações com cada um deles, descobrindo mais de si e de cada um dos seus protetores. Entretanto, nem tudo é o que parece. Algumas intenções não são as mais nobres e Anelise precisa conseguir caminhar por si mesma e descobrir segredos sobre sua própria magia e passado.
E, assim, uma grande revelação, aliada à um ato de auto-confiança, o curso de toda a história é alterado. Há muitos, mas muitos mistérios a serem revelados nesse novo mundo (ou seriam mundos?) mágico e misterioso que acabara de surgir para a jovem Anelise.
Os Cavaleiros do Inverno foi o tipo de leitura capaz de prender da primeira a última página. Sem exceção, a escrita da autora é limpa onde precisa ser e detalhada onde precisa, com associações, descrições e comparações deliciosas de ler. E, além dessa fluidez que a escrita permite, a história, em si, é incrível. Meu resumo nos parágrafos anteriores não chega a fazer jus à história, mas, escrever muito mais seria o mesmo que entregar pontos importantes da trama (e estou trabalhando a parte de resenhas spoiler free... kkk).
O mais interessante da fantasia criada pela Cecília é que ela é atrelada a realidade de um modo tão sutil e bem costurado, que a sensação de que tudo aquilo não apenas é real, como possível. São dimensões paralelas se entrelaçando e criando criaturas das mais variadas e poderes e reinos dos quais os seres humanos apenas sonham a respeito (ou nem isso). Há uma carga histórica criada para a dimensão da Corte do Inverno, de onde vem nossos demônios, que deixa tudo ainda mais interessante e desperta a curiosidade.
Os personagens são tão incríveis quanto a própria história a qual estão inseridos. Mesmo sendo seis demônios, intercalando-se na aproximação para com Anelise de diferentes formas, conhecemos um bocado cada um deles, e, num jogo bem perspicaz, ela nos faz gostar de todos eles (sim, todos!), mesmo que, de um modo ou de outro, seja impossível não ficar com um (ou vários) pé atrás com cada um. Afinal, são demônios, de uma realidade diferente, de uma cultura diferente, com costumes diferentes...
A nossa protagonista, Anelise, através da qual a história é narrada, é uma criatura incrível. Não apenas pelas descobertas que ela faz ao longo de sua jornada, sendo forçada a amadurecer de forma brusca, mas, convenhamos, ela se adéqua bem a todo o jogo astronômico que se desenrola à sua volta, assim como face à descoberta intrigante sobre seu passado.
E, para quem acha que a história possa ser pesada ou cheia de enrolação, longe disso! A edição tem apenas 207 páginas e inclui os dois primeiros livros da série, como já citei lá no comecinho do post. Além disso, há vários elementos que enriquecem a fantasia: descobertas e crescimento dos personagens, elementos e cenários fantásticos (nos dois sentidos da palavra), batalhas e conflitos, reuniões e debates, muitos sentimentos complicados e misturados e um toque de sensualidade. É a metáfora de um romance muito bem bolada, digamos assim.
Em curtas palavras, o livro é uma baita fantasia. Tudo que está no livro, cativa, prende e encanta. Sabe aquela história que, na pausa entre a leitura, a história não sai da cabeça? E que, quando termina, sua mente viaja até os acontecimentos e aos personagens com frequência, tentando desvendar e perceber detalhes antes não notados ou fazendo associações permitidas apenas quando se leu toda a história? Os Cavaleiros do Inverno (me refiro aos dois livros, é claro), é exatamente assim! Não me canso de desejar que a continuação da história seja logo publicada!
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