Dhony 31/10/2021
O livro trata de uma conferência proferida por Paulo Freire, em 1996, na Universidade de Northern, Iowa, EUA, tal como traz explicações de Walter Ferreira de Oliveira e de Nita Freire.
Paulo Freire é um dos brasileiros mais conhecidos e citados no mundo, laureado com títulos por diversas universidades ao redor do globo, é produtor de uma vasta obra sobre filosofia da educação.
Através de suas explanações e das perguntas dos ouvintes, demonstra como pensava e praticava a educação de forma democrática e esperançosa, ensinando sobre a formação do ser humano através da educação e da troca entre o professor e o aluno, sendo que um aprende enquanto ensina e o outro ensina enquanto aprende.
Em seus discursos, Paulo Freire ressalta a importância da junção entre a prática e a teoria para concretização de uma educação democrática ("meu discurso é minha prática"), havendo sempre a liberdade para o debate das ideias, sem nunca esquecer do respeito para com o educador e sua pessoalidade.
Ainda nesse sentido, salienta a importância da formação dos estudantes, devendo haver uma mudança dos moldes atuais, o que acarretaria uma transformação/construção do conhecimento e não a uma mera repetição de saberes. Assim, a educação, além da técnica, seria uma forma de entender e transformar o mundo e a realidade.
Sobre a solidariedade, que dá título ao livro, ele pontua que ela difere da caridade, sendo esta uma ajuda pontual, já aquela a luta pela justiça social. A solidariedade é a luta contra o fatalismo e sua retórica da impossibilidade de mudança da realidade fora dos padrões estabelecidos pelo capital. Padrões estes calcados na acumulação e lucros como valores fundamentais da vida e motores do progresso.
No que tange a educação, sendo esta permeada pelo fatalismo, vem sendo praticada de forma acrítica e afeita aos valores dos donos do poder. Destarte, Freire salienta a necessidade do trabalho de base e de uma educação humanizada que fortaleça o sentido de comunidade, solidariedade e respeito, quebrando assim o individualismo radical.
Por fim, interessente frisar, que Freire ensina que a educação, até mesmo a democrática, não deve cair na cilada do formalismo e da doutrinação das pessoas. Deste modo, não se deve aceitar uma nova metodologia somente para criar uma nova doxa, nova rigidez metodológica, mas sim sempre usar da autocrítica para pensar o melhor.
Minha opinião: Sabemos que, no Brasil, muito se fala dele, mas com pouco conhecimento de sua obra. Essa é a primeira obra que leio de Paulo Freire e confesso que gostei bastante, seja pela forma que ele pensa a educação ou por sua paixão pelo humano. A leitura é um pouco mais densa, mas não difícil. Vale a leitura!