O Mercador de Veneza

O Mercador de Veneza William Shakespeare




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Rafael.Montoito 17/04/2023

Judeus versus cristãos
Nesta, que é uma das mais conhecidas comédias de Shakespeare, não faltam romance e discussões religiosas e éticas. A peça também apresenta um panorama de como eram o comércio e as negociações na época renascentista.
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O mercador ao qual o nome alude é o cristão Antônio, a quem Bassânio, seu amigo, recorre para pedir uma volumosa quantia de dinheiro emprestado, pois precisa ir até Belmonte cortejar a mulher que ama, Pórcia. Ela, por sua vez, recebe pretendentes de forma constante mas, segundo desejo expresso de seu pai, só poderá se casar com aquele que escolher o porta-joias certo entre três possibilidades: um feito de ouro, outro feito de prata e, ou último, de chumbo. Assim, Bassânio precisa, além de conquistar a moça, contar com a sorte.
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Acontece que Antônio tem sua fortuna toda aplicada em transações comerciais e marítimas e, para não deixar seu amigo na mão, recorre a Shylock, um judeu - na Veneza da época, cristãos e judeus não se davam bem: ambos eram comerciantes, porém os judeus eram vistos com um certo desprezo e lhes eram negados alguns círculos sociais. Shylock empresta a quantia de que Bassânio precisa e, por via de uma promissória, Antônio promete deixá-lo arrancar uma libra de sua carne, caso não pague a dívida contraída no tempo justo.
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Se a sorte sorri a Bassânio, que consegue escolher o porta-joias certo e conquistar o coração de Pórcia, grunhe para Antônio: seus navios naufragam ou são roubados e, por ficar sem suas riquezas e não ter como honrar sua dívida, Shylock se vê autorizado a tirar-lhe um naco de carne - tal contenda vai parar nos tribunais de Veneza. O ódio de Shylock pelos cristãos aumenta ainda mais quando descobre que sua filha, Jéssica, fugiu com Lorenzo, cristão que também era amigo de Bassânio e Antônio.
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Mas, no momento do julgamento, o judeu tem que enfrentar a retórica do Doutor Baltazar, que não é quem dizia ser.
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A peça traz à tona questões éticas interessantes, como com relação ao perdão e à vingança, o que de fato tem valor, e a palavra empenhada (tanto no caso da dívida assinada quanto na promessa que Bassânio e Graciano fazem às suas amadas, Pórcia e Nerissa, de nunca tirarem das mãos os anéis com os quais lhes presenteiam), ainda que algumas cenas ou diálogos deem a impressão de que poderiam ser removidos do texto sem causar nenhuma falta, bem como o excesso de personagens secundários que compõem o séquito das personagens principais.
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Por outro lado, talvez esta seja uma das peças de Shakespeare que inverte o modo costumeiro como as mulheres eram vistas na época vitoriana pois, nessa, elas são mais sagazes que os homens.
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