Nem todas as baleias voam

Nem todas as baleias voam Afonso Cruz




Resenhas - Nem Todas as Baleias Voam


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@raissa.reads 03/04/2024

Nem todas as baleias voam é um livro sobre um pianista americano de Jazz que vive em Paris e tem uma condição neurológica chamada cinestesia, ou seja, ao tocar ele tem a experiência vivida e autoconsciente de cada som e nota da música. Erik Gould sofre extremamente pela sua esposa que o abandonou/desapareceu sem nenhuma explicação. Por consequência, seu filho Tristan também começa a sofrer do distanciamento do pai e pelo abandono da mãe.

Certo momento, a CIA contacta Erik para fazer parte de um programa de Embaixadores do Jazz, que foi um programa que de fato existiu, em que os americanos pretendiam, de certa maneira, ganhar a Guerra Fria (e limpar sua imagem) com a arte e a cultura. Promovendo e trazendo inúmeros concertos além da Cortina de Ferro. Por um lado para mudar a percepção que o mundo tinha dos americanos e por outro, para cativar os jovens do leste europeu, para traze-los para causa capitalista.

Seu filho Tristan também tem a cinestesia e consegue ver seus sentimentos como pessoas. No momento que seu pai sai em turnê pelo programa da CIA, Tristan observa uma nova moradora em casa, uma velhinha que sempre o acompanhava. Com o tempo, Tristan entende que é a morte ao lado dele e ele começa a aceitar a morte como companheira. Essa velhinha que andava desarrumada, sempre curvada e muito triste começou a ser cuidada por Tristan. Ele dava banho na morte, maquiava a morte, arrumava ela para dormir, cedia o espaço na pequena cama para a morte. Levava a morte para todos os lugares e, como era muito velhinha, ele dava mão a morte para ajudar ela a andar com ele. Com isso, os cuidadores de Tristan começaram a observar ele andando muito devagar, sempre curvado, sempre muito triste, sempre muito sozinho. Esse livro me tocou muito nessa parte do relacionamento entre o menino e sua própria morte, ele não tinha medo.. ele queria ajudar a morte a estar com ele, como um neto que ama sua avó e quer ver ela bem.

Um livro contemporâneo com uma mensagem muito bonita, a naturalidade e fluidez de Cruz nos deixa muito a vontade com essa história que diaria que é quase uma realidade mágica.
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Valéria 19/03/2024

É um livro melancólico, que intercala ausências, que pressupõe loucura, que impõe o simples com clareza brutal. Peguei-o na livraria sem nenhuma pretensão com a surpresa de me por a pensar em baleias voando, pois valeu cada linha, Afonso Cruz passou a compor a minha lista de contemporâneos favoritos.

"Façamos das nossas memórias uma pedra de atirar contra janelas e partir o vidro que nos separa da chuva ...

... o eterno encolheu-se para criar o espaço, depois teve que reter a respiração. Alias, para viver é preciso reter a respiração como um mergulhador a imergir no mundo, experimentar o horror, vir a tona. A vida é a retenção da respiração da alma"
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MachadiAninha 03/03/2024

Que belezas que vivi lendo esse livro!
esse é o meu segundo de Afonso, e aparentemente ele não sabe o que é decepcionar. neste livro aqui, ele usa de um fato histórico (o uso do jazz pelos EUA como instrumento de "limpar a imagem" no pós guerra) para criar uma narrativa muito envolvente, sensível, que fala sobre tanta coisa! as reviravoltas também nos reviravoltam. sensível, instigante e muito tocante. adorei!
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Lusia.Nicolino 29/02/2024

Mais uma boa surpresa de Afonso Cruz!
Afonso Cruz é um dos meus autores contemporâneos favoritos. Nunca sei o que esperar dos seus livros, mas mergulho neles com a certeza de algo muito original e inusitado e nunca me decepciono! Acabei de ler Floresta de lã e aço que fala dos afinadores de piano, para encontrar
em Nem todas as baleias voam Erik Gould, um pianista de blues, que vê sons – em função da sua sinestesia - uma condição neurológica que faz com que o cérebro interprete diferentes sensações, por exemplo, um som pode representar uma cor, um aroma. Apaixonado por sua mulher Natasha, que ele não sabe onde está, precisa lidar com o filho Tristan nessa busca desesperada. Um garoto que conhece a morte e a trata como uma vovó. E como se fosse pouco, o contexto para essa história pessoal se desenrolar é a CIA, em plena Guerra Fria, organizando concertos de Jazz na União Soviética para atrair a juventude para a causa americana, para perceberem que não são tão maus nem racistas. Parece distópico, mas não é, a naturalidade e a fluidez com que Cruz nos conta essa história nos deixa muito confortáveis com ela.

Quote: "Tristan achava que os pais eram eternos: envelheciam, mas não morriam nem desapareciam. Habituamo-nos todos a que estejam sempre presentes para nos tratarem de uma constipação, de uma ferida nos joelhos, dos dolorosos revezes passionais da adolescência, agarram-nos quando tropeçamos, estão sempre lá, e é inimaginável que deixem de estar; por isso, o túmulo de um pai ou o desaparecimento de uma mãe parecem uma aberrante incongruência no tecido do cosmos. É uma espécie de ofensa do destino cair e não ter um pai a segurar-nos."

site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lu_nicolino_le
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Rafaela 18/02/2024

Gostava que coxeasses por mim
Afonso Cruz conseguiu novamente me transportar para um universo rico de magia e poesia. Depois de "Vamos comprar um poeta?", ele nos apresenta um menino sinestésico que vê seus sentimentos como pessoas e dá banho em sua solidão; um pianista que enxerga as notas musicais e toca a alma e o corpo das pessoas com a sua música; o mistério de uma amante e mãe que some sem deixar notícias, mas um rastro de saudade e aflição.

Os personagens são profundos, complexos e cativantes. A leitura pode ser um pouco arrastada com tanto vai e vem entre os relatórios investigativos do agente da CIA que está seguindo a história e a narrativa do núcleo central, mas tudo se encaixa e faz sentido (dentro do universo construído) a medida que você avança.

Para os amantes do realismo fantástico sutil e bem escrito, Afonso não decepciona!

"Aliás, para viver é preciso reter a respiração, para depois vir à tona, voltar a reter a respiração como um mergulhador e imergir no mundo, experimentar o horror, vir à tona, reter a respiração. O segredo está na capacidade pulmonar. A vida é a retenção da respiração da alma. Inspira, mergulha, volta à superfície, é isso."

5/5
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Maria1885 25/01/2024

Viciei
Primeiro contato com Afonso Cruz e adorei o livro. Peguei despretensiosamente na livraria( interessada pela capa e título rs) e me surpreendeu muito, não consegui parar de ler.Adorei Tristan e Dresner, personagens cativantes que senti falta de mais desenvolvimento nas suas narrativas. Apesar dos pesares,muito poético,gostoso de ler e intrigante! Quero ler mais desse escritor português
starsvhs 25/01/2024minha estante
Me interessei pelo título e pela capa também KKKKKK


25/01/2024minha estante
Vamos comprar um poeta é maravilhoso!


lucaismaia 25/01/2024minha estante
agora leia vamos comprar um poeta, é maravilhosooo


Paulo 25/01/2024minha estante
Trabalho numa livraria grande e lá esse autor está sendo bastante procurado e bem falado, especialmente "Vamos comprar um poeta", também publicado pela Dublinense, editora bem legal


Maria1885 25/01/2024minha estante
Obrigada pela indicação ? já vou comprar




Renata1004 08/01/2024

Aproximadamente a partir da página 100 fiquei apaixonada pela história. Uma celebração da arte, a maquiagem do mundo. A arte como expressão da dor, do amor. Um livro de amor que mais parece uma poesia sombria. Tem beleza na dor. Já diz o autor, na apresentação: "estamos demasiado familiarizados com esta ideia de dor e felicidade que, perversamente, se misturam e se engendram, mas também é verdade que tendemos a separar as duas como se tivessem existências autônomas."
A vida emerge do amor e da dor, a vida é moldada por tais experiências. Tal qual uma baleia que afunda e emerge. A vida acontece ao emergir, e a arte faz as baleias voarem.
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alice 12/10/2023

A vida é um pequeno intervalo na nossa morte
Meu primeiro contato com a escrita de Afonso Cruz foi com o livro "vamos comprar um poeta" e posso dizer que foi amor à primeira lida. Afonso tem uma narrativa poética que brinca com as linhas da realidade, trazendo elementos mágicos de uma forma tão sutil que fica difícil desacreditar de sua existência. Ele toca na ferida da alma mas toca de um jeito tão bonito que as lágrimas que vêm são uma mistura de dor e alívio.

"Já ouvi dizer que é possível morrer de tristeza ou de solidão."

Esse é um livro melancólico que esmiúça sobre ausências, sobre a loucura em seu extremo e como pessoas ruins encontram justificativas para seus atos. Evidencia o poder da música, de ser tocado por ela e do ato de dançar como se o Universo estivesse sendo criado ou destruído nesse exato momento, expõe a poesia que existe nas rachaduras das casas silenciosas, das ruas cheias e dos corações magoados. Afonso escancara o vazio, a cegueira da negação quando perdemos quem amamos e o brotar de uma esperança quando nosso olhar se direciona para um outro canto além da dor esmagadora.

Nem todas as baleias voam é um livro de título bonito, repleto de diálogos marcantes e que me fez pensar nas coisas que eu colocaria em uma caixa de sapato para levar até o museu do sentido da vida, também me fez pensar no que Tristan enxergaria se me olhasse; ele veria traças de preocupação a voar sobre a minha cabeça? Veria a velha morte acompanhando triste as ausências que sinto? Ou um sapato velho em meu ombro representando os arrependimentos que carrego? Não sei, mas assim como Tsilia, invejei a peculiaridade de Tristan em enxergar aquilo que escondemos no canto mais profundo de nosso ser.

"? Podemos deixar de ter medo?
? Não deve ser possível. Nem desejável.
? Não?
? Se não tivéssemos medo de nada, por que motivo não nos atiraríamos de um abismo qualquer?"
Gigi 15/10/2023minha estante
Nossa, que resenha mais lindaaa... já até adicionei o livro na minha biblioteca


alice 15/10/2023minha estante
Muito obrigada :) espero que goste da leitura.


Cristiane 16/02/2024minha estante
O Baleias me deixou confusa no começo pelo enredo. Ao final, a confusão já se tratava de sentimentos. A poética é contagiosa. Que bonitas suas palavras, moça! Realmente, ler os livros do Afonso Cruz (não só dele, claro) deixa a gente assim.




ElisaCazorla 01/10/2023

Gostaria que coxeasses por mim
Reli este livro para a Flim, Festa Literária de Maringá que acontecerá nos próximos dias e no primeiro dia, 04-10, teremos uma mesa com Afonso Cruz.
Estou muito ansiosa e animada.
Os livros dele, e este é um exemplo disso, são um perfeito equilíbrio com a tragédia e a beleza, a brutalidade e a poesia, a angústia e a beleza.

Gostaria de perguntar ao autor sobre como ele tortura sua inspiração para tirar dela essas histórias doloridas e belas ao mesmo tempo.

Gostaria de perguntar ao autor por que a morte decidiu se afastar de Tristan.

Gostaria de perguntar ao autor o que ele colocaria na sua caixa de sapatos.
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isabellamustdie 05/01/2023

Profundo, gutural e intenso
A princípio, o ritmo e a estrutura do livro podem causar estranheza. Seja pelo português de Portugal, para os leitores brasileiros pouco acostumados a consumirem literatura portuguesa (como eu), seja pela forma pouco tradicional de construir uma narrativa - marca registrada do autor. Nada disso é problema, porém: a história te fisga e logo você se enxerga naquelas páginas sobre arte, solidão, tristeza e falta de sentido, mas, sobretudo, amor.
É impossível não se encontrar um pouquinho em Dresner, Erik, Tristan, Tsilia ou mesmo Natasha. Os personagens são terrivelmente reais e suas histórias são densas e até mesmo sufocantes (e, apesar de tudo, bonitas também). Nem Todas as Baleias voam, afinal, parece ser sobre isso: a beleza que mora em nossos demônios e angústias; porque a habilidade de senti-los é, no final do dia, o que significa estar vivo.
É impossível sair a mesma pessoa depois dessa leitura.
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Robson68 13/12/2022

Podia desenvolver mais
Tenho certos fetiches com nomes diferentes de livros. Eles me atraem fortemente. Não conhecia a escrita do português Afonso Cruz. Pareceu-me muito particular, gostei da poesia por trás das histórias e das frases fortes. Talvez, o que pecou pra mim, foi a falta de desenvolvimento dos arcos de alguns personagens. Fiquei curioso e curioso permanecerei, porque acabou e não pareceu propriamente intencional. Entretanto, vale a leitura.
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