fernandaugusta 25/05/2024A indomável Sofia - @sabe.aquele.livroSofia Stanton-Lacy é uma dama fora do comum. Ao perder a mãe ainda criança, foi criada pelo pai de rédea solta. Sir Horace é diplomata e, ao invés de deixar Sophy aos cuidados de uma governanta, a levou em todas as suas viagens. Assim, Sofia viveu em outros países, em meio a militares e condições consideradas impróprias para a sociedade inglesa da época.
Suas habilidades incluem cavalgar cavalos ariscos, conduzir carruagens enormes e atirar. Sua franqueza chega à impertinência.
É esta moça que Sir Horace deixa aos cuidados da irmã, a sensível Lady Ombersley, ao embarcar para o Brasil sem previsão de volta. Os Ombersley, família numerosa, vivem em dificuldades financeiras devido ao vício do Lorde em jogos. O filho mais velho, Charles Rivenhall, herdou uma fortuna de um tio-avô e pressionou o pai a dar a ele o controle da casa. Sua austeridade chega às raias da tirania, o que o faz ser temido pelos irmãos e até pela mãe. Não ajuda o fato de ter noivado com uma das moças mais insípidas e moralistas de Londres, a decorosa Srta. Wraxton.
Basta Sophy chegar para o caos se estabelecer na ordeira casa de Ombersley...
E assim temos um romance de época "inimigos a amantes", com muita briga e, infelizmente, a meu ver, pouca química. A publicação é de 1950, então temos algo como uma comédia romântica em torno das estripulias de Sophy, com zero cenas hot ou demonstrações de afeto que não sejam provocações entre o casal. Além disso, a Srta. Wraxton faz de tudo para abafar a influência de Sophy.
Tenho dificuldades em simpatizar com protagonistas como Sophy. De personalidade exuberante e completamente autocentrada, ela faz o que lhe dá na telha a hora que quer e se mete em absolutamente tudo - noivados, cavalos, dívidas, agiotas, tiros e fugas. Chega a ser cansativo acompanhar, porque Sophy nunca leva em consideração a opinião de ninguém, nem as pessoas diretamente envolvidas. Ela se mete, faz o que julga melhor e pronto. De indomável a insuportável em questão de poucas páginas.
Tem partes engraçadas e divertidas, mas a escrita dá voltas em torno de fofocas e mal-entendidos até as últimas páginas. Tudo se resolve em poucas linhas, com compromissos e noivas mudando de mão, em atos que sabemos que seriam pouco verossímeis na rígida sociedade londrina naquele tempo.
Enfim, para quem gosta da escrita de Jane Austen, com páginas e mais páginas de nada acontecendo, talvez Georgette Heyer seja uma boa pedida. Pra mim, não funcionou muito, apesar de não ser um flop completo.