Juliana 16/11/2014Aos meus heróis!! Heróis. Muitos de nós adoramos ler livros com eles. Adoramos ver eles salvando tudo. Só que muito melhor que heróis de livros fictícios, ás vezes, até perfeitos e confiantes demais, são os heróis da vida real. Heróis que podem errar a qualquer momento, pois são humanos, mas que se dedicam, e acredite, eles se dedicam para salvar você. Os heróis que tu já pode ter passado na rua e nem percebido, ou sequer nem cumprimentado, pois aparentava ser só mais um bêbado cambaleando pela rua quando na verdade tentava concluir uma missão perigosa. Heróis reais que podem já ter salvado a sua vida de modo direto ou indireto sem você nunca ter percebido.
Meu Deus, esse livro é fantástico. Ele mostra os verdadeiros heróis e durante essa resenha usarei esse termo porque é nada menos do que eles, políciais (federais, militares, civis), merecem. Certo, vou tentar poupar elogios e me concentrar no livro em si.
Charlie. Oscar. Tango. fala sobre o Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, o COT, e foi escrito pelos dois heróis Eduardo Maia Betini e Fabiano Tomazi. Podemos dividir o livro em duas partes e as duas divisões estão sendo criadas por mim, devo ressaltar. A primeira parte do livro, até o capitulo 11, fala sobre todo o treinamento que precisa para ser um polícial federal e principalmente, um cotiano. O que não é nada fácil, eu quero ver você correr 3 km em 15 minutos, correr 100 metros em 15 segundos, executar 50 abdominais tipo remador em 80 segundos entre outras várias coisas.Ah, e isso para você ENTRAR no Curso.
"Inicia-se então o Curso de Operações Táticas e você quase que instantaneamente se arrepende de estar nele. O conselho que damos a quem deseja fazer um curso de operações especiais é simples: "pense bem". Pense muito, certamente, você vai desistir. Se não der certo, converse com alguém que fez um, perceba nele um olhar perdido enquanto ele conta alguns momentos de angústia que, com certeza, viveu. Depois veja como aparece um leve sorriso irônico em seu rosto. É ele rindo dele mesmo. Se mesmo assim você quiser continuar, vá a um psiquiatria, você precisa de ajuda. Se ainda assim você não desistir, vá e vença! Entregue sua carcaça! Seja um OE."
Já na segunda parte, temos histórias de missões. Os heróis em ação. São 10 missões nas quais vemos o esforço deles em realizar o trabalho, seja por bravura ou simplesmente pela adrenalina correndo em suas veias. Vemos que ás vezes, por mais que eles se esforcem, as missões não saem como o planejado. Afinal, eles não são os heróis perfeitinhos dos livros de ficções, eles tem toda uma humanidade com falhas que os deixam acima de tudo isso. O livro também mostra o empenho em que eles tem de prender qualquer um que saia da linha desde traficantes até políticos e principalmente polícias federais corruptos. Eles, além de tudo, fazem criticas que vão desde ás leis que acabam protegendo muito mais o bandido que a população até o modo como a sociedade muitas vezes tenta condenar eles sem ver tudo o que há por trás. Muitas vezes podemos ser extremamente hipócritas. Como diz no livro, é fácil sair protestando contra a violência e continuar fumando o seu baseado. Como se não soubessem de onde ele vem.
"Se o leitor me permite, vou usar esse parágrafo para fazer uma critica, ou um desabafo, acerca de situações que ocorrem em nosso país. A situação dos políciais estaduais é, em algumas regiões, alarmante. Seus salários são baixíssimos e as condições de trabalho, piores ainda. Viaturas quebradas ou caindo aos pedaços colocam em perigo a vida desses homens e mulheres o tempo todo. Parece que a sociedade desconta neles a raiva que têm do período da repressão militar, quando a polícia foi usada para ações realmente antidemocráticas e, em alguns casos, cruéis e desumanas. Isso acabou faz muito tempo, mas a nação teima em continuar a retaliação. Interessante, á época do golpe militar eu nem tinha nascido, nasci dez anos depois. O que sei dessa história é o que me contaram, ou li, ou ouvi de alguém. E constantemente sou tachado como uma marionete na mão de um estado totalitário, usado como instrumento de manutenção do status quo de uma elite opressora e perversa. Puro pré-conceito. Essa mesma sociedade que tacha o polícial de corrupto torturador trata seus professores com descaso. Desconhece o sofrimento e a luta diária de seus agricultores para produzir diuturnamente o alimento que consomem [...] é fácil ficar falando, é cômodo viver uma vida inteira em um banco de torcedor. Eu escolhi entrar na quadra e jogar. Ficar de fora olhando, aplaudindo ou vaiando não vai mudar nada."
Enfim... Não pense que será uma leitura tediosa. Comprometida sim, tediosa não. Na verdade, foram vários os momentos em que ri porque tem umas situações tão fora de sério que chegam a ser engraçadas. Óbvio que quando o seu sonho é ser polícial federal e principalmente participar de um grupo de OE (como no meu caso) isso torna tudo mais excitante. Porém eu ainda acho que esse livro tem tanta coisa fascinante e é tão bem escrito que é impossível não se prender e acima de tudo proporciona uma visão da nossa policia que te faz um cidadão muito mais consciente, seja na hora de criticar ou agir.
- Hotel.Whiskey.
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