spoiler visualizarAdamastor Portucaldo 30/06/2023
Um grande Amor
O velho esquerdista, socialista e/ou comunista, que acabou virando ambientalista (e também ter mudado na posição política um pouco, mas o foco deste livro é outro) escreve uma pungente carta para o seu grande amor ?. Vai lembrando quando a encontrou, o que aconteceu, isso e aquilo... a mim parece que ela foi a cereja do bolo e provavelmente o bolo inteiro, na vida dele. Dorine o convenceu a casar, porque o burro achava isso burguês ou qualquer outra besteira dessas. Citando a pessoa adulta e centrada do casal:
"Se você se une a alguém para a vida inteira (...) deixarão de fazer o que divide ou contraria a união. Nós seremos o que fizermos juntos."
Tem também:
"É preciso aceitar ser ser finito: estar aqui e em nenhum outro lugar, fazer isto e nenhuma outra coisa, agora e não sempre ou nunca [...], ter apenas esta vida."
Veja uma dedicatória que ele faz a ela:
"A você, Kay, que, ao me dar Você, deu-me Eu."
Eles são das antigas, pois Paris, maio de 68 faz parte da história do casal.
Interessante a constatação do franco austríaco sobre umas reuniões nos Estados Unidos naquele tempo:
"descobrimos uma espécie de contra sociedade que estava cavando suas galerias sob a crosta da sociedade aparente, na espera de poder emergir um dia."
Parece que emergiu, não é?
Ele é um leitor voraz, o que somado à organização dela, ajudou muito ao crescimento da sua carreira de jornalista engajado e escritor. Mas, ela é vítima de um lamentável erro médico, que a leva a uma doença terminal, incapacitante, com muito sofrimento. E haja amor, dor até o final. Mais de vinte anos cuidando do seu grande amor. E pensar que ficou famoso, quando André / Gérard serviu mais de vinte! Épico!
"Não há riqueza que não seja a vida."
E no final, o velho materialista concede, que se tivessem uma segunda vida, iriam querer passá-la juntos.