whoisreavy 27/08/2023
Uma sequência interessante
"Dez mil céus sobre você", o segundo volume da trilogia Firebird, dá sequência as aventuras iniciadas no primeiro volume. Agora, exploraremos as consequências da exploração do multiverso e as escolhas tomadas por todos. Em específico, as feitas pela protagonista, Marguerite. Seu profundo envolvimento com os universos que visitou teve um grande impacto, que só entenderemos mais para frente na história.
O livro começa já mergulhado em ação. A mocinha tem o propósito de salvar o seu amado, cuja alma foi fragmentada, e seus pedaços espalhados por universos diferentes. Agora, Marguerite precisará jogar um jogo duplo se quiser recuperar a alma de Paul e encontrar um antídoto para a saúde prejudicada de Theo. Ela fecha um acordo: enquanto procura os quatro fragmentos da alma do seu amor, também precisará sabotar o trabalho dos seus pais em todo universo que visitar. Poderia ela sacrificar tudo que acredita em nome de um amor destinado?
Saindo da missão, amor e destino são dois assuntos que continuam sendo bem explorados nessa sequência. Marguerite saiu do primeiro livro convicta que o amor entre ela e Paul era destino, algo escrito nas estrelas, e que o casal estava prometido a ficar juntos em todos os universos. Entretanto, quanto mais ela visita os universos em que os pedaços da alma do seu Paul se encontram, mais ela entende que não é bem assim. Em um universo tomado pela guerra, ela e Theo são almas gêmeas, mesmo com o Paul daquele mundo apaixonado por ela. Em outro, Paul é um criminoso, que faz parte de uma máfia russa.
As decisões das outras Marguerite's nem sempre são entendidas pela nossa principal, que costumava ter certeza absoluta de suas intenções e crenças. Ela começa a perceber destino talvez não seja real, e que se for, pode não ser o suficiente para manter o amor dela e de Paul vivo. Durante a aventura, Marguerite precisará entender o que realmente existe por trás de seus sentimentos por Paul, e o que iniciou tudo isso. Ademais, comprometimento é uma escolha feita à dois, e quem sabe como Paul retornará depois de sofrer tamanha violação?
Cada novo universo deixa tudo mais confuso, e o perigo iminente de uma destruição de multiversos traz a urgência que o livro precisa para tomar ritmo. Finalmente, a aventura lida com uma ameaça real e bem presente, com objetivos claros. Gostei da escolha da autora em estabelecer os motivos para a "cruzada", e ao revelar algo interessante: qual inimigo pode ser pior que você mesmo? Neste caso, uma versão "pior" de você.
Algo que me prendeu no primeiro livro foi o romance entre Marguerite e Paul, e apesar da jornada sofrida entre eles nessa sequência, fiquei feliz de ver outras possibilidades para nossa protagonista. É inegável que Marguerite e Theo tem uma dinâmica interessante, e podemos ver mais camadas dela em outros universos, sem prejudicar o curso da história. É realmente poder ver um "e se?" que tanto nos perguntamos ao fazer escolhas amorosas na vida. Em um lugar do multiverso, Marguerite escolheu Theo, e isso me deixou feliz. Gosto de Theo, e fiquei satisfeita em ver o que mais ele poderia fazer/ter.
Por ser tão leve e tranquilo, mesmo com o ritmo desse sendo mais acelerado, devorei as páginas, lendo super rápido. Bônus especial para o final, que nos deixa com um imenso cliffhanger, um que você espera e não espera, ao mesmo tempo.
O embate esperado entre Marguerite e Paul não era o que eu estava esperando - foi melhor. As coisas não se resolvem em uma só conversa, o que é maravilhoso (apesar do meu coração de shipper sofrer hahaha).
No geral, gostei mais da sequência. A ameaça está mais clara e o perigo parece mais real. As consequências do primeiro livro não foram esquecidos, e a exploração deles traz um aprofundamento importante para a história. A protagonista passa por um processo claro de desenvolvimento, essencial para a sensação de avanço no plot. A lição aqui é essa: apesar das escorregadas da autora, ela sabe lidar com os resultados de suas escolhas de maneira concreta.
4/5 estrelas