Tícia 15/09/2020
Que merda de livro difícil de resenhar. Tô garrada num ciclo bosta de escreve-apaga-escreve-apaga que só pode ser castigo.
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Daí, fica resolvido: se vc se interessou e pretende ler AMOR, SEXO E OUTROS ESTRAGOS, para de ler porque hei de golfar SPOILER até a última golfada. E, só pra afrontar, vou contar a história toda, soltando um veneno aqui, uma revolta acolá porque sim.
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Sabe aquele livro cuja sinopse e resenhas te fazem entender uma coisa, mas a história é o extremo oposto do que você esperava?
Que desgraça.
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Expectativa:
marido trai esposa, ela presencia a putaria e compreensivelmente chuta o meliante; meses depois ele a convida pra participar de um projeto em que os DOIS teriam de mandar ver todos os dias, para fins científicos. Eu esperava algo dramático, envolvendo questões como a dificuldade ou impossibilidade de perdão, a luta que teriam de travar pra curar as feridas, o que ele faria pra reparar a patifaria e a confiança perdida, sei lá. Sim, seria clichezão, mas tô cagando pra isso, desde que seja bem escrito.
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Realidade:
esposa chega em casa e surpreende seu marido e sua melhor amiga copulando na cozinha. Como já estava deprimida, tacou pro foda-se e saiu de casa, com (aparente) indiferença.
Não levou o cachorro. Peguei ranço dela aí.
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6 meses se passam e um dia ela resolve que acorda bem. Vai pra casa das amigas, mas o marido (que continuou tendo caso com a vagabunda. Acredita nessa merda?) descobre que ela tá lá e vai azucrinar a criatura propondo o tal projeto. Como precisavam de dinheiro e depois da sogra incentivar, mocinha aceita e volta pra casa do sujeito.
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Lá, o que ela descobre? Que o cara iria fazer o tal projeto com a piranha-amante. Inclusive, os relógios que contariam o ritmo cardíaco dos envolvidos nas travessuras sexuais ficariam com os dois pilantras.
Nesse momento, ela e eu chocamos. Sério isso, véi? Tá de sacanagem, porra?
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Daí, esposa resolve que vai ficar com o outro relógio e que, já que ele tem o direito, ela vai sair dando pra torcida do flamengo e ele que morra.
Marido fica com ciúmes, mas isso não o impede de traçar a outra.
Depois de alguns dias, esposa encontra um cara e é com ele mesmo que ela vai dar (literalmente) prosseguimento ao projeto.
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Aí, faço uma pausa pra expressar minha decepção: pra que a autora descreveu minuciosamente o coito, tanto do marido com a outra quanto da esposa com o carinha? Pra mim, olha bem o que estou falando, PRA MIM, não rolou. Que apenas mencionasse o fato. Pulei as infinitas páginas em ambos os casos porque não deu. Foi... triste. Triste mesmo.
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Daí, fica nessa de um arreganha pra cá, outro arregaça pra lá, até que eles se entendem em uma noite. Aí, sim! Entre o CASAL, pode descrever formicação à vontade. Embora eu tenha pulado porque o negócio durou umas 30 páginas.
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E quando você pensa que tá tudo de boa, a amante chega berrando que tá grávida. Do marido arregaçador. É nessa hora que a mocinha surta e solta toda merda entalada há tempos, mas que, como muito bem disse a autora, embora tenha sido um desabafo válido, foi dispensável em muitas partes e tardiamente fora de hora.
Eu, por exemplo, teria feito um barraco altissonante no dia do flagrante. Depois de ter cortando fora o pinto do cara.
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Aí eles se divorciam. Esposa fica arrasada. Mas o que ela faz? Dá um tempo pra se curar física e emocionalmente? Pensa em seus próprios erros e acertos? Engole o orgulho e procura marido, conta o segredo que esconde e ambos, COMO CASAL QUE SUPOSTAMENTE SE AMA TAAAAAAANTO, possam superar juntos? Ser madura na relação?
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Não, ela tem caso (com cópula também assaz descrita) com um veterinário lá, pouco tempo depois da separação.
Nesse ponto surgiu uma dúvida: o objetivo disso era mostrar que o sexo é a solução pra todos os problemas ou era só pra lacrar ao estilo “posso fazer o que quiser, sou um espírito livre”?
Deve ser a última opção, visto que a maneira levemente displicente como a esposa tratou sua própria gravidez, fazendo contas e pensando em camisinhas pra descobrir quem era o pai foi... triste. Mais uma vez, triste.
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A partir disso, minha boa vontade já tinha ido pra puta que o pariu e continuei apressadamente pra acabar logo: descobrem que o marido queria só fazer ciúme na esposa com o projeto, que a esposa deu pros cara por vingança e que o tal segredo previsível que deprimiu a esposa só demonstrou sua inaptidão psicológica para sua profissão. Não é indiferença ao sofrimento alheio, apenas a óbvia necessidade de se proteger como profissional.
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Fora que senti o tempo TODO na história o mantra “todos erramos e blablá”, então, vamos passar a mão na cabeça. Concordo que errar faz parte, mas persistir errando é burrice. Não aprender com as merdas feitas e mudar pra melhor, é passível a coça de vara verde.
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Aí, o acerto entre o casal que deveria ser lindo, emocionante, maduro, nu, cru, sincero, foi meia boca.
Game over.
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Enfim, embora a autora seja excelente, escreva MUITO bem, não gostei da forma como as coisas foram tratadas.
Pode me chamar de pudica, retrógrada, a merda que for... foda-se. Eu ainda acredito em fidelidade, em sexo com amor, em empatia com o sofrimento do seu par, respeito mútuo apesar dos pesares... a lista é longa.
Certeza que um psicólogo me chamaria de sexualmente reprimida. Já eu, me classifico como alguém cujos valores nadam contra o fluxo.
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É isso. Teria zilhares de coisas pra falar, mas cansei.
Acho que já deixei claro minha opinião.
E acredito sinceramente que muita gente pode passar por cima do que me incomodou e gostar da história.
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;)