Manoela 17/03/2011Os 13 PorquêsQuando descobri pela resenha aí de baixo que as fitas da Hannah existiam no site do autor, corri pra lá antes mesmo de começar a fazer a minha resenha. Não poderia deixar de ouvir depois de ter terminado um livro que me fez ficar colada nele até o fim. Diferente de outras pessoas, o livro me sugou e a história dele não saiu da minha cabeça quando tive que parar para dormir. Resumindo: comecei num dia, acabei no outro.
Clay Jensen encontra, na entrada de sua casa, uma caixa de sapatos sem remetente. Dentro, sete fitas cassete, numeradas de cada lado. O áudio? O “bilhete de suicídio às avessas” de sua amiga (e paixão, por certo tempo) Hannah Baker. Ela gravara aquelas fitas especificamente para as pessoas que, segundo sua visão, a influenciaram a cometer o suicídio, pessoas que a ridicularizaram e criaram boatos sobre ela na escola, que não a ajudaram quando mais precisava. Clay está na lista. Mas não sabe o motivo já que julgava nunca ter feito nada para machucar Hannah justamente porque gostava muito dela. Quando eu ouvi a voz da garota que narra as fitas no site, me arrepiei e não pude deixar de me sentir como ele.
A partir daí, Clay começa a seguir a rota de Hannah, acompanhando-a nos lugares onde esteve, imaginando-a e revivendo seus sentimentos.
Este é o primeiro livro de Jay Asher e ele mandou bem logo de primeira. O inicio do livro é uma coisa tensa: Clay não sabe o motivo de ter recebido a caixa com as fitas, não sabe qual delas fala sobre ele, não sabe quem já as ouviu e quem sabe segredos que ele próprio não sabe. Ele sente medo, angustia por ouvir novamente a voz de Hannah, sente-se culpado e teme que descubram o que ele está ouvindo. Essa tensão se perde um pouco em alguns momentos do livro, mas muitas vezes levei sustos, fiquei nervosa e me pegava com as mesmas emoções de Clay. O livro te prende justamente pela curiosidade de saber quem será o próximo e qual sua contribuição para a decisão final de Hannah.
A narrativa é conjunta. Hannah está constantemente narrando os acontecimentos de sua vida, seguidos sempre das reações de Clay enquanto perambula pelas estradas ouvindo-a nos fones de um walkman; algumas são reações bem extremas.
Lembrei de muitas coisas lendo o livro. As histórias de terror do King, mesmo que não as tenha lido ainda, porque estava sempre com aquela sensação de que algo, qualquer coisa ruim, estava para acontecer a qualquer momento. Lembrei das narrativas de Harlan Coben, pelo modo como todas as histórias se cruzam, se entrelaçam e tornam-se dependentes. As histórias, os ’13 porquês’ são peças de um quebra-cabeça que, observando somente uma parte, não faz sentido; é preciso ouvir tudo, juntar todas as partes para entender o sentido final, a razão do suicídio de Hannah.
O tema é forte, o texto é um tanto forte, mas é sempre preciso falar sobre eles. Pelo que vi por aí, o livro mudou a percepção de muita gente, pois nos faz perceber que tudo que fazemos afeta o outro de alguma forma, boa ou ruim. Aquela célebre frase de Chaplin não saía da minha mente enquanto eu lia o livro, mesmo que a mensagem dela seja positiva e o livro mostre que nossas ações podem ser desastrosas.