W4nderson 02/06/2024
Os miseráveis
"Pobres daqueles que só amam corpos, formas e aparências. A morte levará tudo deles. Procure amar almas, você as encontrará de novo."
Victor Hugo, célebre autor francês, explora em sua obra "Os miseráveis" diversos segmentos sociais que, apesar de serem retratados com base na percepção do autor no século XIX, mostram-se perenes.
Seria incorreto, por minha parte, tentar descrever em meras palavras como esse livro toca no âmago do leitor, tendo em vista que a acepção da narrativa incide de forma diferente em cada pessoa e, provavelmente, mudará com a realização de releituras ao longo da vida.
Jean Valjean é um personagem humano, com seus defeitos evidentes, mas com virtudes extremamente raras, dado o contexto social atual em que vivo. Quem se entregaria após anos encarcerado, depois de ter reconstruído a vida do absoluto zero, estando confortável financeiramente e socialmente, com o único intuído de fazer o certo e impedir que outro seja responsabilizado pelos seus erros? Quem, sendo digno de mérito e bajulação pelos seus feitos, não dissertaria sobre estes? Quem, estando diante de escolhas que envolvem não somente o seu próprio destino, mas também o bem-estar alheio, escolheria fazer o certo e não aquilo que supriria seus próprios desejos? A resposta pode parecer óbvia, e de fato é, entretanto, não condiz com aquilo que notoriamente é observado no corpo social.
Em "Os miseráveis" há um desenvolvimento lento da narrativa, com linguagem rebuscada e, em alguns momentos, entediante, uma vez que o foco não é a história em si, mas sim a mensagem que ela transmite. Dessa forma, é possível notar que cada página foi elaborada para conectar os eventos às situações sociais dos personagens presentes e revelar uma ferida social.
Não se pode falecer antes de se debruçar sobre esses escritos de Victor Hugo, afinal de contas, como o próprio diz: morrer não é nada, horrível é não viver.