Coruja 09/07/2012Todo mundo já deve saber a essas alturas que Persuasão é meu romance favorito dos escritos por Jane Austen – se é para suspirar por algum mocinho, que ele use dragonas e tenha ar de pirata. Wentworth é meu herói favorito e é claro que eu estava ansiosa por chegar nesse volume.
A história começa bem antes da narrativa oficial de Persuasão, com aqueles famosos (e dolorosos) eventos de ‘oito anos atrás’, quando tudo começou entre a jovem Anne e o recém nomeado capitão Frederick.
Sempre admirei Wentworth porque ele é um homem que veio do nada, sem qualquer fortuna ou ligações, e que cresceu por seu próprio esforço e mérito – sem, contudo, perder de vista o que era realmente importante. Se por vezes ele pode parecer um pouco arrogante e até cruel, devemos levar em consideração o desapontamento que ele sofreu quando Anne terminou o noivado entre eles – uma ferida que nunca cicatrizou, a despeito da distância e do tempo, que só pode ser esquecida de verdade diante da renovada admiração e reabertura das possibilidades entre os dois.
Já expus extensamente sobre o assunto do Capitão quando fiz a análise do livro de Austen. Sendo assim, vamos logo ao que interessa hoje.
Embora eu não diga que Captain Wentworth’s Diary seja ruim, sinto que falta a ele alguma coisa para que você acredite estar diante do verdadeiro capitão. Gosto da forma como a Grange escreve e o livro teve seus bons momentos, mas volta e meia eu me pegava surpresa com a imaturidade do Wentworth que ela escreve.
Frederick é um homem ferido, sim, mas nunca um moleque mimado e imaturo – e é dessa forma que ele soa em alguns momentos, especialmente no começo.
Sempre acreditei que Frederick e Anne eram dos casais mais passionais da tia Jane, mas que o amor deles começara de forma quase... espiritual, um verdadeiro encontro de mentes e almas. E não é isso que acontece aqui, a ligação inicial entre os dois não me convenceu de todo e Wentworth parece deixar Anne mais com o ego que o coração partido.
A narrativa melhora uma vez que chegamos ao reencontro ‘oito anos depois’. Temos então o capitão mais maduro, mais crível, mais próximo da voz com que Austen originalmente o dotou. E é claro que não há como não se derreter a partir do momento em que ele decide que seu objetivo deve ser reconquistar Anne (para então descobrir que, de fato, nunca a perdeu).
Eu me diverti mais lendo Mr. Knightley’s Diary, não vou negar. Mas ainda assim, este volume da série que a Grange escreve com os diários dos heróis austenianos é uma leitura agradável para uma sessão da tarde.
(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)