Lane 02/10/2012Lover MineDurante um bom tempo eu resisti para ler este livro. Se me recordo quem me indicou, foi uma amiga que depois de saber que sou louca pela saga Crepúsculo, me disse que era a melhor série sobre o tema vampiros que existia e que era pra eu começar a ler pelo 8° livro para que não ficasse perdida. Bem, o fato é que eu fiquei perdida quase que toda a leitura do livro =(
WoW – é a expressão chave que define o livro.
A história é um conjunto de acontecimentos do tempo no passado mesclando o tempo no momento presente.
Como sou muito analítica, achei o universo criado pela autora JR Ward bem complexo, porém envolvente. A autora se abre através de seus personagens, expondo seus pontos de vistas sob vários ângulos, conseguindo deixar o leitor na expectativa para os próximos livros.
Sua escrita é atrevida e contemporânea, com descrições detalhadas de momentos de terror, ação, humor e sexo. Vou me reservar a fazer um julgamento preciso sobre sua escrita futuramente, todavia no momento eu a achei inconsistente e que falta um pouco de esmero.
Não tenho restrições com termos de baixo calão, contudo existe uma linha tênue entre o vulgar e o brega que pode tornar a escrita de um autor deselegante.
No entanto achei a história engenhosa e seus os personagens multifacetados com características bem reais apesar de serem seres paranormais. Eles são bem interessantes e captaram a minha atenção com os seus problemas que posso afirmar sem medo de errar são bem reais.
O enredo é complicado com várias revelações, muitos conflitos velhos e novos, uma variedade de personagens secundários com diversos pontos de vista, que em alguns momentos acabam ofuscando a história principal.
Enquanto eu mantinha meu interesse no desenvolvimento de uma história, os próximos capítulos eram sobre histórias paralelas, permitindo que eu me esquecesse daquela história e só após vários capítulos retornavam praquela história. Isto me deixava perguntando o que estava acontecendo e eu tive que retornar na leitura várias vezes para lembrar sobre em que ponto estava àquela história. Achei isso chatíssimo e que me nada contribuiu... Enfim, não gostei.
A história de Lover Mine gira em torno de John Mattew, Xhex, Qhuin, Blay, Payne, Lash, Darius, Gregg e POV [Point of View = ponto de vista], de Tohrment e R.I.P. [não entendi (?) o porquê deste último].
A Irmandade da Adaga Negra [IAN] é um grupo de vampiros guerreiros envolvidos numa guerra contra os lessers.
A história principal deste livro é o romance nada convencional entre Xhex e John.
John é um vampiro guerreiro puro sangue que faz parte da IAN, na verdade John é um daqueles homens grandes que calçam tam. 44, forte, másculo, encurtando: aquele “TudodiBom”. E ele ainda é calmo, atraente, bondoso e obcecado pela Xhex.
Xhex é metade vampiro e metade sympath [um tipo de vampiro emocional que pode entrar na mente das pessoas e manipulá-las], ela tem cabelos curtos e um jeitão todo masculino.
Xhex não é qualquer mulher, ela não quer ser protegida e ela não é o tipo que se faz de fraca, ela é uma assassina e não consegue lutar contra pelo que ela sente pelo John.
O romance entre ela e John é confuso, há muitos obstáculos que eles precisam ser superarados, a ligação sexual dos dois é perfeita, mas há problemas na conexão emocional.
Xhex esta desaparecida porque foi seqüestrada por Lash, o Forelesser filho do Omega, líder da Sociedade Lessing e a IAN esta voltada para tentar resgatar Xhex e John mais ainda. Ele está convencido que tem que ficar com ela.
Todos na IAN ficam surpresos com o envolvimento de John em descobrir o paradeiro de Xhex, mas ninguém sabe que ele é um macho vinculado, nem mesmo a Xhex.
Por causa da sua necessidade absoluta pela Xhex, John tenta esconder dos irmãos devido à força tarefa e em razão disto ele quase entra em parafuso, se privando de sono, e encontrando uma fuga no álcool. Seu desespero se torna tão grande que ele acaba fazendo uma tatuagem com nome dela no idioma antigo no mesmo local onde os machos tatuam o nome de suas shellans na cerimônia de acasalamento.
Xhex é seqüestrada, torturada e estuprada por Lash, o lesser traficante de drogas em Caldwell/ Nova Iorque.
O que Lash faz com ela é horrível, ele não só quer quebrá-la fisicamente, como também quer domar seu espírito.
Ele prende Xhex num campo de força criado por ele mesmo, onde ela fica invisível pro mundo externo e ele é o único que pode ver e tocar nela. As coisas, entretanto mudam e Lash desenvolve um sentimento deformado por Xhex e acaba ficando obcecado por ela. Ele quer que o seu pai a transforme em lesser, porque acredita que tem que se alimentar do sangue dela que nem os vampiros puro sangue, tornando-a seu servo sexual e com isto ele pensa que acabará ficando mais forte.
Por causa dos seus devaneios seu pai, o Omega percebe sua loucura e Lash acaba caindo em desgraça com ele.
Confesso que as cenas com o Lash me deixaram com sentimentos contraditórios por ele. A autora descreveu seu lado interno com tanta maestria que desejei que ele encontrasse seu caminho de salvação/rendição na trama.
Porém o toque de maldade que emana deste personagem fica evidente que Lash é o mal encarnado. Depois de perder sua posição de forelesser, ele quer matar dois coelhos com uma cajadada e só e se tornar líder absoluto de tudo e ainda ficar com a Xhex. É dele as cenas que me fizeram revirar o estomago.
Mas como eixo principal da história é o romance entre John e Xhex, que ela apesar de todo sofrimento e de viver o inferno nas mãos de Lash, consegue fugir do cativeiro e por causa disso quase morre. Ela consegue sobreviver graças a John que a encontra.
O inicio dos dois é ruim, mas John pensa que vale a pena ficar com Xhex e investe tudo que tem para alcançar seu objetivo.
Xhex, assim como John tem vários traumas do passado: John porque foi criado num orfanato por humanos e abusado sexualmente na adolescência e Xhex que também foi abandonada, maltratada pelos humanos e sofreu humilhações da sua própria espécie e dos vampiros e mais precisamente seu pior temor, o medo de se envolver com alguém e ser rejeitada como ela foi quando se envolveu com Muhrder.
John e Xhex são dois fodidos! *desculpem pelo termo*
No entanto, inicialmente a Xhex tinha ganhado a minha admiração, mas depois eu acabei me frustrando com ela. A sua determinação que me impressionou tanto quando ela queria fugir de Lash se tornou descabida quando ela se preocupa mais com a vingança contra Lash que com os sentimentos de John. Ele salvou a vida dela e depois ela simplesmente recusa John.
A autora transmite através desta personagem que ser feminina é ser fraca e Xhex que tanto se queixa das coisas de meninas, acaba agindo como uma menina e não como uma mulher de verdade. Porque uma mulher de verdade jamais deixaria seu medo prevalecer.
Xhex e John não são um casal piegas, eles têm uma relação estranha, porém a história seguiu sua proposta e eu gostei muito do que foi revelado no final. Nada faz sentido quando somente uma pessoa assume os riscos da relação.
John é mudo e Xhex consegue entender ele com seu lado sympath. Onde ele é duro, ela é suave e onde ela dura, ele é suave. O final dos dois eu achei espetacular, e isto me faz dar os créditos para a autora.
Mas a história continua além do romance de John e Xhex, ela começa com um prólogo sobre o passado de Darius – vampiro guerreiro que está morto no tempo presente – e as suas narrações são com o Tohrment – que também aparece no tempo presente -. Depois que Darius viu que o pai de sangue abusava e maltratava de Tohrment, resolve adotá-lo. Eles se tornam parceiros e recebem a tarefa de encontrar uma jovem da glymera seqüestrada por um vampiro sympath. A jovem é resgatada, porém ela está grávida do sympath.
Rejeitada por sua família, Darius entende que é sua responsabilidade cuidar da moça e da criança. Após ter o bebe a mãe se suicida e Darius entrega a criança para uma família de vampiros cuidarem.
As narrativas sobre o passado e o presente são importantíssimas, tudo tem um propósito e uma razão que só no final o leitor terá uma explicação.
Tohrment tem somente um POV na trama, os elementos inseridos de início eu não havia compreendido direito, porém depois dos resultados extraídos, eles foram justificados e as explicações contribuíram dando importância para as suas lembranças.
Ele e John possuem uma relação quebrada que ligeiramente é consertada e restaurada na história.
Blay e Qhuin são dois “abusos” de puros músculos [entenda-se aqui “tudodibom”]. Eles têm uma relação que de inicio eu não tinha entendido bem. Os dois são melhores amigos que evoluíram para uma relação amorosa. Acontece que Qhuin, por ter uma falha física é membro da glymera e devido a este problema ele carrega traumas dentro de si que o impede de assumir a relação homossexual com Blay.
Apesar de todos os músculos que tem, Qhuin é um covarde que quer levar o Blay em banho maria, o que é uma grande estupidez de sua parte. Blay é um cavaleiro guerreiro - eu me encantei com ele -, entretanto a relação dos dois sofre um golpe quando Saxton entra na trama e logo se inicia um triângulo amoroso.
Qhuin não é só covarde com o Blay, ele literalmente “empurra com a barriga” a Layla, uma escolhida que tem a função de alimentar e servir os vampiros da IAN.
A Layla é uma mulher linda que sente uma imensa vontade de se sentir mulher e experimentar as delicias do sexo.
*Contra os desejos da Layla, nada tenho contra, não obstante eu notei que a autora sugeriu através desta personagem e das demais personagens femininas dentro da história que as mulheres representam algo sem valor algum a não ser para servir de “comida” para os homens. Baseio a minha opinião depois que ela eclipsou a personagem principal deste livro, a Xhex. Sei que a serie consiste para aclarar o sexo masculino, porém percebo um conceito diferente sobre os homens. Gosto de ler sobre personagens femininos/masculinos com personalidade, contudo notei que a série tem uma estrutura de homens másculos e violentos, seria esta a definição da autora sobre os homens?
Payne foi minha personagem predileta na trama, ela é filha da Virgem Escriba, a criadora da raça dos vampiros. Ela odeia a mãe porque deseja viver uma vida real do outro lado e a mãe não permite. Cansada do seu cotidiano - ela treina luta com Wrath o rei cego da IAN- Payne consegue ir para o outro lado após derrubar o rei em luta (ela derrubou o rei fodão lutando contra ele \o/).
Outra história paralela que só reforçou minha impressão pela forma como a autora trata o sexo feminino foi sobre a história de Mudher. Ela é narrada através de Gregg, um humano produtor de um programa sobre fantasmas.
Gregg interessado em descobrir sobre o fantasma – neste caso o fantasma de Mudher – hospeda-se com sua equipe num hotel assombrado, que é o local onde Mudher mora. Holly é a apresentadora deste programa. Ela é loira e linda, com seios grandes, o perfil de mulher objeto. Depois que Mudher “atacou” a Holly, Gregg que até então mantinha um relacionamento casual com ela sem nenhum interesse profundo, percebe que ela é uma mulher inteligente e apaixonada por ele.
Sinceramente? Não entendi o sentido desta história dentro da trama, assim como também não entendi o POV de RIP, o tatuador que fez a tatuagem do John.
Talvez a série tenha mais a oferecer em outros livros, não digo que não gostei, porque achei a história de Lover Mine interessante. Alguns pontos ficaram sem sentido pra mim, algumas coisas não concordei com a concepção distorcida de algumas definições [machos másculos que transam que nem coelhos, fobias e traumas sendo superados rápidos demais], mas não posso dizer que o livro me entediou, entretanto não fiquei cativada e não sei se lerei outros livros futuramente.
Avaliei com 3 estrelas