spoiler visualizarLu 20/10/2016
Senta, que lá vem textão.
A literatura, como quase tudo na vida, segue tendências. Ultimamente tem sido comum ver livros que retomam trilogias e séries de livros já encerrados. Isso mexe tanto com a memória afetiva dos antigos leitores, como possibilita a conquista de novos leitores. É o caso de "Bridget Jones Louca pelo Garoto", de Helen Fielding. Isso é muito legal, quando dá certo. É o caso de "O Casamento da Princesa", um dos melhores chicklits que li em anos.
Não é o caso deste Lembrança, infelizmente.
A começar pelo plot central. Eu, pessoalmente, não gostei muito da premissa de ter Paul de volta, e o diálogo logo nas primeiras páginas do livro entre Suze e ele meio que confirmou meus temores. Como personagem, sinceramente, não me pareceu que Paul tivesse mais a dizer, além de continuar declarando seu amor eterno/chantagens doentias variadas e fazer ameaças a Jesse. Por mim, Paul podia ter virado budista e se mudado pro Tibet, podia ter morrido, ter virado ator, qualquer coisa, e não faria a menor falta.
Felizmente a história logo toma o rumo certeiro da mediação, e ganha força. O caso investigado por Suze é bem interessante e meio complicado de resolver. É legal rever personagens como Cee Cee, Gina e até mesmo o Brad. Mas algumas coisas, aqui e a li, incomodaram.
Eu já perdi a conta de quantas vezes usei Suze Simon como argumento para não aturar as Luce Prices/Ever Blooms da vida da literatura juvenil. Eu sempre gostei da personagem, de sua independência, de seu bom humor, de seu jeito cheio de atitude. Mesmo a personagem sendo sem papas na língua, sempre deu para perceber o carinho e o respeito que ela tinha pelo padre Dominic e pela mãe. Essa versão de vinte e poucos anos de Suze, no entanto, é simplesmente grosseira. Não estou nem falando dos palavrões - cujo sub plot foi uma grande bobagem, diga-se - mas porque ao ler seus diálogos, dá pra ver que ela subiu o tom. Não se trata mais de uma questão de atitude... ela está agressiva, mesmo. Grosseira.
Por sinal, achei lamentável a postura de Suze quanto a decisão de Jesse de esperar. É de uma falta de respeito gritante. E de se surpreender que uma autora tão experiente quanto a Meg, que escreve para adolescentes há mais de uma década, não tenha refletido melhor sobre isso. Na minha cabeça, o respeito é uma coisa mútua. A atitude da Suze pode parecer engraçada e torna o texto "sexy", mas é falta de respeito com o Jesse.
Quanto a Jesse, sua participação é pífia e, foi realmente por causa dele que eu decidi abandonar o livro. Claro que o discurso a lá Príncipe Encantado foi cansativo de acompanhar, ainda mais porque Suze é mediadora, sabe lutar.. Mas quando ele vem
com o papo de matar um suspeito, eu resolvi que tinha passado da conta, entende? Aí, eu senti que a história perdeu o rumo. Os personagens perderam o rumo. Sem brincadeira, eu perdi o gosto de ver como a história terminava, apesar de toda a curiosidade para ver a solução do caso e tal. Como disse uma colega skoober, a Meg devia ter parado em Crepúsculo, e pronto. Uma pena.
Não recomendo.