spoiler visualizarVanessa1409 05/10/2023
Eterna Aborrecência
Ever, o nome da protagonista, já foi um perfeito acerto no alvo, combinando com o título original, em inglês, ?For Ever?, vemos que a jogada da autora teve dois destinos: as flores que Damen lhe mandava com um bilhete ? For Ever | Para Ever ? e a eternidade dos imortais ? Forever | Para Sempre. ? O que dizer sobre isso? Simplesmente perfeito! Astuta e precisa. Os capítulos seguem em linguagem coloquial, elegante em certos pontos, com um bom vocabulário e algumas palavras rebuscadas nas frases certas. Os capítulos são rápidos, com cenas distintas, instigando a leitura. A tecnologia descrita no livro é típica da época em que foi elaborado, o que era o auge da modernidade, citando ?Sidekick? e ?IPod?. Os carros eram os que agora se tornaram clássicos, Miata e BMW. E parece que todo enredo juvenil dos anos 2000 tinha que citar ?O Morro dos Ventos Uivantes?, como se tal literatura tornasse a obra mais inteligente, algo simplesmente inexplicável para mim. Sobre os poderes de Ever, facilitando a vida dos leitores, a autora fez uma lista com as cores das auras e seus respectivos significados. Tal lista é encontrada logo nas primeiras páginas, antes de iniciar os capítulos. Com os toques, Ever não vê a motivação das pessoas, apenas os fatos, as cenas e alguns símbolos, como cartas de Tarot, fazendo com que erre na interpretação de tudo às vezes. Um exemplo foi quando viu um coração partido e entendeu como desilusão. No fim das contas, a pessoa morreu vítima de um infarte fulminante. Tal erro tornou a personagem bem construída, conectada com sua idade, a típica adolescência cheia de lapsos. Muitos termos, símbolos e situações pagãs são citadas, algumas com rápidas e interessantes descrições. Solstício de Inverno, Summerland ? a forma ?wiccana? para Avalon, a dimensão feliz do druidismo ? e outros termos que envolvem a filosofia da antiga religião celta são jogadas no texto, saltando aos nossos olhos e nos fazendo teorizar o que vem para nos deleitar ao longo da série. Para finalizar esta parte da resenha, preciso citar a tatuagem de uróboro que Haven fez no pulso, um símbolo alquímico ? conforme explicado pela autora, nas palavras do personagem Milles: ?Representa vida eterna, a criação a partir da destruição, a vida a partir da morte, a imortalidade, ou algo assim?. ? Um fato realmente interessante essa conexão com a alquimia, sendo que tal símbolo também tem uma representação semelhante em outras ramificações pagãs, como a nórdica, por exemplo, onde a serpente que morde o próprio rabo ? Jörmungarðr ? se torna personagem da destruição no Ragnarök, em que a atual natureza passa pelo fim para que tenha um recomeço. Mas deixemos isso para outra ocasião... E sobre os ?imortais?, bem... a autora é digna de aplausos com essa jogada. Deixando um enorme spoiler aqui: não são vampiros!