Matheus 26/05/2024
Engraçadinho.
Como eu já havia dito em outro comentário, eu não sabia que Graciliano escrevia histórias infantis. Meu único (e incompleto) contato com suas obras foi quando eu quase terminei "Vidas secas". Na época, minha rotina estava uma loucura e eu não consegui me conectar com o livro. Na verdade eu não estava lendo nada naquele momento.
Mas enfim.
Esse aqui tem uma história curiosa, desse menino com um olho azul e o outro preto, e uma careca. Ele sofre na escola e na rua onde mora, já que as outras crianças tiram sarro dele por sua aparência. Uma aparência muito diferente, aliás. Até o belo dia em que ele sobe o morro atrás do seu quintal e vai parar em um país diferente com um nome diferente que agora não me lembro.
É bem bonito ver como ele se finge de desentendido e se deixa levar pelo próprio devaneio. Uma mistura entre brincadeira de faz-de-conta e fuga da realidade que, de mal gosto, brinca com a sua aparência. Afinal, todo mundo nesse país estranho convenientemente tem a mesma aparência que ele.
Lá, os rios se abrem para que você os atravesse e se fecham depois que você passa. As árvores de laranja, que não têm espinhos, oferecem elas mesmas um fruto pra você. As cigarras não voam e nem cantam, elas flutuam sobre discos de vinil voadores (muito irônica a comparação que Graciliano fez desses animais com o objeto kkkk). Nesse país estranho (eu realmente deveria ter guardado o nome, perdão) não existe noite, o Sol simplesmente fica lá parado. As pessoas não envelhecem, são eternas crianças, e tiram soneca sob a sombra das árvores.
É tudo muito bonitinho e encantador, e foi isso o que mais me encantou nessa história. Porém, apesar das qualidades, às vezes o texto parece confuso, como se ele se perdesse na cabeça do menino protagonista. Se isso foi intencional da parte de Graciliano, foi genial, mas eu não curti tanto.
De qualquer forma, recomendo muito a leitura. É bem curta e gostosa.