Os sertões

Os sertões Euclides da Cunha




Resenhas - Os sertões


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Filino 10/05/2016

Documento, romance, tragédia... uma verdadeira saga brasileira/sertaneja
Desnecessário dizer que se trata de uma das mais importantes obras da literatura brasileira, mesmo porque até mesmo quem nunca a leu já ouviu algo a respeito. Trata-se de um livro extenso não apenas no número de páginas, mas também nos detalhes: a primeira parte, em particular, desce a minúcias relativas ao terreno da peleja (e também sobre o relevo brasileiro), utilizando um linguajar que pode desanimar o leitor não muito afeito a considerações geológicas com um vocabulário do início do século XX.

Vencido esse obstáculo (no que o leitor é ajudado a superar com diversas notas de rodapé que auxiliam um bocado na compreensão do texto), deparamo-nos com uma história riquíssima e extremamente detalhada (o autor cita, até, a formação dos regimentos que se bateram com os sertanejos). Diversos momentos sangrentos e curiosos permeiam o livro. As passagens sobre a vida de Antônio Conselheiro, as origens de sua família, bem como do próprio povo que convivia (e ainda subsiste) num cenário tão adverso como o sertão nordestino chamam bastante a atenção.

Curioso notar que o autor trabalha com categorias que remetem à ciência dos séculos XIX e XX e, hoje, talvez estejam ultrapassadas. Até de "raça" o leitor vê tratar a obra. No entanto, embora isso pareça ser um demérito, não é. Trata-se de um livro escrito numa determinada época, sim, mas isso não o torna "datado", ultrapassado: é um registro e tanto de um episódio sanguinolento da nossa História, que adquire contornos de denúncia sob a pena de Euclides da Cunha, alertando-nos também sobre até que ponto chegam, por exemplo, o messianismo e a histeria política.
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