Saulo 11/09/2021
O livro tem como proposta apresentar o ponto de inflexão que caracteriza a quarta Revolução Industrial: um acontecimento que se inicia na virada do século como desdobramento da revolução digital e tem como diferenças fundamentais dos ciclos anteriores “ a fusão de diferentes tecnologias e interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos”. Ao mesmo tempo, o autor propõe que esta revolução está em curso e todos devem “se preparar” para as mudanças que ainda virão.
A primeira contradição aparente é a própria visão sobre a tecnologia que, ora é determinista – considerando a tecnologia uma força autônoma que vai atingir determinados patamares independente da vontade das pessoas, intuições e empresas – ora é uma visão engajada:
“(...) quanto mais pensamos sobre como aproveitar a revolução tecnológica, mais analisamos a nós mesmos e os modelos sociais que são incorporados e permitidos”
Falando do discurso político, o artifício de apresentar sempre os pontos positivos e negativos de uma mudança (daí fica a cargo de quem lê “tomar partido”), torna o discurso desengajado e pouco propositivo, caindo em contradição com a premissa inicial de que é necessário “moldar a quarta revolução industrial para garantir que ela seja moderadora e centrada no ser humano – em vez de divisionista e desumana”.
Sobre a questão da revolução em si, não fica claro qual é o real impacto nos modos de produção (a exemplo da linha de produção da 2ª Revolução Industrial) e há de se questionar se não estamos vivendo então apenas uma extensão da revolução digital.
No mais, o livro tem muitas referências de estudos atuais das evoluções tecnológicas e seus impactos no mundo contemporâneo.