A festa de aniversário e o monta-cargas

A festa de aniversário e o monta-cargas Harold Pinter




Resenhas - A festa de aniversário e o monta-cargas


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Luccas.Soares 07/03/2021

Conheci o nome de Pinter através da canção "The Ladies Who Lunch" do musical "Company". Sempre tive curiosidade de conhecer suas obras e este foi o primeiro livro que encontrei dele.
Bebe demais nas fontes absurdas (Beckett, Ionesco...).
O leitor tem que vir com a mente aberta para ambas as peças, sem perguntas sobre o passado dos personagens, o que os fez chegar ali e muito menos se preocupar com o futuro.
O lance de Pinter é o agora, e mesmo assim as tramas nos prendem justamente pela curiosidade do "que vai acontecer em seguida". Há sempre uma tensão no ar.
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Higor 13/08/2020

'Lendo Nobel': sobre a opressão - e o absurdo
Se a Academia Sueca surpreende ao escolher nomes questionáveis quanto a qualidade ou justificativa para laurear com o Nobel de Literatura, como foram os casos de Doris Lessing, Patrick Modiano e, mais recentemente, Bob Dylan, por outro lado, alguns nomes são tão unânimes e esperados, que quando são, enfim, anunciados, não há surpresa, apenas satisfação em ver que, dessa vez, houve sensatez com a escolha. Harold Pinter, inquestionavelmente, é um desses nomes.

Um dos, se não o principal, nome do teatro britânico, Harold Pinter, ao longo de sua vida e carreira de sucesso, abocanhou todos os prêmios possíveis de serem entregues ao gênero (foram mais de 50 prêmios), então seria apenas questão de tempo para que a Academia o imortalizasse ao lado de colegas como Samuel Beckett, Dario Fo e Eugene O'Neil. Pinter, aliás, assim como Beckett, pertencem ao chamado Teatro do Absurdo.

O Teatro do Absurdo, para entender Pinter, aborda, de maneira prática, a incerteza e a solidão humana através de situações conhecidas e até banais. Exemplificando: as peças são "muitas vezes quase sem enredo, que se utilizam de situações gerais que giram em círculos, um amontoado de acontecimentos insólitos e personagens cuja construção dificilmente se adequa à psicologia dos personagens realistas". Tal explicação, esmiuçada, explica exatamente o que o leitor vai encontrar nestas duas peças, 'A festa de aniversário e O monta-cargas'.

A primeira peça, 'A festa de aniversário', é a segunda peça do dramaturgo, escrita em 1957 e montada em 1958 e considerada um fracasso, com apenas oito apresentações. Porém, foi aclamado pela crítica especializada e, seis anos depois, remontada, sendo, enfim, um sucesso de público. A história, dividida em três atos, é bastante simples: uma festa de aniversário está sendo preparada em uma pensão para o jovem Stanley, mas a presença de dois homens estranhos certamente desencadeia uma noite inesperada. As pinceladas absurdas partem do pressuposto de que o próprio Stanley admite que não é dia do seu nascimento, contestado veementemente por Meg, a dona da pensão, ou até mesmo que os inquilinos recém-chegados e inesperados, têm seus quartos, surpreendentemente prontos, como se fossem, sim, esperados.

A segunda peça, 'O monta-cargas', embora escrita em 1957, foi montada apenas em 1960. Dois pistoleiros estão esperando em um porão o momento exato de matar uma vítima. Não se sabe quem é tal vítima, quem os contratou, as intenções com o ato, e o absurdo da história, que foge do realismo convencional, é a preocupação de ambos em como passar o tempo até a vítima chegar e quem vai limpar o estrago, o sangue derramado e que certamente vai sujar os móveis.

Como se não bastassem os diálogos e comportamentos ora indiferentes, ora infantilizados e exagerados ante a situação apresentada, o que faz o leitor prender sua atenção a peça são justamente "nos quartos escuros da opressão" mencionada com louvor pela Academia. Não há mudança de cenário, apenas um fixo, geralmente um cômodo apertado, assolador, opressor, em que causa asfixia, claustrofobia, aumentando a tensão criada com os diálogos. Eu particularmente li ambas as peças - embora tenha gostado mais da primeira - com furor, ansiedade e perturbação, incomodado com a tensão criada e com a maneira como todos se comportavam, parecendo não perceber o que aparentava estar óbvio e eu já tinha entendido: que alguma coisa de errado, de ruim iria acontecer.

Depois da leitura da peça e do prefácio esclarecedor de Flávio Marinho, fui pesquisar mais sobre o termo cunhado por Martin Esslin - seu livro já está nas próximas leituras -, e foi então que as peças, já incríveis, se tornaram ainda mais entusiasmadas, foi era de fácil visualização e compreensão cada atitude tomada pelos personagens, assim como a atmosfera muito bem elaborada de opressão que me afligiu por todo o livro, sem me abandonar em nenhum minutos.

Leitura rápida, de uma noite - eu comecei às 19 e terminei por volta de 23 horas - 'A festa de aniversário e O monta-cargas' foi uma ótima porta de entrada tanto no mundo das peças, do Teatro do Absurdo, quanto ao universo opressor de Harold Pinter. Uma pena não existir uma coletânea com todas as peças, ou ao menos mais algumas, avulsas, publicadas.

Este livro faz parte do projeto ‘Lendo Nobel’. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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Franc.Assis 07/02/2018

Tá explicado
São duas peças de Harold Pinter ao estilo do Teatro do Absurdo, desconcertantes e instigantes.
Gostaria de ver uma montagem de alguma delas, fiquei o tempo inteiro em que lia imaginado as cenas contundentes e ao mesmo tempo hilariantes. Tá explicado porque o autor abscoitou o Premio Nobel de 2005. Ótimas, as duas.
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