ricolesctrl 21/05/2024
O EFEBO DO DESEJO
Yukio Mishima escreveu uma das obras mais avassaladoras dos anos 40.
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O desejo, a ambientação, as nuances do poder e da guerra. Tudo isso envolto numa atmosfera de lascívia demasiada. Já pensou?
Mishima possui um certo controle de fluxo de consciência que me pegou de surpresa!
Do começo ao fim, ele se manteve preso na magnanimidade do que realmente queria perpassar para os escritos.
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O desejo pelo errôneo (sodomia, considerado um pecado gravíssimo à época), torna-se cada vez mais doentio e vilipendiável.
Destaco que acompanhamos o protagonista em seu declínio psicossocial, e em como o que aparentemente é algo pueril e frugal pode se tornar uma avalanche de desequilíbrios não apenas mentais, mas físicos também.
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O desejo pelo proibido, a tensão do não-tocado e a exposição do tecer as cordas das linhas mais finas do descabido.
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Não tenho palavras para expressar minha satisfação com a obra.
Todavia, preciso externar as minhas ressalvas e o motivo pelo qual dou 3,5 estrelas e, ao mesmo tempo, o dou como favorito.
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A escrita é, por vezes, maçante. As coisas se demoram a acontecer, e não acho que tenha urgência para que elas sejam destrinchadas. O trama é muito bem desenvolvido, isso é inegável, Mishima conseguiu inserir a destruição de Hiroshima no enredo de forma sutil, e fria também. Contudo, a escrita sempre é o ponto que mais arrebata-me nos livros, e aqui senti a força dessa lacuna.
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Um favorito, pelo caminhar e desenvolvimento do personagem.
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-Rícoles?