Gabi 10/12/2021
História pra quem tem pressa?
Fiquei algum tempo pensando sobre o que escreveria sobre esse livro, pq são muitas as coisas que eu gostaria de dizer... Gostaria que fosse possível gravar um áudio como resenha kkkkkkkkk.
Primeiro de tudo me pergunto: é possível história e pressa na mesma sentença? Pq na pressa omitimos alguns pontos, fazemos seleções e deixamos histórias e personagens de fora. Quando falamos em História, existe uma ideia tradicional, uma visão geral sobre do que ela trata: história das personalidades políticas, das instituições do Estado. Embora esse formato esteja sendo superado e a gente fale em histórias de sujeitos comuns, quando vamos contar a história "com pressa" optamos pelo modelo mais "simples", mais "padrão", e é nesse sentido que deixo minha primeira crítica: onde estão os sujeitos indígenas, negros, escravizados, libertos, mulheres, educadoras/es e intelectuais de cor na História do Brasil? Será mesmo que a História do Brasil trata-se apenas dos registros oficias?
Minha segunda questão diz respeito ao perigo de generalizar a História do Brasil a uma história que não deu certo desde o início, cuja raiz do problema é o próprio Estado Brasileiro. Fiquei um pouco com essa impressão quando li o livro. Ressalto aqui que defesas desse tipo colocam em cheque a importância que o Estado tem na promoção de saúde e educação públicas de qualidade. Os índices de avaliação das universidades públicas são elevadíssimos, o Sistema Único de Saúde é parâmetro/exemplo fora do país, ou seja, não é só de falências que opera o Estado Brasileiro, ainda que precisemos cobrar ainda mais investimentos e atenção a essas áreas. Acho importante destacar isso, porque é muito fácil achar que tudo que é nacional que é o problema, enquanto as respostas e os melhores modelos a serem seguidos estão no exterior. Não é bem assim e não falta exemplos disso, embora o autor os tenha deixado de fora.
Por fim, ressalto a importância de historiadoras e historiadores ocuparem o espaço da História Pública, da História escrita para divulgação. Nesse sentido, ainda que tenha minhas críticas, considero que o pontapé e exercício feito pelo autor representam um desafio importante que precisa (urgentemente) ser abraçado com seriedade e rigor por historiadoras e historiadores das mais diversas áreas. Afinal, enquanto (e se) a História não comunicar para fora da academia e da comunidade de historiadoras/es, ela não terá sentido de existir.