Bella Martins 04/05/2017Resenha - Cinco Anos: Os desafios da vida a doisDesde muito pequenas, somos bombardeadas com filmes e livros de princesas e príncipes que encontram suas almas gêmeas e, após passarem por muita aprovações do destino, no fim, acabam ficando juntos, porque é assim que tem que ser com duas pessoas que se amam. O problema é que ninguém conta o que acontece depois. Para ser bem sincera, nunca tinha parado para questionar isso. Sei muito bem, e creio que vocês também, que ficção é bem diferente da realidade, e que os contos de fadas e os romances que vemos em livros, muitas vezes são para distrair e arrancar suspiros de seus leitores. Porém, mesmo sabendo disso tudo, venho aqui lhes questionar: Vocês já pararam para pensar no que acontece depois? Será que tudo serão “flores”? Será que, mesmo estando com sua alma gêmea, nunca terão problemas conjugais? Será que são perfeitos em tudo para que não surja nenhuma discussão? Ou qualquer outro tipo de problema que possa abalar as estruturas desse amor?
“Cinco anos”, o primeiro livro dessa duologia, deixa na cabeça do leitor a pergunta: “Onde você se imagina daqui a cinco anos?”. Essa pergunta é feita por Marcos a Ângela nos primeiros capítulos do primeiro livro, e que é narrado em cima dos cinco anos após o casal se conhecer. E como qualquer outro romance, depois de passarem por muitos obstáculos e superarem alguns de seus traumas, eles finalmente ficam juntos e decidem viver esse amor. É nessa parte que viria a grande e eterna frase dos contos de fadas: E viveram felizes para sempre! Porém, não é bem assim. Infelizmente! Ou felizmente, para nós leitores que vamos saber o que aconteceu com Ângela e Marcos depois de cinco anos.
"- Onde você se imagina daqui a cinco anos? - tinha lhe perguntado na noite anterior. Ele olhou dentro dos seus olhos enquanto respondia: ‘Em qualquer lugar do mundo, desde que esteja com você’".
"Cinco anos - Os desafios da vida a dois" começa com o casamento dos nossos protagonistas, onde selam o seu amor e iniciam uma nova fase de suas vidas. Marcos, Ângela e Vitor ,filho do casal que nasce no primeiro livro, são uma família perfeita. Onde o amor é notado em cada atitude, gesto e palavra dita um ao outro. Entretanto, o destino resolve brincar mais uma vez com essa família e impõe obstáculos que nem todo casal aguentaria suporta, e com Marcos e Ângela não seria diferente. Apesar do amor que sentem um pelo outro, a vida a dois não é tão fácil e, quando se decide tê-la, as responsabilidades que chegam junto com ela não são pequenas. Como com qualquer outra decisão de grande peso é tomada. À medida que os anos vão passando, as dificuldades que uma vida a dois existe vão ficando reais e suas bagagens de vida começam a pesar e fazer com que feridas se abram e a comprovação do amor que sentem um pelo outro seja abalada.
“Não posso continuar aqui, dia após dia, convivendo com Marcos como se nesse ponto de nossas vidas tivéssemos algo a dividir. [...]”
Apesar de sabermos que é uma ficção, fruto da imaginação de uma pessoa que tem um dom tão lindo e fez questão de dividi-lo com os leitores (não estou puxando o saco da autora. É uma coisa que penso sobre todos aqueles que têm o dom de escreve e conseguem transmitir algum tipo de emoção/sentimento através da escrita), ficamos a pensar e a torcer pela felicidade de Ângela e Marcos. Vivemos cada sofrimento, tensão, perda, um pouco de felicidade junto com eles. À medida que os anos vão passando, tudo vai ficando mais escuro entre os dois, e isso é notado com muita clareza em uma leitura ágil e fácil. Vemos um relacionamento se definhando e um amor chegando à quase zero, por causa de pequenas coisas que com o passar do tempo e o acumulo de sentimentos ruins, ficam insuportáveis. Tenho que dizer que chorei, sorri, fiquei agoniada, angustiada e tive muitos outros sentimentos com o decorrer da leitura. Quando o clímax do enredo a esperança me tomou por inteira, porém, o que mais me alegrou não foi o desfecho da vida de Ângela e Marco, mas a reflexão que a historia trouxe.
“Foi o que ganhei por acreditar no ‘Felizes para sempre’ depois de tudo que passei. No fundo, sempre acreditei que, se você sofre antes, estará protegido depois, e vice-versa. Como já tive uma cota razoável de perdas, achei que teria uma família unida e perfeita para toda a vida. Provavelmente eu me enganei.”
Mais uma vez, a escrita da autora, Cristiane Broca, me surpreende com a sua forma simples, porém, dinâmica em narrar os fatos sem deixar que o leitor divague com trechos sem relevância. Além da temática do livro, o enredo tem muitos pontos altos. Um deles é a narrativa em terceira pessoa, e o foco é intercalo entre Ângela e Marcos. Isso da ao leitor o entendimento do que se passa na vida individual de cada um, e faz entender o porquê das suas atitudes. Entretanto, o auge da historia, em minha opinião, está na reflexão que Ângela faz em seu diário dos “Cincos anos”, ao final de cada ano passado no livro. Aquilo que passa batido aos olhos do leitor em relação aos sentimentos dela é “jogado na cara” quando lemos cada uma das páginas desse diário.
Recomendo a todos que amam romances e que buscam algo diferente. Não esperem encontrar uma família feliz e contente por se amarem, estarem juntos e tudo serem “flores”. Aqui você vai encontrar a realidade com um toque de ficção de uma família se fortalecendo e enfrentando os obstáculos de uma vida real.
site:
http://thehouseofstorie.blogspot.com.br/2017/05/resenha-cinco-anos-os-desafios-da-vida.html