Rudy 05/04/2022
Um guia para um assunto do momento, pouco entendido, mas muito combatido: o conservadorismo.
O livro não se limita a falar do conservadorismo no sentido teórico, vai além, tocando o homem em algo mais fundamental: a educação da alma e do homem frente à vida cotidiana, ao convívio, ao mundo e à própria realidade. E nessa educação, os temas fundamentais: o relativismo, a importância da literatura e da arte, camadas e integralidade da experiência humana individual, a diferença entre a Política de Aristóteles para a Política de Maquiavel, a dominação tecnológica como domínio sobre o homem, daí para diante. Essas coisas são usualmente esquecidas porque pessoas são mais habituadas a falar da Política prática e cotidiana, manifesta na organização estatal -- Câmaras, sistema eleitoral, impostos, etc. -- e no poder organizado em diálogo com a Economia, as instituições (escola, igreja...), etc.
Como dizia Hugo von Hoffmansthal, "nada há na Política de um país que antes não esteja em sua literatura".
Por isso, mais do que resmungar sobre a corrupção como crime de desvio de impostos, que certamente é um mal a afetar todos, é necessário falar da corrupção da alma, afinal a corrupção como crime é mais um sintoma da corrupção da alma, uma desordem social é resultado de uma desordem interior. O homem se expressa primeiro pelos livros, pelo cinema, pelas relações humanas, pela Filosofia, por meios anteriores à Política. A Política é a cereja do bolo, ela fecha o círculo e retroalimenta o processo que lhe é prévio, reforçando a corrupção da alma que, novamente, frutificará em Política desastrosa. O processo jamais finda.
Capítulos que particularmente chamam a atenção são os relativos à Política de Aristóteles, à trilogia Senhor dos Anéis, à Bíblia e ao A Revolta de Atlas (de Ayn Rand). Outros pontos positivos no livro é a existência, em cada capítulo, de uma biografia breve sobre cada autor discorrido, a biografia fornece um lampejo de compreensão sobre como se fez o autor de renome. Contudo, um ponto negativo no livro, não no texto, é a má edição: com erros ortográficos, palavras fora do lugar e pontuação errada. Esses problemas, no entanto, são mínimos e não prejudicam o entendimento.
É um livro que vale a pena ser lido e do qual fazer anotações.