Tamirez | @resenhandosonhos 29/08/2018Inverno NegroVamos começar pelo que já salta ao primeiro olhar, a capa. Pra mim, que sou fã de fantasia nada melhor pra encantar o leitor do que visualizar a magia do mundo que vai adentrar logo de cara. A capa de Inverno Negro é muito bonita e as ilustrações são do Marcus Palla.
A fantasia nacional já tem bons nomes, mas eu estava com o pé atrás pois andei pegando algumas coisas bem fracas pra ler nesse campo ultimamente, e a premissa é aquele velho desenrolar que já vimos em vários outros livros: o garoto que não sabe que tem poderes, descobre que não pertence aquele local e precisa ir pra outro lugar/mundo pra ajudar a salvar alguma coisa. Mas, logo que comecei a ler, vi que a escrita do autor era bastante fluída e nas primeiras 50 páginas já estava completamente imersa na história.
Pra auxiliar Leonan dois personagem são inseridos. Pittson e Samyra são irmãos e são eles que acham Leonan logo que ele chega nesse outro planeta. Em seguida, conforme caminhamos pela história, é possível ver a riqueza do mundo que Stefano criou. Há uma magia, chamada de Éter e onde cada pessoa pode manifestar uma afinidade, podendo assim controlar algum elemento ou interferir com as coisas em outras formas.
“O Éter é a maior substância presente em Agnithi Vergo, este planeta. Quando a gente desprende a mente do primeiro plano, é possível sentir o que acontece no além-natural, que é a outra superfície. O poder do Éter sustenta todas as coisas desde quando o mundo foi criado. Você só precisa senti-lo e aprender a dominá-lo, por isso somos chamados de étereos.”
Onde há magia quase tudo é possível e é ai que vemos as lendas, profecias, passagens secretas, criaturas e várias facetas que o planeta de Agnithi Vergo tem a nos apresentar. Algo muito interessante é que eles acham que o garoto veio do reino dos mortos, já que o tempo se passa diferente nos dois locais e mesmo a irmã do garoto e atual Rainha sendo mais nova, em Starlândia ela tem muito mais idade. A existência da Terra e de suas “peculiaridades” é as vezes mencionada por Leonan, mas ninguém parece entender do que ele está falando.
Há vários momentos nesse livro, portanto não ficamos caminhando lentamente apenas para alcançar um objetivo no final. Isso torna a história dinâmica e prende o leitor, pois sabemos que logo algo mais pode acontecer e redirecionar a história. Assim como há algumas reviravoltas e nem todos são o que parecem.
Mas algo me incomodou bastante e depois da terceira vez que aconteceu, ficou difícil de ignorar. O protagonista, toda vez que entra em disputa com alguém, causa alguma coisa ou libera alguma energia e acaba desmaiando. Na primeira e segunda vez passou batido, porque poderia ser um comportamento normal. Porém, ele desmaia em mais 2 ou 3 ocasiões e é sempre a mesma coisa: ele ficou desacordado por dias, está em outro lugar, cercado por pessoas e ninguém explica totalmente o que se passou. Assim, logo algo novo surge e seguimos em frente na história.
Ficou parecendo que houve uma preguiça de finalizar os arcos que foram criados. Nunca vemos uma cena de batalha ser concluída ou chegamos ao fim verdadeiro de um impasse e isso é bem frustrante. Se o autor de propõe a iniciar uma cena, tem que estar disposto a terminar e não tomar o caminho mais fácil, simplesmente apagando o protagonista e deixando o conflito pra lá, pra começar um novo problema. O artifício pode ser usado uma vez, mas não 4 ou 5. Além do fato que, temporalmente, o protagonista passa mais dias desacordado do que ativamente fazendo alguma coisa no livro.
Outra coisa que normalmente me incomoda nos livros que tem essa proposta do garoto que se descobre poderoso é que ele sempre vai com a maré, onde mandam ele ir ele vai, quando dizem que não podem explicar ele aceita. Leonan felizmente não é totalmente assim, ele é capaz de tomar algumas decisões e por vezes recebe as explicações necessárias pra seguir em frente, mas também é conduzido por uma fé cega em algo que ele nem sequer conhece ou entende.
Dito isso, acredito que a história daqui pra frente deve ter muito o que caminhar e se for aperfeiçoada, pode sim se tornar o que a capa propõe, como uma grande promessa para os fãs de fantasia.
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