Our Brave New Blog 27/03/2017
RESENHA CAPRICHOS E RELAXOS - OUR BRAVE NEW BLOG
Dia de poesia hoje, galera, e dessa vez temos uma das figuras mais loucas da literatura brasileira: Paulo Leminski. Quando eu estudava num pré-vestibular, havia um professor de Português que contava uma história sobre a sua época de faculdade, onde ele afirmava ter estudado com o poeta em questão, e pelo fato de existirem dois Paulos no grupo, Leminski era chamado apenas de Paulo Esquisito. Daí você já tira o nível do cara.
Se você procurar na internet notícias envolvendo o Esquisito, vai ver que o cara merecia um TV Fama só para ele, nem Geisy Arruda dá conta do arsenal de polêmica que o cara teve. Mas como aqui não é site de fofoca, e sim de literatura, vamos falar sobre o livro mais famoso do poeta (e poeta tem livro famoso é? Pois é, minha gente), Caprichos e Relaxos, da mais nova coleção da Companhia, Poesia de Bolso. Diferente do que eu faço aqui, esse texto vai (na verdade necessita) de quotes.
“um dia desses quero ser
um grande poeta inglês
do século passado
dizer
ó céu ó mar ó clã ó destino
lutar na índia em 1866
e sumir num naufrágio clandestino”
Esse livro é considerado o principal dentro da obra poética de Leminski, e o responsável por tirar ele da literatura marginal para o grande escalão dos escritores brasileiros. Caprichos e Relaxos tem várias seções de poesia, separados pelo estilo que vão de poesia concreta a haicais, me surpreendendo com dois contos poéticos no final do livro, além de experimentações interessantíssimas.
“um poema
que não se entende
é digno de nota
a dignidade suprema
de um navio
perdendo a rota”
Um apontamento que Valter Hugo Mãe fez certa vez é que, diferente da maioria dos poetas, Leminski não é triste, e mesmo assim não deixa de ser inteligente em sua construção poética, coisa que não é muito comum entre os grandes escritores desse gênero. Em seus poemas normais, às vezes o esquisito soou um pouco confuso para mim, mas uma característica forte dele é o gancho final, te deixando com aquele risinho sarcástico no rosto e a sensação de ter aproveitado o que leu.
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