Gabriela 30/09/2018
Continuando meu projeto de ler a obra de Tolkien, meu autor favorito da vida, peguei este livro que é a versão do autor para a história de um dos personagens do folclore finlandês. O Kalevala é uma epopeia finlandesa que só foi compilada no século XIX, foi feita a partir da reunião de cantigas populares. Uma das histórias narradas nessas cantigas é a trágica história da família de Kullervo.
Kalervo, o pai de Kullervo, foi morto pelo próprio irmão e sua esposa e filhos foram levados como prisioneiros. Como se trata de folclore/mitologia, não estranhe ao saber que Kullervo, ainda bebê, vendo a tristeza da mãe, jurou-lhe que se vingaria do tio. Ele foi uma criança muito precoce (imagine que ele já falava quando bebê), cresceu rapidamente e tinha uma força extraordinária, mas era carrancudo e feio, não era alguém que inspirasse muito amor. Tanto que a única pessoa com quem ele realmente se importava (além da mãe) e que o amava de volta era sua irmã gêmea.
O tio de Kullervo tenta matá-lo algumas vezes, porque tem medo desse jeito dele, mas como Kullervo sempre escapa com a ajuda dos poderes do cão Musti, o tio resolve dar um jeito de mandá-lo para longe. Com a vingança sempre em mente, Kullervo vai acabar tomando decisões (e matando muita gente) que vão levá-lo de volta para o castelo de tio, mas com consequências trágicas para todos.
Para quem é fã de Tolkien e já leu O Silmarillion e/ou Os Filhos de Húrin, esta história tem alguns elementos familiares. O principal deles é que a história de Kullervo foi uma grande inspiração para a história de Túrin, filho de Húrin. Além disso há outros pontos em comum com a obra de Tolkien que são discutidos pela editora Verlyn Flieger no posfácio.
Também temos como posfácio duas versões de um ensaio de Tolkien sobre o Kalevala. Então, ficamos sabendo pelas próprias palavras do autor como o Kalevala exerceu um grande impacto e fascinação sobre ele. Imagine que ele até tentou aprender finlandês para ler no original, pois sentia que a tradução inglesa não era das melhores. Embora ele não tenha conseguido alcançar seu intento, o Kalevala continuou a influenciá-lo a ponto de levá-lo a fazer sua própria versão de Kullervo.
Só falta dizer que, como boa parte das obras de Tolkien, esta também é inacabada. Ele escreveu tudo com detalhes, inclusive com canções, até quase o final. Mas do finalzinho há apenas um esboço com os principais acontecimentos que ele deveria narrar, mas já dá para entender o que o autor pretendia fazer. Enfim, é um livro que serve mais para quem leu e gostou de O Silmarillion e quer conhecer uma das fontes de inspiração de Tolkien.
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