Zana 08/09/2012
O livro narra à história do advogado John Strickland um homem beirando os 40 anos, casado, pai de dois filhos pré-adolescentes que passa a sentir insatisfação com sua existência.
Esse descontentamento assume profundidade ao encontrar eco na leitura de uma obra de Liev Tolstoi. O livro intitulado a “Morte de Ivan Ilith”, composto de duas novelas, termina por acentuar desprazeres por muito adormecidos. “A Felicidade Conjugal”, irônico subtítulo de uma das novelas que compõe o livro de Tolstoi, retratando um “casamento que havia começado tão bem e tornou-se insustentável”, termina por refletir seus sentimentos em relação ao próprio casamento.
O outro conto do livro denominado “A Morte de Ivan Ilith” (que dá título ao livro de Tolstoi) narra à história de um jovem ambicioso promotor público que no auge de sua carreira sofre um acidente e começa a definhar morrendo lentamente, voltando o ressentimento de sua condição sobre parentes e pessoas próximas. A identificação com a profissão do personagem do livro e o lembrete da morte trazido pelo conto faz aprofundar a crise de John Strickland. A partir de então, John passa a resgatar ideais e aspirações políticas deixadas no passado após o casamento com a esposa Clarie (de ideais e religiosidade contrárias ao marido), arranja uma namorada e posteriormente uma amante.
O transcorrer da leitura procede de maneira lenta e monótona, recheado de discussões políticas: posicionamento conservador, de direita, esquerda, marxismo, luta de classes, etc. Os personagens não apresentam carisma nem firmeza, assim como são incertas as convicções políticas conferidas ao protagonista da história.
Durante a leitura o pensamento de abandonar o livro foi uma constante, porém, a persistência em por fim ao começado, aliou-se a um episódio da trama que fez aguçar a curiosidade quanto ao seu desfecho. Aquele velho ditado que diz “cuidado com o que você deseja” termina alcançando a vida de John Strickland. A expectativa criada revela-se um engano, a narrativa continua no mesmo compasso anterior e termina no mesmo ritmo (para combinar com o todo talvez?). Um homem casado de Piers Paul Read é simplesmente um livro monótono e sem brilhantismo.