Beatriz 24/02/2016Uma historia de decepção,
A pessoa que vos escreve tem desde algum tempo uma historia de amor e fascínio por sereias, paixão mesmo. Quando vi que ia sair esse livro eu fiquei muito animada, a capa era linda e a sinopse era interessante. Vamos lá.
Acontece que na primeira pagina a decepção começou a rondar, tudo começou muito simplório demais, meio bobo demais. E eis que cheguei a mais ou menos 40% e eu NÃO. AGUENTEI. MAIS
E vou te contar porque:
No principio temos Kahlen uma jovem de 19 anos que teve sua vida entregue a Água, ok tudo bem, eu poderia aguentar os primeiros diálogos totalmente mal escritos e mal aprofundados. Eu poderia fingir que a escritora tinha passado por cima de coisas tão importantes quanto a fisionomia e ação das sereias em sua primeira aparição no livro. Sim eu podia.
Mas só foi se repetindo os padrões.
Até aonde eu li, Kahlen não tinha uma personalidade bem desenvolvida e apresentada. Ela era a tipica personagem-de-livro-criada-para-agradar-leitores. Aquelas que amam ler, mas só. Se sentem melhor sozinha e são meio introspectiva, apesar de serem bonitas gentis amáveis etc. E apesar de ter quase 100 anos de idade é extremamente infantil e meio tapada, o que acho que foi meio esperado ter um romancezinho tão WHAT?
Kahlen tem um sério problema com seus sentimentos. A síndrome de Estocolmo que sente pela Água é meio irritante. Ela é uma sereia que canta para afundar navios e matar pessoas, isso é legal é uma ótima releitura. Mas Kiera não desenvolveu nada bem, há 80 anos Kahlen mata pessoas bebes e crianças e tem a psicótica e doente mania de ANOTAR TODOS OS NOMES E PERFIL DE GENTE QUE MATOU. Hello Bella Swan feat Dexter. Outra coisa sem sentido foi que ela alem dessa coisa de caderneta/obituário de suas vitimas é que ela tem pesadelos horríveis com eles. Isso não seria estranho se ela precisasse dormir, mas sereias de Kiera Cass não precisam comer ou dormir, logo Kahlen não precisava dormir mas dormia pra ter pesadelos com pessoas mortas que ela matou mas não queria ter matado, mas gosta muito de lembrar que matou.
"Era como se saber mais sobre a vida do que sobre a morte deles tornasse as coisas melhores de alguma forma. (...) Minha meta hoje era Warner Thomas, o penúltimo da lista de passageiros do Arcatia. (...) Havia milhares de pessoas com o mesmo nome, mas assim que descobri todos os perfis de redes sociais que pararam de postar de repente seis meses antes, tive certeza de que era ele. (...) Quase ri. A expressão dele em todas as fotos que encontrei me fazia pensar que ele nunca tinha exclamado nada na vida."
A parte de mitologia e anatomia dos seres, se eu dissesse que me deixou puta da cara, é um eufemismo. As sereias simplesmente não tem CAUDA. A Água, que achei muito interessante ser tratada como uma entidade, transforma sal em VESTIDOS DE BAILE ou invés de caudas. Serio, eu reli a parte umas 10 vezes de tão desacreditada que estava.Me deem logo um tiro.
"— Uhuuuu! — Elizabeth comemorou quando mergulhamos mais fundo e partimos. A velocidade arrancou suas roupas leves e ela abriu os braços para esperar seu vestido de sereia, o cabelo dançando atrás do corpo. Quando nos movíamos desse jeito, qualquer veste terrena que usássemos se esvaía. A Água abria Suas veias e liberava milhares de partículas de sal que se fixavam no nosso corpo para criar vestidos longos, delicados e esvoaçantes. "
A mitologia era quase uma piada, no MUNDO INTEIRO, com uma entidade em formato de elemento da natureza que cobre mais de 2% da terra. Só tem 2 ou 3 sereias ao mesmo tempo. Explicações e sentido para qualquer coisa magica foi nula quanto eu lia. Kahlen vive numa casa com mais duas "irmãs", em Miami.
O romance estava no começo quando eu abandonei, e o que eu li eu quase me esquecia que eram duas pessoas na faculdade sendo uma mulher de quase 100 anos. Simplesmente não fez sentido, não teve aquele flerte que você sente atração. A escritora junto duas pessoas meio sem personalidade aparente, um menino tagarela pra diabo e uma muda boba alegre. Ambos trocando mensagens de whatsapp cheio de emojis com carinhas felizes.
"Primeiro: ele era tão, mas tão fofo! Segundo: ele me mandou uma foto! Um garoto havia tirado uma foto só pra mim, e senti como se aquilo fosse mais importante do que qualquer coisa que tinha vivido no último século."
"Carinhas felizes. Ele mandava várias. Se viessem de qualquer outra pessoa, seriam ridículas, mas eu tinha certeza de que, se ele mandava uma, era porque estava sorrindo de verdade."
O romance acontece entre o menino tagarela e a muda, pois a voz dela é tão bela e hipnótica que ela não pode falar com humanos, então passa todo os diálogos escrevendo em papel e entregando a ele. Gostaria de dizer que um dia eu li uma FANFIC sobre sereias aonde elas não falavam também, e a escritora da FANFIC soube explorar caras, boas e movimentos tão bem que eu simplesmente tive pena de Kahlen e seus bloquinhos.
Acho que eu posso ter subestimado um livro infanto juvenil, mas levando em conta a idade da personagem eu acho que foi só muito ridículo mesmo. Ou talvez depois que eu tenha lido as sereias de A Menina Submersa eu tenha elevado meus padrões de mistérios com sereias. Não sei. No fim o livro não me ensinou nada, não passou nenhuma mensagem e eu não tive a minima curiosidade de terminar a leitura. Mas essa são as minhas impressões.
site:
https://aquimerablog.wordpress.com/2016/02/24/abandonei-mesmo-a-sereia-kiera-cass/