Rodrigo Barros 27/05/2024
Humanidade
O primeiro de uma trilogia de ficção científica escrita pelo chinês Cixin Liu, que nos envolve através da crônica diante da marcha humana em direção aos confins do universo, ou ainda, da marcha de seres extraterrestres para a Terra. Trata-se de um sci-fi do tipo hard, extremamente técnico e com alto grau de embasamento científico, histórico, político, filosófico e até do mundo virtual que resgata o frescor e tempera o estilo do gênero.
Com um enredo que primeiramente nos leva ao final dos anos 1960 com uma passagem brutal da Revolução Cultural que devastava a China inteira, sendo este, um dos primeiros aspectos a se chamar atenção. Bem longe de ser uma propaganda comunista ou mesmo anticomunista, o autor nos leva mais próximo de uma representação pessoal do que foi este momento em sua vida quanto do que foi esse período para a história do país e como impactou suas vítimas. Vale ressaltar que, todos os acontecimentos da narrativa, neste volume, têm como estopim a escolha de uma pessoa que não acreditava mais na humanidade.
A estrutura da narrativa segue fluindo bem com as transições entre flashbacks e os acontecimentos atuais (cerca de cinquenta anos depois). O autor muito bem encaixa revelações do passado com o cuidado de não comprometer o mistério. Embora temas como fanatismo, radicalização, religiosidade, meio ambiente e a condição humana sejam abordados nas discussões entre os personagens, a narrativa, por vezes, enfatiza principalmente a conspiração, o que torna seu quebra-cabeça mais cativante.
Com longos trechos de "aula" técnica de tudo que entendemos e até do que não entendemos em diferentes áreas da ciência, passando por astrofísica, nanotecnologia e física quântica, Cixin Liu soube ser didático e ainda nos convida a "brincar" em um jogo de virtual. É muito provável que o livro atraia até leitores de fora do universo da ficção científica.