Potosí 1600

Potosí 1600 Ramón Rocha Monriy




Resenhas - Potosí 1600


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Sebo Por Todo C 06/01/2018

UMA VIAGEM, VÁRIAS LEITURAS
Trecho Predileto de POTOSÍ 1600 de Ramón Rocha Monroy, por Sandra Abrano no link http://trechoprediletoliteratura.blogspot.com.br/search?q=potosi há fotos para ilustrar a resenha.

Passei alguns dias na Bolívia, principalmente viajando pela Chiquitânia. Fui a essa região para conhecer as missões jesuíticas bolivianas, a maioria delas bem preservadas e com uma arquitetura ímpar. A viagem se estendeu à Santa Cruz, Cochabamba e Oruro.

Em país de língua espanhola ou portuguesa, costumo escolher um livro local para me acompanhar na viagem e, por assim dizer, apresentar o povo, o pensamento ou a história da região.

Foi assim no Peru, em que tive a companhia de ABRIL ROJO de Santiago Roncagliolo (até hoje um dos meus livros favoritos) e de Vargas Llosa, em O FALADOR. No Chile, escolhi HALCONES DE LA NOCHE de Roberto Ampuero e, na Argentina, reli RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL de Ricardo Piglia.

Pelas missões jesuíticas na Bolívia, quem me acompanhou foi EL PEABIRÚ CHIQUITANO, livro que relata o trecho boliviano do célebre caminho pré-colombiano que cobria a América Latina, passando, inclusive, por terras brasileiras, chegando a São Paulo, Paraná, Santa Catarina...

No restante da viagem escolhi POTOSÍ 1600, de RAMÓN ROCHA MONROY, escritor nascido em Cochabamba e por várias vezes premiado. Seu livro EL RUN RUN DE LA CAVALERA foi incluído na prestigiada lista das 15 novelas fundamentais da Bolívia, criada pelo Ministério da Cultura em parceria com intelectuais e instituições culturais.

O ENREDO DE POTOSI 1600

Leonor vive há tanto tempo em Potosí, que mal comenta a respeito de seu país de origem, a Espanha. Nessas paragens de altitude e temperatura cruéis, Leonor enterrou seis filhos pequenos. Seu marido, Francisco Flores, é mais um tomado pelo flagelo de Potosi, a cobiça. A ele "no ofendia la muerte temprana de sus hijos anteriores con tal de seguir recibiendo la dadiva mineral del Cerro Rico".

A PRATA QUE CALÇA AS RUAS DE POTOSÍ
Leonor e sua sempre amiga Maruja, elaboram ricos pratos com os ingredientes da região, enquanto conversam interminavelmente a respeito de todos os assuntos e vidas locais.

Grávida mais uma vez, Leonor faz promessa a São Nicolau, protetor das parturientes, para que seu filho nasça forte e resista aos rigores da tão exigente Potosí. E assim nasce o primeiro criollo (filho de espanhóis) em Potosí, Nicolau Flores é seu nome, dado em homenagem ao santo que o protege.

Maruja e outras 38 esposas de azogueros seguem o mesmo caminho e, como Leonor, todas colocam Nicolau como primeiro nome de seus filhos. Os 40 Nicolases são a fina flor de Potosí, em eterna rusga com os herdeiros bascos, igualmente poderosos na estrutura da extração da prata de Cerro Rico. Mas sejam espanhóis ou bascos, todos enriquecem às custas dos povos originários que trabalham nas duríssimas condições das minas de Cerro Rico.

Os 40 Nicolases já são jovens adultos quando Ñatita (a morte) assim como Nossa Senhora da Candelária e outros santos passam a ser vistos em Potosí. A presença dos santos coincide com a chegada à cidade de uma trupe de comediantes andarilhos.

Espanhóis, bascos, nativos, negros, religiosos, prostitutas de diversas nacionalidades, todos atraídos pela cidade mais rica do mundo na época, ao ponto de suas ruas serem calçadas com lingotes de prata em dias de festa.

Quer lugar melhor para que os sete pecados capitais andem livres por seus caminhos sob o olhar complacente e vitorioso de Ñatita?

SE GOSTEI DE POTOSÍ 1600?
Ramón Rocha Monroy consegue, nesse romance histórico, apresentar o cotidiano, as disputas, a opulência e a vida libertina, com conhecimento e humor. Inspirado nas crônicas de Bartolomé Arzáns de Orsúa y Vela, relata o nascimento do primeiro criollo em terras de Potosí.

O livro foi uma ótima companhia de viagem. Desta vez não passei por essa historicamente rica cidade boliviana que conheci há alguns anos, em minha primeira viagem pela Bolívia, mas reconheci os temperos, o ritmo incessante e as exigências físicas que ela cobra de todos.


Trecho Predileto, página 63
Al Viejo lo envanecían las octavillas y décimas dedicadas al Cerro Rico, que agradecía puesto de pie y muy ceremonioso, para regocijo de la Ñatita. Gustaba muy en especial de las enumeraciones sobre la infinita carga de barras e piñas de plata que iban a lomo de carneros de la tierra rumbo al puerto de Arica, o de contrabando al puerto de Buenos Aires para beneficio de marinos ingleses que pagaban mejor; pero disfrutaba también del regocijo de indios e mestizos que soplaban flautas de caña de toda forma y tamaño, y tambores de cuero crudo y curiosas versiones de la vilguela y el rabel y cuantos instrumentos de cuerda habían traído consigo los españoles. Cantaba un estribillo interminable con el que indios y mestizos remataban sus coplas picarescas, y con su voz ronca y aguardentosa repetía: Caymari vida, esto sí es vida".
Trecho Predileto de POTOSÍ 1600 de Ramón Rocha Monroy, por Sandra Abrano

site: http://trechoprediletoliteratura.blogspot.com.br/search?q=potosi
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR